terça-feira, 27 de fevereiro de 2007 1 comentários

O Boêmio e a Bailarina

(Por Viviane Araújo)

“Eu bebo, sem compromisso / com meu dinheiro / ninguém tem nada com isso / aonde houver garrafa / aonde houver barril / presente está a turma do funil!!”


Do meu apartamento - eu, bailarina - ouço vozes ecoando o hino que reconheço como sendo tão teu. Paro por um instante na esperança de distinguir a tua voz em meio a tantas outras, mas é inútil. É sempre assim: tua voz me parece tão muda(da) quando é apenas uma que grita com mais algumas. Corro, então, para a sacada e ponho-me a ver o teu bloco passar.

E lá vai samba, batuque, ritmo, disritmia, suor, cerveja, cigarro, fumaça, máscara, fantasia. E lá vêm bocas que só se encostam, enquanto dizem que se beijam. Bocas bem treinadas na arte do encostar-abrir-sugar-e-partir-para-outras. “E com mais essa boca, já são 12!!!!”, brada um sujeito que em sua confusa aritmética divide enquanto pensa que soma. E lá vem mãos que se esbarram, achando que se tocam; corpos que se chocam, achando que se sentem; gente que se solta dizendo que se pega. "É carnaval, é pegação!!!", brada novamente o empolgado sujeito que agora já encostou em 15 bocas, mas beijar mesmo que é bom, ainda nada.

E eu - tão bailarina - acompanho a tua festa, que se revela bem debaixo da minha janela. E te vejo em êxtase: copo na mão, samba nos pés, cigarro na boca a dividir espaço com o riso tão franco de moleque atrevido que és. Tens a alma nesse instante pesada de tão leve, ouvidos só no explodir da bateria, olhos em todas as direções, mas em nenhuma, coração sabe-se lá onde, provavelmente a bater no mesmo compasso do requebrado da passista de uma escola de samba qualquer. Enquanto a tua banda passa, não aplaudo, mas pego-me a sorrir pela tua alegria, tão na contramão da minha, mas que por ser tua é, sim, um pouco minha também.

E eu - ainda muito, muito bailarina - queria poder te dizer agora que não importa se és furacão e eu calmaria, pois é no tumulto da tua existência que eu encontro a paz da minha. E que hei de ter por ti um amor tão intenso, imenso, mesmo quando denso, que não adoeça se eu tão sóbria te encarar sempre tão ébrio e nem se entristeça se vc for para sempre sul e eu tão norte.

Queria eu - apenas mulher, quase nada bailarina - que essa pudesse ser uma declaração de amor tão forte, tão minha, tão tua, que capaz fosse de recolorir nossa existência, de redesenhar, de redescobrir. Mas oq escrevo agora não é introdução nem fim, é apenas o meio de uma coisa qualquer, que bem que poderia ter sido amor, mas foi mistério. Que bem que poderia ter sido presença, mas foi lacuna. Que bem que poderia ter sido, mas que mesmo nunca sendo, ainda é.

E a tua figura - a que para o bloco é presença e para mim lacuna - não passa sem ser notada. E mesmo eu daqui da janela, não fico despercebida. Vc malandro carioca, eu bailarina: ambos em pleno carnaval, mas sem nenhuma fantasia. E eu - tão coração de mulher e alma de bailarina - pela eternidade de um instante, penso em me atirar janela abaixo e ir tentar dançar a tua coreografia. E posso sim, aprender os teus passos e até passar a me expor ao sol sem proteção como se fosse mormaço, até me deixar ser vencida pelo teu, tão meu, cansaço. Pq posso, sim, sambar e me acabar e te abraçar e te encantar, mas em algum ponto do desfile também vou ter que parar, te deixar, me escutar e continuar a bailar no palco que escolhi para ser o meu lugar.

