O que vou lhe dizer é a mais pura verdade; o que acabei de falar é a maior mentira.
Confuso? Nem tanto. A relatividade dos termos “verdade” e “mentira” só têm uma coisa em comum: o ponto de vista. Às vezes, uma mentira é tão real que até o próprio mentiroso acredita. Aí, meu amigo, quem pode distinguir uma coisa de outra?
Também ocorre o contrário: a verdade, de tão absoluta, não permite nenhuma outra versão. É aquilo e pronto. Qualquer interferência será interpretada como blasfêmia, heresia ou ainda uma falta de consideração com o declarante.
Daí vem as brigas. Porque tais divergências, sejam verdades ou mentiras, enfrentar-se-ão tão ferozmente quanto dois gladiadores lutando pela própria vida. Aí eu pergunto: “para quê”?
Não vou mentir. Falar a verdade, sempre, é muito difícil. Há momentos que o uso indevido da verdade pode causar danos irreversíveis: fins de relacionamento, conflitos diplomáticos, guerras mundiais... Exagero? Então experimenta falar tudo o que lhe vem na cabeça por uma hora consecutiva na sociedade. Você será taxado de chato, radical, anti-social, inoportuno, FDP... Na melhor das hipóteses, claro. Há possibilidade de ser agredido, linchado... ou morto. Liberdade de expressão? Isso é só impressão. Não conte com ela. É prejudicial à saúde.
Mas é difícil, também, mentir. Não é pra qualquer um. É quase uma arte. Exige empenho, boa atuação, continuidade e pressupõe uma série de realidades alternativas a serem criadas a partir de então. Porque mentir exige “memória criativa em expansão”. É como um universo “pós-bigbang” crescendo infinitamente. E isso é para poucos. Como se lembrar de cada detalhe da mais inocente história? Acredite: vão conseguir lembrar coisas que você não disse. Mas, como é mentira, você não se lembrará se disse ou não disse. E, nesse disse-me-disse, o que aumentarem (ou diminuírem) sobre sua criação inicial, poderá – e será – usando contra você, mais cedo ou mais tarde...
Então, vale a pena mentir? Deve valer, pois até existe um dia exclusivo para a mentira, o famigerado “1º de abril”. É, a rima é tosca, mas tá valendo. Quem nunca foi pego numa mentirinha inocente? Ou num trote inconseqüente? Que atire a primeira pedra, quem nunca se divertiu com a credulidade do outro? Agora, quando estamos no lado do enganado, a história é outra. Vem a raiva e o sentimento de inoperância é grave. Ser enganado é a pior coisa que existe. Pensando bem, tem muita coisa pior do que isso. Mas, até nos depararmos com esse “algo”, ser enganado continua vencendo disparado.
Vale a pena, então, falar sempre a verdade? Depende. Se a verdade não causar impacto, tudo bem. Mas se ela causar impacto, também é válido. Validá-la, porém, não a isenta de riscos. Risco de ser único numa multidão de gente conhecida. Risco de ser alguém realmente confiável, num mundo de “nem tantos”. Risco de ver-se sozinho por muito tempo, até encontrar alguém semelhante a você. Semelhante. Porque igual, só no sentimento de verdade. Trocadilhos à parte, sempre é bom usar e abusar da verdade. Se ela não fosse realmente boa, ninguém se importaria tanto em buscá-la. Ou ressaltá-la: “a verdade, nada mais que a verdade”.
Então, resumirei o assunto de outra forma: o que vou lhe falar não é mentira: o que eu acabei de dizer, não é verdade.
(Guilherme Ramos, 15/10/2012, 22h29. Texto criado a pedido de meu amigo Clilton Feitosa, que pretende usá-lo num trabalho pessoal. É isso aí! O importante é ajudar os amigos! E porque não fazê-lo... com Arte?)
Confuso? Nem tanto. A relatividade dos termos “verdade” e “mentira” só têm uma coisa em comum: o ponto de vista. Às vezes, uma mentira é tão real que até o próprio mentiroso acredita. Aí, meu amigo, quem pode distinguir uma coisa de outra?
Também ocorre o contrário: a verdade, de tão absoluta, não permite nenhuma outra versão. É aquilo e pronto. Qualquer interferência será interpretada como blasfêmia, heresia ou ainda uma falta de consideração com o declarante.
Daí vem as brigas. Porque tais divergências, sejam verdades ou mentiras, enfrentar-se-ão tão ferozmente quanto dois gladiadores lutando pela própria vida. Aí eu pergunto: “para quê”?
Não vou mentir. Falar a verdade, sempre, é muito difícil. Há momentos que o uso indevido da verdade pode causar danos irreversíveis: fins de relacionamento, conflitos diplomáticos, guerras mundiais... Exagero? Então experimenta falar tudo o que lhe vem na cabeça por uma hora consecutiva na sociedade. Você será taxado de chato, radical, anti-social, inoportuno, FDP... Na melhor das hipóteses, claro. Há possibilidade de ser agredido, linchado... ou morto. Liberdade de expressão? Isso é só impressão. Não conte com ela. É prejudicial à saúde.
Mas é difícil, também, mentir. Não é pra qualquer um. É quase uma arte. Exige empenho, boa atuação, continuidade e pressupõe uma série de realidades alternativas a serem criadas a partir de então. Porque mentir exige “memória criativa em expansão”. É como um universo “pós-bigbang” crescendo infinitamente. E isso é para poucos. Como se lembrar de cada detalhe da mais inocente história? Acredite: vão conseguir lembrar coisas que você não disse. Mas, como é mentira, você não se lembrará se disse ou não disse. E, nesse disse-me-disse, o que aumentarem (ou diminuírem) sobre sua criação inicial, poderá – e será – usando contra você, mais cedo ou mais tarde...
Então, vale a pena mentir? Deve valer, pois até existe um dia exclusivo para a mentira, o famigerado “1º de abril”. É, a rima é tosca, mas tá valendo. Quem nunca foi pego numa mentirinha inocente? Ou num trote inconseqüente? Que atire a primeira pedra, quem nunca se divertiu com a credulidade do outro? Agora, quando estamos no lado do enganado, a história é outra. Vem a raiva e o sentimento de inoperância é grave. Ser enganado é a pior coisa que existe. Pensando bem, tem muita coisa pior do que isso. Mas, até nos depararmos com esse “algo”, ser enganado continua vencendo disparado.
Vale a pena, então, falar sempre a verdade? Depende. Se a verdade não causar impacto, tudo bem. Mas se ela causar impacto, também é válido. Validá-la, porém, não a isenta de riscos. Risco de ser único numa multidão de gente conhecida. Risco de ser alguém realmente confiável, num mundo de “nem tantos”. Risco de ver-se sozinho por muito tempo, até encontrar alguém semelhante a você. Semelhante. Porque igual, só no sentimento de verdade. Trocadilhos à parte, sempre é bom usar e abusar da verdade. Se ela não fosse realmente boa, ninguém se importaria tanto em buscá-la. Ou ressaltá-la: “a verdade, nada mais que a verdade”.
Então, resumirei o assunto de outra forma: o que vou lhe falar não é mentira: o que eu acabei de dizer, não é verdade.
(Guilherme Ramos, 15/10/2012, 22h29. Texto criado a pedido de meu amigo Clilton Feitosa, que pretende usá-lo num trabalho pessoal. É isso aí! O importante é ajudar os amigos! E porque não fazê-lo... com Arte?)
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