A pequena ainda estava em boas mãos. Frágil. Inocente. Bela.
Como pode uma vida tão minúscula, possuir tamanha grandeza?
E assim, mais uma história preparava-se para ser contada.
Ser mãe não é, apenas,
ser genitora. –
Pensava. – É uma série de mudanças radicais que se assume na vida. É uma trilha
acidentada, repleta de emoções, mistérios, sofrimentos, desafios e surpresas (boas
e más) impossíveis de serem entendidas, se não forem vivenciadas. Porque esse
estado de espírito, mente e corpo, é mais do que se pode explicar. É preciso
transmutar-se, transfigurar-se, transcender-se a mais elementar e complexa fase
humana.
Sempre haverá mudanças
em nossas vidas. –
Lembrava. – Grandes ou pequenas, elas sempre serão mudanças. Mudamos de
relacionamento, mudamos de endereço e até mesmo de opinião. Mudança é bicho
teimoso. Não se conforma com o que tem. Há sempre necessidade de ir. Além.
E grandes mudanças são
como partos. –
Acreditava – Ora naturais, ora cesarianas. Surgiam no tempo certo ou eram
forçadas. No fim, paria-se o efeito. E tudo que foi algum dia, totalmente acreditado,
terminava completamente desfeito.
Mas como saber de tudo
isso, se havia tão pouca experiência? – Refletia. – Era tão jovem, tão solitária, em meio a tantas
dúvidas... Os porquês lhe pareciam inalcançáveis, inatingíveis, até. Era um
momento de curiosidade, de saber a verdade, venha ela de onde vier.
Vai. Seja o que quiser.
– Escutava. – E foi.
Inicialmente, a luz lhe pareceu incômoda, assustadora. Mas o desconhecido é
sempre assim. Era uma questão de tempo. Para se acostumar. Até poder curtir. Como
infância. Depois, viria a adolescência, a maturidade, a velhice e, enfim, a
morte. O fim de um ciclo. Um novo começo. Mas esse assunto seria uma outra
história.
Pequena, ainda estava em boas mãos. Bela. Inocente. Frágil. Como
pode uma vida – que será tão grande um dia – ter sido tão minúscula?
Mas, por enquanto, era só isso.
Hora de nascer...
(Guilherme Ramos, 10/05/2013, 14h. Inspiração pela proximidade do Dia das Mães?...)
[Mais um conto da série... “Sobre Mulheres e Fêmeas”...]
Imagem: Google.
2 comentários:
Que visão tão bonita da confusão que se passa na cabeça de uma grávida... Parece que o espírito de dia das mães passou por aqui, né? Parabéns pelas palavras tocantes!
Abraços
umtantocliche.blogspot.com.br
Perfeito!
Uma forma poética de substituir cansaço, desilusão e todo esse amor que não cabe no peito.
Como mãe, agradeço por esse texto.
bjuuuuu
Postar um comentário
Sua participação aqui é um incentivo para a minha criatividade. Obrigado! E volte mais vezes ao meu blog...