terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Eu Ganhei

Eu ganhei muitas coisas na vida. Ganhei muito mais do que perdi. Algumas coisas que eu ganhei, eu soube guardar, cuidar, proteger e valorizar. Outras, eu perdi exatamente por não agir assim.

Das coisas que eu ganhei, todas me fizeram crescer, evoluir como ser humano, ter uma consciência mais centrada, mais firme, decidida, tranqüila mesmo.

Do que eu ganhei, me lembro muito bem de quase tudo. Do que perdi também. Ganhei prêmios, elogios, aplausos, às vezes nem tanto (mas faz parte). Ganhei dinheiro, experiência, saúde. Ganhei algum sucesso, mas tão pouquinho que não deu pra subir pra cabeça. Acho que ainda bem.


Ganhei amores, paixões, família, alguns desaforos, outros elogios, ganhei uns sermões, ganhei gritos, de euforia e de desagrado. Ganhei alguns dedos em riste.

Ganhei saudade, espera, demora, gozo, prazer, medo, dor. Ganhei silêncio, complacência. Ganhei ombros acalentadores, palavras sábias, palavras de pouco significado e palavras que feriram como fogo no fundo da alma. Ganhei a necessária experiência pra saber respeitar e ouvir uma mulher quando diz: “te amo”, “te gosto”, “te admiro”, “sou tua”, “és meu”, e noutro dia, para desespero, “fui...” - ainda assim ganhei com a certeza absoluta de que meu amor foi incondicional, minha vontade de acertar foi imensurável e minha dor maior que qualquer uma que tenha lhe imposto, porque infelizmente sou demasiadamente imperfeito. Mesmo assim ganhei. Ganhei porque fui feliz e fiz a felicidade de uns, de outros, de alguns.

Ganhei com quase tudo que perdi. Isso, no fim, parece o mais espetacular. Continuo perdendo e ganhando, assim como fazem os meros mortais. Perdi a hora, perdi as chances, perdi os medos, perdi amigos, perdi gente da família, perdi mulheres espetacularmente perfeitas. Perdi o sono, perdi os sonhos. Mas os reencontrei, sempre.

Sobretudo, ganhei o amor de meu Pai, seu Pai, nosso Pai. E é com ele que tenho andado todos esses anos de minha vida. Procurando ganhar menos que perder mais.

No fundo o que importa são as inesgotáveis lembranças de que tudo que fiz, ainda que errando, fiz como meu mais puro amor.

Hoje, olhando esses dias “calmos” que nos avizinham, tenho a certeza que devo perder menos doravante. É por isso que preciso de você, amiga, que fiz e que, por tanta estupidez (minha e da vida), posso perdê-la. Mas não posso deixar isso acontecer. Porque você é parte da minha vida, da minha história, das minhas conquistas, das coisas todas que eu ganhei. Por favor, me perdoa o imperdoável. Mas não se afaste de mim porque eu não teria motivos pra ganhar qualquer segundo a mais de vida.
* * *
Esse texto é do meu amigo (e músico alagoano) Osman. Chegou num momento em que eu estava meio “perdido”, sem um certo rumo na minha vida. Fiz, claro, algumas adaptações em seu conteúdo (aproximando-o da minha realidade) para posta-lo aqui. Reflete – mais ou menos – o que sinto agora, depois desses meses...
Um abraço, Osman! (e obrigado pela força que nem você mesmo sabe que me deu!)

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