Portanto, que passe o bloco, que passe a farra e a euforia, que passe vc, sempre a desfilar na tua avenida, que não, não é a minha. E caia no samba, mas não deixe cair das mãos a tua alegoria. Fique por aí no teu espaço, na tua ginga, nos teus confetes e até mesmo nas tuas serpentinas. E samba - meu boêmio preferido - samba no teu ritmo, a tua história. Pq eu - bailarina - vou estar sempre na mesma janela, bailando, qd o teu bloco passar. E depois que ele se for eu - mulher que sabe despir a bailarina - ainda assim, continuarei a bailar.

posted by Vida @ 10:25 PM


Este é o (maravilhoso) texto de Viviane Araújo, que originou o texto-irmão "A bailarina e o boêmio", de minha autoria. Leiam os dois, com carinho. Em seu mundo, os personagens (com)partilham sensações e emoções como as pessoas (do mundo real) deveriam fazer sempre. O mundo seria tão melhor...
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A Bailarina e o Boêmio

"Como fui feliz naquele fevereiro / pois tudo para mim era primeiro / primeira esperança / primeiro carnaval / primeiro amor criança..."


Do meu bloco – eu, boêmio – em meio ao turbilhão de notas e acordes, de máscaras e fantasias, vou cantando, dançando e até pareço mais uma voz na multidão. Mas sei que não. E é na(s) sacada(s) do frevo que te vejo. E desejo. O bloco vai passando e eu, fingindo me esbaldar, vou parando... para (melhor) te olhar.

Em meio ao frevo, à marchinha, ao desejo e à minha (ausência de) companhia, não sobra espaço para tristeza (ou não deveria). Por isso mesmo eu vejo, no álcool, no fumo e nos beijos (dos outros), puro desejo, pra “fantasiar” de alegria: do fica-fica ao solta-solta, só não vai quem não bebeu! Mas eu me pergunto: o que quero EU? Dançar e dançar e dançar. Somente isso. É difícil acreditar? Dançar e dançar e dançar... e não ter a vergonha desse infeliz! Que já ficou com 12... 13... 14... 15... Nossa! Ele não vai parar? E ele ainda grita "É carnaval, é pegação!!!" Isso é o que mais me irrita. Alguém já te falou em amar? Hunf! Como? Se ele só pensa em... birita.

E eu – tão boêmio – festejo. Apenas. Cigarro no bico, copo na mão, samba no pé (e no coração) e com sorriso nos lábios, danço sob as janelas e as varandas dos sobrados e apartamentos que demarcam o território da folia. Mas há uma janela especial. Mora, ali, minha alegria? Quem é aquela menina? minha bailarina? Ela é tão leve, suspensa no ar, mas de olhar tão pesado, a me censurar... Não me escutaria uma só sílaba, se eu tentasse gritar. Quisera eu ser a bateria, que de rompante explodiria em frases sem parar: “Desce! Tum-tum-tum! Desce! Tum-tum-tum! Vem bailar! Vem bailar!” Mas... pra que sonhar? Se meu coração pudesse dizer o que senti ao te ver... Mas a banda passa. Cedo ou tarde, irá se afastar. Eu a terei de seguir, como um soldado, sem questionar. E você, nada fará. Que amorosa agonia: triangular-se-á eu, você e a folia.

E eu – ainda muito, muito boêmio – até penso em falar com você. Mas como, se sou apenas um homem na terra e você, um anjo do céu? Do alto, essa sua paz se contrapõe ao meu irresistível caos. Se opostos se atraem, por que não acontece comigo? Serei eu, doido varrido? Um cara perdido? Ou (aparente) pervertido, vagando (ébrio) sem parar? Pra você, (um) ser incapaz de amar. Minha alegria, seria sua tristeza e a sua estranheza, minha (pobre) alegoria.

Queria eu – apenas homem, quase nada boêmio – desfilar por entre seu mundo e, mais ainda: dizer o que sinto; sentir o que faço; fazer o que digo; dizer o que faço; fazer o que sinto; sentir o que digo; dizer o que digo; sentir o que sinto; fazer o que faço... por você (?) Como vou saber?

