quarta-feira, 30 de outubro de 2013 0 comentários

EU-Livro


Minha vida é um livro de 'falhas' em branco.
Nelas, escrevo o que quiser. No tempo certo.
Nem sempre há inspiração ou tempo santo,
Nem sempre esse livro pode ser aberto...

A história que escrevo vai e vem, sem fim.
Reescrita, não vive presa como um refém.
Acredita: mudo-a todo tempo, não só por mim,
Mas por você, que me lê assim, sempre além.

Sou autor da minha história e você, leitora,
Viveu-morreu dentro de mim, tão sonhadora.
Virou lenda, mito, texto de domínio público.

Minha editora, revisora, ghost writer, crítica,
Não me permitiu uma segunda edição, lícita.
Decidi pelo copy left: download livre e súbito.

(Guilherme Ramos, 30/10/013, 23h24.)

Imagem: Google.
terça-feira, 29 de outubro de 2013 0 comentários

Prazer


Era pra ser apenas eu, você e o prazer. Prazer de ter alguém nos momentos de menos auto-suficiência. Prazer carnal (e coisa e tal). Prazer de ter alguém ao lado, dar boas risadas juntos, beber – quem sabe – uma cerveja, uma vodka ou mesmo um vinho. Prazer de assistir a um filme, falar do dia de trabalho, dos filhos. Prazer de viajar, mesmo sem saber direito o caminho ou para onde ir. Prazer. De sermos nós mesmos. Sem máscaras. Sem mentiras. Sem joguinhos.

Prazer era um ter o outro. Sem sufoco. Prazer era saber viver. Sem o outro. Prazer era se ter. Com o outro. Sem o outro. Mas saber: cada um carregava a pena e o chumbo de compartilhar sentimentos. Prazer era tocar a pele. Prazer era beijar a boca. Prazer era ficar bem coladinho. Com – ou sem – roupa. Prazer era uma confusão no juízo. Prazer era nem ter juízo. Prazer era enviar SMS, e-mail, postagem no Facebook e telefonar. Pra dizer a mesma coisa. Que se tinha prazer. Em conhecer. Alguém como o outro.

Prazer era perder a noção do tempo. Prazer era voltar no tempo. Prazer era saber: não se podia perder – mais – tempo. Prazer era estar cansado de um dia tortuoso e, mesmo assim, guiar o carro até a casa do outro. Prazer era não ter onde estacionar e, mesmo assim, arriscar uma multa. Prazer era ter sorte e não ser multado pela contramão de sentimentos recíprocos. Prazer era inventar essa história “cabeluda” só pra divertir o outro. Prazer era tanta coisa e quase nada. Prazer era varar a madrugada, escrevendo – por puro prazer – poesia e música para a pessoa amada.

Prazer era. Mas dizem que deixou de ser. Prazer foi. Não se pode crer. Basta lembrar – com prazer – o que ainda está por vir. Prazer é isso: mais do que um monte de coisas, cheiros, momentos, ausências, presenças, conseqüências. Saudades. Prazer é “parabéns pra você”. Prazer é urso de pelúcia. Prazer é champanhe barato, nunca aberto, por falta do que fazer. Prazer é vinho tinto, seco, tomado como se fosse suave, tamanho era o prazer.

Prazer é insistir. Acreditar. Sonhar.

(Re)Começar. (Re)Encontrar. (Re)Viver.

Sem parar.

Eu não paro.

Não pare também.

Não se permita esquecer.


(Guilherme Ramos, 29/10/2013, 1h16. Inspiração na VI Bienal Internacional do Livro de Alagoas. Agora, acho que já posso dormir... Porque daqui a pouco... Tem trabalho! Rssssss...)

Imagem: Google.
quarta-feira, 23 de outubro de 2013 0 comentários

Crença


Porque é preciso acreditar no sonho
Até nele se perder...
E não deixá-lo ficar "medonho"
Quando a realidade amanhecer...

(Guilherme Ramos, 23/10/2013, 21h23.)

Imagem: Google.
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Nada


A poesia não me leva a nada.
Só o coração. Só ao coração.
O coração da pessoa amada.
A poesia não me leva nada.
Só me deixa em claro...
... em meio à escuridão.

