- Ah! Pelo amor de Deus, amigos meus! A quem vocês querem que
eu engane?
E o silêncio, apenas, foi sua resposta.
- Já esperava por isso. Tem certas horas que não podemos
contar uns com os outros. Não é uma questão de ser - ou não ser - amigo.
Verdadeiro. É por uma simples questão de lógica: precisamos cuidar - nós mesmos
- dos nossos problemas. Por que envolver mais gente nisso? Não que eu ache um
desabafo desnecessário, mas, tem hora pra tudo! Agora mesmo. Quem se importa se
estou bem ou se estou mal? Cada um tem a sua vida. E muito o que cuidar. Que se
danem os supostos donos de minha vida! Eles não pagam minhas contas! Só querem
se meter e reclamar. Criticar meus atos, minhas escolhas. Reclamar que estou
solteira, que arrumei namorado, que me separei. Falar mal dos outros para mim,
mesmo eu sabendo que eles fazem a mesma coisa com os outros, sobre mim. Uma
grande fantasia, essa que eu visto. Que finjo ser alguém para os outros se
contentarem. E eu? Como fico? Como ficam meus dias e noites, sem referência de
mim mesma? Onde ficará meu legado para o mundo? De que adianta ser mais uma
cópia da sociedade? Uma cópia mal feita de qualquer uma? De uma qualquer. De
uma “unzinha”. Não quero isso. Quero fazer minha história. Quero me fazer
mulher. Que sou. Que posso ser melhor. Porque nem só de compras e futilidades é
feita uma fêmea da espécie. Mulher de verdade, tem salto alto para pisar no
calo dos outros e não fazer calo em si. Mulher de verdade é livre para fazer o
que quiser, Porque ela quer. E não porque querem que ela queira. Isso é lenda,
história pra boi dormir. Intriga de marketing para que os homens se achem mais.
“Se achem”, porque é uma maioria de perdidos. Perdem-se em seus sonhos.
Perdem-se em suas meias verdades. Perdem-se em nossos braços. Baratos. São uns
baratos mesmo. Vendem-se por um beijo e um sexo requentado. Nos braços de uma
mulher, são corpos que passam pelo feminino. São filhos. São amantes. Não
irmãos. São homens. São tesão. São sexo. Complexo? Não. Sem nexo? São. Assim
como nós. Mulheres. Entender-nos é tão difícil - senão mais - que sobreviver à
queda em um precipício. Nem nós nos entendemos. E nem queremos. Porque fomos
feitas do mesmo material dos homens e de seus sonhos. Apenas com algumas
melhorias. Algumas quentes, outras frias...
Silêncio total. Pausa no recinto. Palmas. Mais palmas. Muitas
palmas. Aplausos. Mais aplausos. Muitos aplausos.
- Ficou bom? – Disse ela.
- Ficou ótimo! Excelente! Nunca vimos uma performance tão
convincente! Os deuses do teatro devem estar orgulhosos de você, nesse momento.
- Quem bom. - Sorriu. Desceu do palco. Saiu do teatro. E
pensou - Agora, basta eu fazer a mesma coisa na minha vida...
(Guilherme Ramos, 14/05/2013, 23h40.)
[Mais um conto da série... “Sobre Mulheres e Fêmeas”...]
Imagem: Google.
1 comentários:
Bem real!!
Quando a gente acha que ela já está fazendo isso na vida dela, na verdade ainda não, e talvez nunca faça.
Pelo menos ela sabe o que deveria fazer, não é? rsrs
bjus
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