E o seu semblante, à janela, vislumbrando o bloco, na passarela, parece me apagar cada vez mais na multidão. Ficar assim, sendo um “mais um”, virando, então, homem comum, não quero não. E eu – tão coração de homem e alma de boêmio – Sou muito mais. A “fantasia”, ora, pois, deixaria pra trás, se houvesse a chance de escalar seus muros e chegar a você, como um bom rapaz. E não seria difícil invadir seu palco, mais clássico, mais moderno, mais contemporâneo... Mais... Mas... aqui “jazz” um roqueiro sem par, que viveu (em mundos) “blues” e se rendeu às baladas saturnais. Eu não sou de lá e não fui pra ficar. Voltei pra sambar. Pra te encontrar. E a essa altura, a boemia eu largaria, se fosse pra sua “Vida” partilhar.

O bloco vai passando e as cinzas da quarta-feira, chegando. Dois mundos diferentes, tão presentes em nosso existir, vão se afastando. Partirão sem demora a partir de agora. Míseros instantes me restam antes que você, de sua varanda, perceba o quanto ansioso estou em revê-la. Num outro carnaval, talvez, ou num salão distante, na esperança de ao menos uma vez, sem confete, serpentina ou embriaguez – minha bailarina preferida – valsar ao seu lado, no seu tempo-espaço. Porque eu – Boêmio – estarei sempre na passarela da vida, na rua, na avenida, no bloco a passar, olhando-a do alto de sua janela (quem sabe um dia) a me observar. Nem tudo na vida é fantasia; mas ao fim do carnaval, não se dispa da alegria, pois eu – um homem que sabe despir o boêmio – gostaria de me apresentar.

(Guilherme Ramos, AL, 27/02/2007, 18h02.)


Esse texto foi inspirado em um outro (maravilhoso) trabalho de minha amiga Viviane (Vida) Araújo, chamado "O boêmio e a bailarina". Não seja louco(a) de não ler! A minha intenção foi - desafiadoramente - escrever um texto-irmão, com o ponto de vista do boêmio criado pela autora, pois o da bailarina é, digamos, sem comentários...

Vida, minha amiga-irmã-de-letras, agradeço a oportunidade de (com)partilhar uma história tão linda. Obrigado mesmo! Estava precisando disso! Quando faremos outra dessa? Rsrsrs...
domingo, 18 de fevereiro de 2007 1 comentários

Carne... Aval



Carnaval...
E eu tão reticente...
Pondo pingos nos “is”,
Vírgulas e aspas na minha vida.
(Muitas aspas)
Sem esquecer os parênteses...
“Parentes” próximos
(muito próximos)
Da folia que é meu espírito.
Mas não consigo um ponto final.
Procuro, procuro, procuro...
E não encontro.
Por que é tão difícil assim,
Fazer isso por mim?
Mas preciso fazer...
Como?
Vou escrever...
(ai, ai, ai...)
Lá vai:
Nunca fui bom com “finais”.
Prefiro “apresentações”.
São tão... mais singelas...
E quando olho pela janela,
Só vejo vagantes pierrôs...
E colombinas avulsas.
Choros e lágrimas...
No carnaval?
Ah, não. Não mesmo!
Ô, Pierrot! É, você aí, Pierrot!
Pare de choramingar
E fale (logo) às colombinas:
- É carnaval! (e coisa e tal...)
Mas ninguém precisa ser
O que passa na TV!
Nem bunda, nem marca,
Só EU e VOCÊ!
Somos “pedaços de carne”?
Não, não, não combina!
Ou você decide com quem dança,
Ou vou sair com a sua prima!
O final fica por conta, lógico,
Da mais esperta Colombina...

(Guilherme Ramos, 18/02/2007, 00h26)
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Carnaval

Em minhas viagens pela Internet, encontrei dois textos muito legais sobre o tema. Não quis alterar os seus conteúdos, pois os achei bastante sintéticos (e porque também 'tava numa preguiça danada). Como sou defensor dos direitos autorais, não desejo plagiar ninguém, ok? Apenas compartilhar um pouco de cultura para os leitores deste blog. As fontes estão logo abaixo dos mesmos. Se alguém se sentir prejudicado, magoado ou coisa e tal, lembre-se que é carnaval! (mas se mesmo assim houver algum problema, avise que eu retiro imediatamente do ar, ok?)
Origem do Carnaval
(Claudia M. de Assis Rocha Lima, pesquisadora)

