Disseram que eu estava
morto. Mas eu não me sinto morto. Mortos são os que me cercam, envoltos em sua
nuvem de descasos.
Disseram que eu parei
no tempo. Mas eu não parei no tempo. Eu apenas reservei um momento para
observar ao meu redor. Às incoerências que me cercam e me cegam, às vezes me
atrasando mais e mais, sem chance de reverter o processo.
Disseram que eu nada
tinha a dizer. Mas como falar algo, se os outros nunca param de falar? Fala-se
em demasia. Diz-se pouco. Expressa-se demais. Entende-se de menos. Esse mundo
desordeiro me assusta. Sou apenas eu. E nada mais.
Disseram que eu sonho
demais. Sonhar é necessidade básica. Como respirar. Como comer. Como dormir.
Como beber. Água. Sobrevivência sobre vivência. O que mais poderia querer? Eu
só quero ser feliz. Nem que seja por um triz.
Disseram que eu nada
tinha a dizer. Eu me calei. Para quem mais questionar? Meu silêncio fez-se tão
alto que incomodou os incautos. Disse até mais do que eu poderia querer. Disse
sem ter dito. Fiz-me ser entendido - o que foi bem melhor.
Disseram-me que eu era
um tolo. E sou. Tolo por permitir que me julguem tolo. Julgar-me? Por quê? Para
quê? Julgar é um direito dos que sabem o que fazer com as provas. Mas,
provavelmente, quem me falou tamanha bobagem nada tinha de sábio. E, tão pouco,
o que fazer com fatos.
Disseram-me que eu não
era nada. E nada sou. Mas sou mais do que podem imaginar. Sou o que sou. E isso
me faz diferente. Único. Exclusivo. Eu mesmo.
Disseram-me. Uma porção
de coisas. Mas nada me falaram. Em nada me completaram. Apenas me partiram. Em
vários pedaços, por causa do que viviam dizendo. E eu, aqui, frustrado, esqueci
que estava vivendo. Isso, sim, é mais importante.
Disseram-me que estavam
errados. Pediram desculpas. Eu aceitei. Porque nada do que eu fiz - ou faço - pode
me dar a absoluta certeza de que estou certo ou errado. Viver é o grande
desafio. Certo ou errado, é preciso viver mais. Melhor. Sempre. O resto é
piada. Sem graça, nem cabimento.
Disseram. Disseram.
Disseram. E não falaram. Falaram, falaram, falaram. E não foi pouco. Escapei
por pouco. É bom ser surdo de opiniões. Alheias. Ter a sua sempre é mais
vantajoso do que emprenhar pelos ouvidos. Ser sua própria opinião é o GRANDE segredo.
Da vida.
Porque disseram. E
repetiram. Que eu estava morto. Mas a vida é minha. E quem sabe dela sou eu. Eu
estou vivo. Independentemente do que dizem ou deixam de dizer.
Sim, eu estou bem. E
você? Também?
Imagem: Google.
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