domingo, 6 de outubro de 2013

E, Aí?


E, aí, você escolhe ser artista porque deseja se utilizar da matéria dos sonhos para ser feliz.
E, aí você decide se apaixonar por alguém que também deseja a mesma coisa.
E, aí, vocês seguem caminhos diferentes. Iguais, apenas os sentimentos um pelo outro.
E, aí, você vê o tempo passar e nada mais diferente acontecer.
E, aí, você descobre que ser artista é sentir muito mais do que muitos tentam esconder.
E, aí, você se lembra daquela pessoa maravilhosa, que um dia esteve ao seu lado. Que o destino, funesto, separou vocês.
E, aí, percebe que a vida é sua. Totalmente sua. E nem mesmo o destino tem nada com isso.
E, aí, você pega sua mochila e corre atrás de seu amor, porque sabe que seus sonhos de nada adiantam sem ele ao seu lado.
E, aí, você não o encontra. O mundo é grande o bastante para afastá-los a cada nova rotação e translação.
E, aí, você vive um momento simbólico de luto e a emoção se aquieta.
E, aí, quando menos espera, a pessoa ressurge do nada e, num sorriso, faz tudo voltar outra vez. O coração acelera, os olhos brilham, a poesia ressurge...
E, aí, sua inspiração também retorna, com se nunca tivesse lhe emprestado nenhuma palavra. E você escreve sem parar.
E, aí, você percebe que está sonhando acordado, no desejo de que suas aspirações se realizem e que seu amor – ainda ausente – retorne.
E, aí, pode ser que volte. Também pode ser que não.
E, aí, você se dá conta de que amou – de verdade – na vida.
E, aí, descobre que é preciso amar novamente.
E, aí, você escolhe ser artista porque deseja se utilizar da matéria dos sonhos para ser feliz.
(...)
E, aí?


(Guilherme Ramos, 06/10/2013, 00h07.)

Imagem: Google.

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