O Que Era

Não era (só) raiva o que ele sentia. Era uma espécie de “não sei e tenho raiva de quem sabe” que o perseguia o dia todo. E nada podia fazer contra. Apenas... deixar passar.

Mas... e as pessoas ao seu redor? O que tinham a ver? Precisavam compartilhar de seu “mau humor”? Bem, a resposta não parecia ser simples. Nada na vida é. E, naquele caso... Nossa! Era melhor calar.

Precisava (não que quisesse) ficar preso a um relógio de ponto insistente – entrada para o expediente, saída para intervalo, retorno do intervalo, saída do expediente – enfim, rotina. Um veneno mortal para qualquer ser humano (seja humano, ou não). Mas ele era (bem, ele se achava...)

E seguia: um ar-condicionado barulhento, telefones tagarelas, um entra-e-sai de pessoas na sala (menos ele – que continuava em seu birô, tentando ficar quieto, para não causar mais nenhum transtorno às pessoas), um computador cheio de vírus, uma Internet tetraplégica de tão lenta... E problemas. Problemas aos montes. Parece até que o mundo inteiro resolveu ter problemas nessa segunda-feira. E só ele poderia resolvê-los.

Sim! Ainda era segunda-feira! Imagine as outras “feiras”. Não... De fato, ele não precisava imaginar mais nada.

O que era aquele dia? O que era?

E (n)aquela noite, o que seria?

(Guilherme Ramos, 16/02/2009, 15h38)