(Guilherme Ramos, 23/10/2013, 20h05.)
quinta-feira, 17 de outubro de 2013 0 comentários

Conceitos


Pequeno gigante. Era assim que ela me chamava. Também chamava de meu amor, amor, amore, meu bem, minha vida... Chamava de palavras incompreensíveis, palavras impronunciáveis, palavras que não eram palavras, eram gestos linguísticos. A língua que falávamos era ininteligível – para os outros. Mas para nós... Ah! Era doce como hidromel; salutar como um bálsamo e mais poderosa que a pena de Shakespeare: encantava até mesmo sem inspiração. Corria em nossas veias como notas de uma canção. Era a língua mútua do sentimento que partilhávamos. Não era amor. Ainda. Amor se constrói. Juntos. Mas havia de ser.

[continua...]

(Guilherme Ramos, 16/10/13, 1h21.)

Imagem: Google.
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Acontecimentos


Ninguém sabe de minha glória ou desgraça,
Não tão bem quanto eu sei. Simples assim.
Se isso ou aquilo acontece - ou me aborrece,
Será melhor. Ou pior. Mas será só para mim.

(Guilherme Ramos, qualquer noite dessas, qualquer hora daquelas...)

Imagem: Google.
segunda-feira, 7 de outubro de 2013 0 comentários

Guerra em Paz


Poesia e sangue. É assim que funciona comigo.
Violenta aproximação, sanguinolenta violação,
Suspiros, lágrimas e palavras soltas, meu amigo.
Nessa loucura sem rédeas, pouco resta de coração.

Cérebro? Para que? Se nem mesmo ele tem o porquê?
É tanta incoerência gramatical em nossas intenções,
É tanto erro ortográfico, pornográfico, nas poucas ações,
É tanto por enquanto, portanto, entre eu e você...

Dói. Sangra. Infecciona. Gangrena. Amputa. Enterra.
Não se mutila em vão, o que se fere em nossa guerra.
O vulto do avião anuncia bombas, explosivos de rancor.

É tanta incompreensão, tanto medo do que se quer fazer,
Como se isso fosse ameaçar nossas vidas. O que dizer?
O que se fez? O que se faz? Por que se faz? É apenas amor!


(Guilherme Ramos, 07/10/2013, 23h19.)

Imagem: Google.
domingo, 6 de outubro de 2013 0 comentários

Ligação


Eles estavam se encontrando há algumas semanas. Nada muito avançado. Mas parecia promissor. Ela, descolada, simpática, inteligente, bom papo; ele, intelectual, extrovertido, sonhador, bom partido. Ambos, tinham qualidades e defeitos que muito bem poderiam se adaptar, caso quisessem um caso particular. E parecia que isso iria acontecer cedo ou tarde. A “ligação” entre eles parecia perfeita.
Ela tinha um passado sentimental nebuloso. Falava pouco dele. Para ele. Mas se despia de outros assuntos sem nenhum pudor, numa quase confissão ou sessão de terapia. Ele era bom ouvinte. Ela adorava. E a cada instante se aproximava dele como uma mariposa à luz.
Ele tinha um passado sentimental instável, repleto de chuvas e trovoadas. Mas avistava uma potencial bonança na presença dela. Ele – quase – voltava a acreditar no amor-amizade, quando duas pessoas tornam-se muito amigos, mas um sentimento maior e mais mágico se apodera da razão de ambos, atingindo seus corações em cheio, numa descarga elétrica capaz de matar qualquer insensibilidade e permitir o nascer da paixão.
Mas o tempo passa e faz pirraça, dizem alguns sábios de humor negro. Numa noite qualquer, ele passava por perto da casa dela e pensou em fazer uma surpresa – como ela já o tinha feito numa outra manhã. Telefonou. Achou educado, pois sabia que ela tinha saído com uma amiga e que poderia ainda não ter chegado.
- Alô? – Disse outra voz feminina do outro lado.
- O-oi! – Estranhou. – Você é...
- Oi! Não, não! – Um sorriso simpático interrompeu sua frase. – Ela está me levando pra casa, depois é que ela vai pra casa.
- Ah! Tá! – E também riu. – É que estou bem pertinho da casa dela. Vou esperá-la então. A gente terminou se desencontrando, hoje.
- Tá certo. Eu digo a ela.
E desligaram. Não havia se passado 5 segundos, seu celular toca. Era o número dela.
- Oi! – Atendeu ele, feliz.
Do outro lado, apenas uma conversa:
- ... E ele disse que ia ficar esperando perto da sua casa.
- E foi? Ah! Se eu passar e ele estiver com o carro parado na minha porta, eu passo direto!
Ele engoliu em seco.
- Quer saber, amiga? Eu acho que não vou pra casa agora não. Vou ficar um pouco na sua casa.
Ele queria desligar.
- Amiga... Se você começar a namorar esse cara e deixar de sair...
- EU? Eu não deixo de fazer isso nunca!... Eu...
Ele desligou. E respirou fundo. Mil coisas passaram em sua cabeça. Mas não quis continuar. Conhece um sem número de pessoas que escutariam a conversa até a bateria de um dos celulares descarregar. Mas ele não. Ele já passou por muita coisa. Assim como ela. Ele não queria se decepcionar mais. Assim como ela. Ele já havia escutado demais. Não apenas a conversa, mas seu coração. Era hora de usar a cabeça. Tantas vezes esquecida.
Ela não saberia o que aconteceu. Ou porque ele sumiu de sua vida. Ele não é mais do tipo que faz escândalos. Não é vingativo. Mas é humano e pode ser ferido mortalmente. Era hora de recolher o restante de suas forças e seguir em frente. Porque se isso aconteceu, é porque algo melhor está por vir. Alguém melhor.
O Destino é um estranho desconhecido com senso de humor duvidoso. Mas não faz nada por fazer. Se isso era o que tinha reservado para ele, ele iria receber. De abraços abertos. Sem raiva. Sem mágoa. Sem rancor. Libertação é libertação. E sempre dói um pouco. Mas é para o bem. De alguém.
Ele apenas se preocupou com outros relacionamentos que estão por vir. Os novos flertes, as novas paixões, os novos casos. A cada nova decepção, menos dele – de seu íntimo – elas teriam. Talvez ele seja apenas “mais um” na vida delas. Sem nenhuma pretensão de ser especial.
Assim como ela nem chegou a ser na vida dele. Por sorte ou azar – isso depende muito do ponto de vista – de uma ligação de celular.
E, assim, mais um sonho se desvanece. E a cada nova “ligação” seu coração fica fora da área de abrangência. Ou temporariamente desligado...