Dez mil anos antes de Cristo, homens, mulheres e crianças se reuniam no verão com os rostos mascarados e os corpos pintados para espantar os demônios da má colheita. As origens do carnaval têm sido buscadas nas mais antigas celebrações da humanidade, tais como as Festas Egípcias que homenageavam a deusa Isis e ao Touro Apis. Os gregos festejavam com grandiosidade nas Festas Lupercais e Saturnais a celebração da volta da primavera, que simbolizava o Renascer da Natureza. Mas num ponto todos concordavam, as grandes festas como o carnaval estão associadas a fenômenos astronômicos e a ciclos naturais. O carnaval se caracteriza por festas, divertimentos públicos, bailes de máscaras e manifestações folclóricas. Na Europa, os mais famosos carnavais foram ou são: os de Paris, Veneza, Munique e Roma, seguidos de Nápoles, Florença e Nice.

Fonte: Fundação Joaquim Nabuco

E no Brasil?

(Autor desconhecido)

O carnaval é considerado uma das festas populares mais animadas e representativas do mundo. Tem sua origem no entrudo português, onde, no passado, as pessoas jogavam uma nas outras, água, ovos e farinha. O entrudo acontecia num período anterior a quaresma e, portanto, tinha um significado ligado a liberdade. Este sentido permanece até os dias de hoje no Carnaval.

O entrudo chegou ao Brasil por volta do século XVII e foi influenciado pelas festas carnavalescas que aconteciam na Europa. Em países como Itália e França, o carnaval ocorria em formas de desfiles urbanos, onde os carnavalescos usavam máscaras e fantasias. Personagens como a colombina, o pierrô e o Rei Momo também foram incorporados ao carnaval brasileiro, embora sejam de origem européia.

No Brasil, no final do século XIX, começam a aparecer os primeiros blocos carnavalescos, cordões e os famosos "corsos". Estes últimos, tornaram-se mais populares no começo dos séculos XX. As pessoas se fantasiavam, decoravam seus carros e, em grupos, desfilavam pelas ruas das cidades. Está ai a origem dos carros alegóricos, típicos das escolas de samba atuais.

No século XX o carnaval foi crescendo e tornando-se cada vez mais uma festa popular. Esse crescimento ocorreu com a ajuda das marchinhas carnavalescas. As músicas deixavam o carnaval cada vez mais animado.

A primeira escola de samba surgiu no Rio de Janeiro e chamava-se Deixa Falar. Foi criada pelo sambista carioca chamado Ismael Silva. Anos mais tarde a Deixa Falar transformou-se na escola de samba Estácio de Sá. A partir dai o carnaval de rua começa a ganhar um novo formato. Começam a surgir novas escolas de samba no Rio de Janeiro e em São Paulo. Organizadas em Ligas de Escolas de Samba, começam os primeiros campeonatos para verificar qual escola de samba era mais bonita e animada.

O carnaval de rua manteve suas tradições originais na região Nordeste do Brasil. Em cidades como Recife e Olinda, as pessoas saem as ruas durante o carnaval no ritmo do frevo e do maracatu.

Na cidade de Salvador, existem os trios elétricos, embalados por músicas dançantes de cantores e grupos típicos da região. Na cidade destacam-se também os blocos negros como o Olodum e o Ileyaê, além dos blocos de rua e do Afoxé Filhos de Gandhi.

Fonte: Sua Pesquisa.com
quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007 0 comentários

When I Fall in Love

Bem... Nat King Cole*. O nome já diz tudo. E essa música... When I Fall in Love**, Mais ainda. É uma das que mais escutei. Nos bons (e nem tão bons) momentos. Ah! Como eu queria ter escrito essa letra... Bom, o que faço pra compensar? Prometer a mim mesmo cumprir seus preceitos? Até que seria uma boa idéia. Mas será tão fácil assim? (rsrsrs...)


When I fall in love
Quando eu me apaixonar

it will be forever
será para sempre

or i’ll never fall in love.
ou eu nunca me apaixonarei.

