terça-feira, 6 de abril de 2010

Rascunho de Páscoa

Poderia escrever muito e dizer pouco.
Água salgada, para a sede de um morto.
Soubesse eu, feito um poeta torto,
Comer palavras, beber frases (seria louco?)
Oscular estrofes, lamber rimas (algumas cretinas!)
Até digerir coisas (nem tão) pequeninas:
Escritura, criatura, sepulcro caiado;
Menino, homem, cordeiro imolado.
Num rascunho de Páscoa incomum,
Olvidar o passado é repetir no futuro.
Só o presente, mesmo ausente, em comum,
Será ausente (mesmo presente) e escuro.
Assim, o escrito, não saiu como previ.
Enfim, escrevi, não previ o que sairia.
Realmente servir, serviu, como servi
À conclusão da esfomeada poesia.

(Guilherme Ramos, 04/04/2010, 22h30 e 06/04/2010, 16h25)

Não é algo muito "religioso" (afinal eu mesmo não sou assim) mas, atualmente, um sentimento me angustia: a falta de fé (ou "ciência da fé", se me permitem o trocadilho). Fé não apenas em Deus e/ou seus santos, mas Fé nas pessoas, Fé no que elas fazem a cada dia, para melhorar esse mundo já tão descaracterizado... Fé. Aquela que remove MONTANHAS. Fé em si mesmo, para se poder ter Fé no outro. Enfim... Talvez seja essa a resposta que não se quer ouvir. Fica a crítica, poética crítica, para a interpretação múltipla, como a Arte deve ser. Pelo menos, a minha tenta. Tenho Fé nisso.

1 comentários:

Jr Vilanova disse...

Rapaz, quando você decide ser profundo é de uma sinceridade ímpar... gosto dessa sua característica e enxergo com muita naturalidade os conflitos que apresenta no blog, entre os poemas, pois são sentimentos que habitam em muitos, que parecem poucos, mas são muitos...
Beijão.
Jr.

Postar um comentário

Sua participação aqui é um incentivo para a minha criatividade. Obrigado! E volte mais vezes ao meu blog...

 
;