Preocupantes são as noites de insônia.
Quando tentamos amolecer o corpo
e descansar a mente tão pesada.
Mas quem disse que o sono vem?
Ele grita ao longe, avisa que está próximo,
mas nos engana
e nos torna um vivo cadáver à espreita.
Poética seria a descrição desse inconveniente.
Mas dramática é sua realização.
Solitário em seu mundo,
o insone sofre (sente) cada segundo,
em açoites sequenciados de vigília.
Mórbido é o leito em que se deita.
Fria seria a laje em que se contorce.
Quente é o corpo que sua.
Mas não esfria a laje.
E molha o leito,
que parece ferver ao seu redor
como a lava de um vulcão em erupção.
O silêncio é ensurdecedor.
Mas não disfarça os sons da noite.
As gotas da torneira no banheiro,
na copa ou no serviço,
parecem pedras atiradas em janelas.
O grilo, companheiro indigesto,
não pára seu réquiem funesto.
E para mim, um quase-vampiro,
só me resta temer a aurora,
que aos poucos se aproxima,
(e me apavora)
anunciando o raiar de um novo dia.
Novo? O que tem de novo?
Por que tem que ser assim?
(Essa coisa de não ter mais fim...)
(Guilherme Ramos, 22/01/2007, 08h58)
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