(Guilherme Ramos, 06/10/2013, 23h08.)

Imagem: Google.
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Alguém


Você ama, sabia?
Por mais que você diga que não, você ama.
Ama, sobretudo, se tiver filhos.
Ama, também, se tiver pais.
Ama irmãos, primos, sobrinhos, netos...
Ama.
Mas, um dia, descobre que ama um completo estranho.
Alguém que você nunca viu na sua vida, mas por uma questão ilógica, surgiu na sua vida.
E você se vê apaixonado. Amando sem nem saber por quê.
Sem nem saber por quem.
É alguém bonito,
É alguém inteligente,
É alguém bom de cama,
É alguém rico,
É alguém que não tem onde cair morto.
Mas é alguém especial.
É alguém que faz você se sentir especial.
É alguém que te completa.
É alguém que te desequilibra (no bom sentido).
É alguém que te faz flutuar com apenas um beijo.
É alguém que faz a poesia ser a coisa mais li(n)da nesse mundo.
É alguém que faz você se sentir alguém.
É alguém que faz você se sentir de alguém.
É.
Alguém.
E ninguém vai fazer você mudar de opinião.


(Guilherme Ramos, 06/10/2013, 00h43.)

Imagem: Google.
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E, Aí?


E, aí, você escolhe ser artista porque deseja se utilizar da matéria dos sonhos para ser feliz.
E, aí você decide se apaixonar por alguém que também deseja a mesma coisa.
E, aí, vocês seguem caminhos diferentes. Iguais, apenas os sentimentos um pelo outro.
E, aí, você vê o tempo passar e nada mais diferente acontecer.
E, aí, você descobre que ser artista é sentir muito mais do que muitos tentam esconder.
E, aí, você se lembra daquela pessoa maravilhosa, que um dia esteve ao seu lado. Que o destino, funesto, separou vocês.
E, aí, percebe que a vida é sua. Totalmente sua. E nem mesmo o destino tem nada com isso.
E, aí, você pega sua mochila e corre atrás de seu amor, porque sabe que seus sonhos de nada adiantam sem ele ao seu lado.
E, aí, você não o encontra. O mundo é grande o bastante para afastá-los a cada nova rotação e translação.
E, aí, você vive um momento simbólico de luto e a emoção se aquieta.
E, aí, quando menos espera, a pessoa ressurge do nada e, num sorriso, faz tudo voltar outra vez. O coração acelera, os olhos brilham, a poesia ressurge...
E, aí, sua inspiração também retorna, com se nunca tivesse lhe emprestado nenhuma palavra. E você escreve sem parar.
E, aí, você percebe que está sonhando acordado, no desejo de que suas aspirações se realizem e que seu amor – ainda ausente – retorne.
E, aí, pode ser que volte. Também pode ser que não.
E, aí, você se dá conta de que amou – de verdade – na vida.
E, aí, descobre que é preciso amar novamente.
E, aí, você escolhe ser artista porque deseja se utilizar da matéria dos sonhos para ser feliz.
(...)
E, aí?