---

In a restless world like this is
Num mundo agitado como é este

love is ended before it’s begin
o amor está terminado antes de ter começado

and too many moonlight kisses
e muitos beijos ao luar

seem to cool in the warmth of the sun.
parecem esfriar no calor do sol.

---

When I give my heart
Quando eu entregar meu coração

it will completely
será completamente

or i’ll never give my heart.
ou eu nunca entregarei meu coração.

---

And the moment I can fell that
E o momento que eu puder sentir que

you feel that way too
você se sente deste modo também

is when I fall in love
é quando eu me apaixonarei

with you.
por você.


(*) Nat King Cole, nome artístico de Nathaniel Adams Coles, (Montegomery, 17 de março de 1919 — Santa Mônica, 15 de fevereiro de 1965) foi um cantor e músico de jazz norte-americano.

(**) When I Fall in Love foi escrita por Edward Heyman e Victor Young. Sua versão original foi interpretada no filme "One Minute To Zero" (1952), por Doris Day. Só quatro anos depois, em 28/12/1956, foi gravada por Nat King Cole.

Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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OZ

Eu me sinto um “homem de lata”
Procurando um coração perfeito.
Por que razão, oh! “Grande Oz”,
Há esse vazio dentro do meu peito?

Eu me sinto um “espantalho”.
Cambaleante de amor, eu juro!
E lhe suplico, oh! “Grande Oz”,
Que mostre um pensamento seguro!

Eu me sinto um “leão covarde”.
Que da própria sombra tem medo!
Fui insensato, oh! “Grande Oz”,
Por não querer contar meu segredo!

Onde está a menina “Dorothy”?
Onde ela está?
Onde está você, “Dorothy”?
Que não quer mais voltar.


(Guilherme Ramos)
quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007 1 comentários

Luz

"Porque o amor não pode ser uma noite escura, o amor é dia! Luz forte que faz brilhar os olhos, calor no peito afogueando o coração aberto para viver, não para se tolher em medo. Porque o amor faz a alvorada dos sonhos realizáveis! Faz morada na terra das aventuras felizes e dos descobrimentos surpreendentes.
"O amor é a magia do renascimento, o despertar de nossas melhores formas, o crescimento para um mundo jamais visto e uma coragem insana de se romper qualquer obstáculo, até nós mesmos."

(Raelma Mousinho)


Não a conheço (ainda) mas já a admiro. Raelma, precisamos trocar umas idéias sobre o tema!
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Divagando e Teclando

"Ambos não estavam nos planos um do outro...

...e ainda assim foi incrível...

Mas acabaram por se afastar, uma pena.


Um desperdício de corações, de sensações, de amores e de ilusões.


Mas olha, ELA ainda sonha com ele...

... e ELE ainda pensa nela ..."



Fragmentos de um belíssimo texto de Silvana Duboc, que pode ser encontrado na íntegra no link abaixo:


Tem um sentido mais específico, claro, mas... para alguns, só esse trechinho já cabe como um luva...
terça-feira, 6 de fevereiro de 2007 1 comentários

Rumo ao Pôr do Sol



Não houve um só dia que eu não tenha pensado (nela).
Corri a madrugada fria; olhei pela janela...
E vi uma rua tão parada, mas tão parada,
Que as únicas coisas que passavam
Eram as horas e as nuvens.
O que nos faz temer a nós mesmos,
Senão os segredos que guardamos no peito?
Alguns, tão profundos e enigmáticos,
Que nem mesmo nós acreditamos que temos.
Esconder um segredo de si próprio, é quase um crime.
E, por isso, rumo ao pôr do sol, parti.
A poesia perdeu o sentido.
A música, sem melodia, já não encantava.
Olhava para o céu, que me estranhava a postura.
Reclamava, ao léu, coisas e coisas.
Querer entender, seria desgastante.
Fazer-me entender, pura perda de tempo.
Não se quer saber da vida do outro.
(Sequer tomamos conta da nossa!)
E o que vi, comumente me assustaria.
Não assustou. Surpresa pra mim.
Após a aurora da vida, muita coisa aconteceu.
E no calendário, “hoje”...
Hoje, talvez, seja o momento mais assustador que alguém teria.

