quarta-feira, 22 de maio de 2013

Por Acaso, um Casal



"Tempo... Calma... Vida. Problema ou equação a ser resolvida/vivida?"

Ela- Chega a ser poético.

Ele- Viver dói. Assim, se constrói. Somos fortes e valentes, somos valetes ou reis, na linha de frente. Em frente! E enfrente. O desafio: viver por um fio? Seja no calor, seja no frio. Confie. Em você. Eu confio. 

Ela- As emoções em corda bamba, até parece samba. Samba da vida. Se fosse do outro lado da lagoa poderia ser um FADO, rasgado, doído! Assim é a vida, assim somos todos nós que ousamos a viver a vida.

Ele- Por isso AMO poesia... Você faz uma rima aqui, vem outra poeta e faz mais outra ali... (Adoro esse mell*, essa jóia sem preço... amo tanto, mais do que mereço!)

Ela- Somos poetas porque assim a vida nos ensinou a ser. Sensíveis a ponto de extrairmos mell* do limão mais azedo. (Adoro esse menino dos cachos que balança a cada passo, a cada vento que bate, como se fosse criança).

Ele- E esse menino-homem (mas sempre criança) adora adorar, adora provar o Mell* das palavras (ben)ditas por outras poetas. Porque assim, ficam portas, janelas, sempre abertas, prontas para o que está por vir. E essa, é a melhor parte: boas novas para sempre vem. E ficam. Nunca hão de partir. 

Ela- E homem se faz pelo caráter... Caráter esse construído quando criança ainda era... Caráter que se espera de alguém tão valioso... Quando criança ainda, correndo descalço e um sorriso largo, feliz com a ingenuidade do mundo. Esperava crescer, ficar gigante, alcançar a lua e colher diamantes. E tem logo dois! E nem precisou ir tão longe.

Ele- Mas de nada adiantaria tamanha grandeza, tamanha riqueza, sem as preciosidades que colheu ao longo da vida: a felicidade (de ter amig@s), a força (de fazer o bem), a velocidade (de bons pensamentos), a alegria (de viver) e o exercício (do perdão). Foi assim, meio sem querer, que ele se fez homem. E, com a mulher ao seu lado, criou laços tão fortes que jamais os romperia por qualquer coisa. E assim foi. Sendo. Ele mesmo. Mas sendo mais. Mais o que podia de mais importante. Ao lado de tod@s. Mesmo distante. Porque sabia que nem sempre podemos estar ao lado de tod@s, mas é possível acompanhar tant@s quanto forem possíveis nas lembranças e no coração.

Ela- E assim o lobo** continua sendo o HOMEM-MENINO/MENINO-HOMEM. Amigo sem impor nada, apenas um olhar alegre de quem deseja ser livre. E livre é. Tantos foram os tempos. Nem tanto assim. Um reencontro, possivelmente predestinado, possível de acontecer. Por termos sempre algo em comum, um laço de fita tão bonito que encanta quem dele se enfeita. A Tragédia, o Drama, a Comédia e o Melodrama. Nossa vida de ser artista resiste, consiste em semelhanças. A vida, o oficio e as semelhanças embaladas num contexto de esperança. Assim, estaremos sempre juntos em um palco qualquer por sermos iguaiszinhos e guardarmos lembranças tão parecidinhas.

Ele- Poesia: palavra em maestria. Isso, o mell* transborda sem se importar. Deseja mais do que o próprio amar. Deseja estar. Perto ou longe, sempre faz o efeito que quer: seja no homem, seja na mulher. O importante é o espetáculo; importante é o além-mar. Importante é estar feliz; importante é feliz estar. Por isso, de hoje em diante, não tem como esconder: se sou feliz, sou o que sou, sou o que soou: sou. Texto, cena, contexto. Tendo razão ou sem noção. Mas a loucura de ser assim, isso nos faz tão felizes. Sempre. Sem fim.

Ela- E a felicidade se fez em palavras belas, feitas só pra ela, só pra ela. E dela extraiu-se o mell*lhor. E a loucura não faz parte de um todo? Da cabeça até o dedão do pé, sem chulé! Sou louca por querer amar, por assim estar. Viajar, sem um passo dar, para o além-mar. E quem dera ser mais louca ainda, ser mais ousada ainda, ser mais feliz... ainda? Outros palcos, outras vidas, outras falas. Outro caráter, jamais. Apenas emprestados, falsificados para a estreia do espetáculo armado, ensaiado, apresentado. Que sejamos belos sem sorrisos amarelos para não descolorir a obra prima. Sem desconstruir a arte, sem modificar a obra do artista tímido.

Ele- E poder voltar no tempo, só para refazer o mesmo caminho, repassar pelos mesmos momentos, divertir-se mais de uma vez, mesmo sabendo o final (feliz) que encontraríamos. Porque essa insensata sensação é muito mais do que uma vida pode explicar. Permitir. Realizar. Isso é viver! Isso é estar! Bem. Ao lado de alguém. Que nos faz bem. E segue o relógio do tempo, "irretornável", preparado para o que der e vier. De novo, novamente, outra vez e sempre. Porque o que queremos é sermos felizes. Sempre. Eternamente. Até que tudo comece outra vez...

Ela- Vou responder sem temer, sem tremer, sem pensar no que há de ser. Hoje a vida deu mais uma volta. E as outras? Que a verdade seja dita, desdita, repetida, expelida. Cuspida, escarrada como um NÃO na cara. Que maldade é um NÃO. Que infelicidade pode ser um SIM. Um TALVEZ é enlouquecedor. Porta fechada é sinal de que se perdeu a chave ou não a encontrou. A minha casa está sempre com as portas abertas, escancaradas. Quem quiser pode entrar. Difícil é ficar. Porque não deixo, não ocupa espaço, não enfeita minha sala nem a deixa mais bela. Sou sincera, não espera que o tempo passa. Os olhos abertos, espertos, olha para o colorido do arco-íris e diz: Como é lindo, ali eu vou ser mais feliz. E o que diz? Nada. Por nada ser e a nada pertencer. Que pena, que engano ridículo, fez-se bonito sem lindo ser.

Ele- E você se desnuda de forma tão prazerosa nas palavras, que tenho vontade de despi-la de verdade. Primeiro, risos, depois... roupas.

Ela- Verdade. Eu não desperdiçaria palavras para falar inverdades, jogá-las ao acaso.

Ele- Acaso? Eu e você? Do jeito que vamos, as roupas se vão, do piso ao chão, antes mesmo de nos encontrarmos! Através de rimas ilógicas, metafóricas. Hoje, ontem, sempre estamos assim. Desajeitados, ajeitados, desmedidos. Sempre fomos insinuantes, inconstantes e contidos. O que fazer quando o caminho é curto, mas o atalho é tão comprido?

Ela- Talvez (re)fazer, (re)construir outro atalho, outro caminho.

Ele- Aceito. Contanto que não faça isso sozinho...

(Crônica quase dramatúrgica atemporal de Guilherme Ramos e Mell Xavier, baseada na divagação de Analice Souza, em 07/05/2013, às 00h40, pelo Facebook. Revisado e editado em 21/05/2013, 20h.)

(*) Alusão ao nome da autora.

(**) Referência ao autor.

Imagem: Google.

0 comentários:

Postar um comentário

Sua participação aqui é um incentivo para a minha criatividade. Obrigado! E volte mais vezes ao meu blog...

 
;