(Guilherme Ramos, 06/10/2013, 00h07.)

Imagem: Google.
sábado, 5 de outubro de 2013 0 comentários

Verdade


A verdade é assim: algo que você não acredita. Até ser tarde demais. Quando acreditei, não seria exceção à regra, eu me perdi. De tudo que poderia ter sido. De tudo o que sou. De tudo o que seria. Ah! Se eu soubesse que amar (você) de mais verdade me preencheria...

(Guilherme Ramos, 05/10/2013, 3h47.)

Imagem: Google.
terça-feira, 1 de outubro de 2013 0 comentários

Pária


Vazio. Extremo. Externo-interno. Como se nada me preenchesse mais. Nem ideias, nem ideais, nem oxigênio. Sou um corpo morto, andarilho por teimosia. No peito, não há sequer resquícios do que outrora foi um coração. Energia? Talvez no cérebro, mas o suficiente apenas para ativar meus sentidos mais instintivos. Andar. Mover-me. Deslocar-me. E a fome... Ah! A fome. Dessa tenho lembranças constantes. Sede também. Mas sede é uma espécie de fome. Líquida. Vontade de sorver cada gota do desejo que me ficou preso à garganta. Assim como você. Meus sentimentos. Por você. Seus sentimentos. Por mim. Nossos sentimentos mortos-vivos, mais mortos do que vivos, mas ainda presentes. Queiramos ou não.

Meu corpo se desconstrói a cada instante. Minha alma vagueia vadia sobre nós. Penada, largada, qualquer coisa assim. Sem você, tudo perde o sentido. É muito vão, fútil, desnecessário, até. Mas tão sedutor a meu ver... É irresistível. No sangue, há sempre uma lembrança. De você. Do tempo em que estivemos juntos. Como um só. Como não devíamos ter sido. Memórias assolam minha mente, que mente, propondo-me desejos que não deveria mais ter. O que se passa na cabeça de um pária como eu, não se compara à sensação de vazio constante. Quando nada mais importa.

Dor. Não existe. Há uma estranha sensação. Um incômodo constante. Já nem sei explicar. As palavras começam a ficar menos importantes. Mais difíceis. De se unirem e formarem expressões inteiras. Expressar-se? Para que? Para que palavras, quando se vive além da vida? Além da morte? Além. De alguém. E sozinho, sigo. Para onde, não sei. Mas não há luz. Apenas sombras e escuridão. Se é o inferno, ou algo pior, também não sei. Só sei que não há calor. Apenas frio. Profundo. Cortante. Constante. Mas meu corpo pouco se importa. Não há mais vida para se viver. Não há morte. É um eterno andar e seguir. Sem parar. Num caminho sem fim.

Aos poucos, vejo que não estou sozinho. Há outros iguais – se não piores – a mim. Cada um no seu caminho. Solitários, seguem cegos, surdos e mudos, no seu mundo sombrio. Mas porque eu os vejo? Será que eu sou diferente dos demais? Talvez. Talvez ainda reste uma esperança para mim. Talvez não tenha chegado a minha vez. Talvez. Ainda posso voltar? Recuar? Revisitar-me? Ressuscitar-me? Deixar a pós-vida que tanto me acompanha? Não vejo razão para não tentar.

O vazio se preenche. E se deixa levar. São espaços tão cheios de vontade de mudar que não se permitem identificar. Uma estratégica ironia do destino para nos dizer: “ainda estamos vivos...”, apesar de todo o mundo dizer o contrário. Querer o contrário. Então, sejamos também contrários. À situação. Somos o que queremos. Mas... Queremos ser o que somos? Eu, não. Particularmente, estou em fase de regeneração.

(Guilherme Ramos, 30/09/2013, 13h31.)

Imagem: Google.
 
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