3.
Que casa mais FRIA! Brrrrr... Só
faltava nevar lá dentro! Um absurdo! Mais estranha era a impressão de que o
lugar era maior por dentro do que por fora... Mas não... Devia ser a escuridão.
Era só impressão.
De repente, uma sombra. Um ruído
qualquer. E eu, claro, me assustando a toa. Não devia ser nada. Mas... nada faz
barulho? Porra, que sensação de “fudeu” bateu em mim, de repente. Olhei para
trás, pensei em voltar... Mas não. A voz de veludo me contratou para limpar
essa casa e eu vou limpar.
Erroneamente, vocês devem estar
pensando que sou algum tipo de faxineiro. Não, não sou. Alías, até sou, mas não
de poeira, sujeira normal. Eu limpo casas... de almas sebosas. Sim! Sebosas!
Aquelas que não se tocaram que a vida acabou pra elas, que elas são apenas
vapor de adubo humano, pré-merda astral rumo ao oblívio. Que seu apego as
prendeu num canto podre da terra e que eu sou seu instrumento de libertação. As
demais... que descansem em paz.
- Merda de casa velha... – Eu me
sentia rezando um terço para exorcizar um demônio. É, não surtiria efeito. - Mas
que merda eu estou fazendo aqui?
- Q...Q...Quem está aí? – Disse
uma vozinha esquisita, vinda do fim do corredor.
Mesmo querendo ficar onde estava,
meu corpo foi impelido para a escuridão, num convite irrecusável jamais
sentido. Seria a morte me chamando? Ou a coragem inesperada do desespero? Curiosidade?
Era pagar pra ver. Nem que fosse com a vida.
(Guilherme Ramos, 20/06/12, 23h19. A terceira
parte da história. Está fluindo. Escrita automática é uma loucura. Você não pensa muito. Escreve, escreve, escreve... E a história se cria. Nesse capítulo, fiz muitas modificações do original. Não sei se devia, mas revisei e cortei um pouco do "humor negro" que estava surgindo. Meu estilo é mais sombrio. Até amanhã e até o capítulo 4!)
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