(Guilherme Ramos, 08/01/2007, 00h53. Concluído em 06/02/2007, 21h58)
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Lágrima de Rímel (de Sonho e de Pólvora)



Era noite.
Somente isso.
E a cada gesto
Meu, seu, nosso...
As “máscaras” caíam.
Nada restou, é verdade,
Passou, como a idade;
Inacreditável como o orgulho
Da vedete, da meretriz
Que escapa - por um triz -
Da (fria) lâmina de “Jack”,
Já com um outro nome:
“Caetana” (o Nordeste é quem diz).
E, do alto de sua maquiagem borrada
Não lhe sobra mais nada,
Senão, solidão; senão depressão.
Fazer o quê, então?
Esperar, esperar, esperar...
E deixar o tempo passar.
(E o tempo passa rápido)
Aí, estranho ou não, tem-se “vontades”...
De dormir, de chorar...
De borrar e borrar e borrar,
Com uma lágrima de rímel,
O que horas se levou para terminar.
(Ou seria re-começar?)
Maquiar o vital, só lhe faz mal;
Numa vida inteira (de incertezas)
De findáveis belezas,
De atração fatal...
Entre o “Sonho” e a “Pólvora”.
Não daria certo.
Ou daria (muito) certo.
Quem pode saber,
Se resolvemos esquecer?
Fica a paródia:
“É de sonho e de pólvora,
O destino de dois sós.”

(Guilherme Ramos, 06/02/2007, 16h45)
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Poesia e dor não se misturam



Poesia e dor não se misturam.
Apesar de andarem juntas (às vezes)
Seria insensato querer insistir
Em ficar com as duas por tantos meses.

É óbvio, porém trabalhoso, notar
A (aparentemente) homogênea mistura
Onde termina; onde há de começar?
Uma na fantasia; a outra, na tortura?

É melhor errar um pouco, para acertar de vez.
Sem se tornar, no entanto, uma triste figura
Quem nunca na vida, besteiras já fez?
(Confundir a tal “fantasia” com uma grande loucura...)

Poesias são como nuvens (algumas de chuva)
Que vêm e vão com uma brisa ou garoa
Mas quem anda demais (nesse tempo) e não olha onde pisa
Pode cair e se machucar (muito!) como qualquer pessoa.

Já dores, são como aulas (de matemática, por exemplo)
“P’ra que diabos vou precisar disso?” Perguntam alguns.
Quem se imagina, hoje em dia, sem esse conhecimento,
Que, tal qual o sentimento, enobrece os homens comuns?

Poesia e dor, de fato, não se misturam.
Podem até parecer, mas sejamos conscientes:
As duas só coexistem, pacíficas, nem sempre,
Por possuírem tantos caminhos diferentes...

(Guilherme Ramos, 06/02/2007, 17h48)
sábado, 3 de fevereiro de 2007 0 comentários

Um bom poema

Já que eu insisto em escrever versos, devo recorrer aos mestres. Disciplina e ordem são fundamentais! E por falar em mestres, lá vai uma opiniãozinha do "Paulinho"... Menino que começou a escrever há beeeeem pouco tempo, eheheh...

Um bom poema
leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto

(Paulo Leminski)
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"Lêdo" Conselho

Conselho de Lêdo Ivo, mestre alagoano das letras, para jovens escritores:

"Em primeiro lugar, jovem escritor não segue o conselho de ninguém, mas peço que eles não acreditem apenas no talento. A vocação é só o primeiro passo. Busquem cultura, aprimoramento, resistam às sereias do mercado e da mídia. Feche-se como uma concha, para depois se abrir."

(Fonte: entrevista de Milena Andrade com o autor, para o site "Blocos - Portal de Literatura e Cultura" - http://www.blocosonline.com.br)


Bem... É preciso dizer mais alguma coisa? Vida longa ao mestre Lêdo Ivo!
quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007 0 comentários

Saudade, Saudade...

Pode-se sentir tanta saudade
por alguém como você,
sem comprometer a saudade
que ainda vamos ter?

(Guilherme Ramos, 31/01/2007, 18h08)
 
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