sexta-feira, 10 de maio de 2013

Materna Idade




A pequena ainda estava em boas mãos. Frágil. Inocente. Bela. Como pode uma vida tão minúscula, possuir tamanha grandeza?

E assim, mais uma história preparava-se para ser contada.

Ser mãe não é, apenas, ser genitora. – Pensava. – É uma série de mudanças radicais que se assume na vida. É uma trilha acidentada, repleta de emoções, mistérios, sofrimentos, desafios e surpresas (boas e más) impossíveis de serem entendidas, se não forem vivenciadas. Porque esse estado de espírito, mente e corpo, é mais do que se pode explicar. É preciso transmutar-se, transfigurar-se, transcender-se a mais elementar e complexa fase humana.

Sempre haverá mudanças em nossas vidas. – Lembrava. – Grandes ou pequenas, elas sempre serão mudanças. Mudamos de relacionamento, mudamos de endereço e até mesmo de opinião. Mudança é bicho teimoso. Não se conforma com o que tem. Há sempre necessidade de ir. Além.

E grandes mudanças são como partos. – Acreditava – Ora naturais, ora cesarianas. Surgiam no tempo certo ou eram forçadas. No fim, paria-se o efeito. E tudo que foi algum dia, totalmente acreditado, terminava completamente desfeito.

Mas como saber de tudo isso, se havia tão pouca experiência? – Refletia. – Era tão jovem, tão solitária, em meio a tantas dúvidas... Os porquês lhe pareciam inalcançáveis, inatingíveis, até. Era um momento de curiosidade, de saber a verdade, venha ela de onde vier.

Vai. Seja o que quiser. – Escutava. – E foi. Inicialmente, a luz lhe pareceu incômoda, assustadora. Mas o desconhecido é sempre assim. Era uma questão de tempo. Para se acostumar. Até poder curtir. Como infância. Depois, viria a adolescência, a maturidade, a velhice e, enfim, a morte. O fim de um ciclo. Um novo começo. Mas esse assunto seria uma outra história.

Pequena, ainda estava em boas mãos. Bela. Inocente. Frágil. Como pode uma vida – que será tão grande um dia – ter sido tão minúscula?

Mas, por enquanto, era só isso.

Hora de nascer...

(Guilherme Ramos, 10/05/2013, 14h. Inspiração pela proximidade do Dia das Mães?...)

[Mais um conto da série... “Sobre Mulheres e Fêmeas”...] 

Imagem: Google.

2 comentários:

Unknown disse...

Que visão tão bonita da confusão que se passa na cabeça de uma grávida... Parece que o espírito de dia das mães passou por aqui, né? Parabéns pelas palavras tocantes!

Abraços

umtantocliche.blogspot.com.br

Irreparável disse...

Perfeito!
Uma forma poética de substituir cansaço, desilusão e todo esse amor que não cabe no peito.
Como mãe, agradeço por esse texto.

bjuuuuu

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