sexta-feira, 21 de novembro de 2008 0 comentários
Entrevista concedida a Eduardo Proffa ("A Villa Caeté em Revista", hebdomadário nº 07 - de 21 a 30 de novembro de 2008), amigo e irmão-de-arte. Valeu, cara! Obrigado pela oportunidade!
E você? Quer receber a Villa? Então, manda um e-mail para eduardoproffa@yahoo.com.br ou eduardoproffa@hotmail.com e seja mais um morador!


A Villa Caeté em REVISTA

Um cara meio insano, um cara muito coerente, um cara muito honesto, um cara muito “gente”... Conheci-o no Colégio Sagrada Família... Fazia música, fazia teatro. No seu ciclo figuras ilustres povoavam junto ao seu universo criativo. Anos mais tarde, encontro-o com a mesma sede e a mesma desenvoltura. Um pouco mais maduro, um pouco mais atrevido, um tanto assim de coragem, outro tanto louco varrido... E acima de tudo um sonhador... Senhoras e senhores Guilherme Ramos...

01 – A Villa - Quem é Guilherme Ramos?
Guilherme – Um sonhador. “Insone sonhador”, às vezes. Prefiro lembrar que sou ator, diretor, dramaturgo, músico prático, artista multimídia... Enfim, gosto de muitas áreas. E tento vivenciá-las sempre que possível. Atualmente, estou tentando ser escritor mais do que qualquer outra coisa. Existem, ainda, os “títulos” – não posso fugir deles: Especializando em Ensino da Arte - Teatro (UFAL), Especialista em Gestão e Organizações Sociais (UFS), Arquiteto e Urbanista (UFAL) e a “gestão cultural” – minha escolha profissional: Coordenador Artístico-Cultural do SESC/AL, idealizador do Centro de Difusão e Realização Artístico-Cultural (CDRAC), onde são desenvolvidas atividades diversas nas cinco principais linguagens artísticas do Regional (Artes Cênicas, Música, Literatura, Artes Visuais e Audiovisual); Coordenador do Ponto de Cultura Circo-Escola de Incentivo às Artes (C.E.I.A.), aprovado pelo Ministério da Cultura (1º edital), que realiza oficinas de teatro, dança, música, inclusão digital e sustentabilidade cultural urbana - metareciclagem para jovens alagoanos.

02 – A Villa – Quando você ingressou no Teatro?
Guilherme – Comecei a ter idéias e escrever alguns textos em 1984. Autodidata. Só ensaiei de verdade em 1987, no Teatro Amador Sagrada Família (TASF), grupo do colégio onde estudava, sob direção de Alberto do Carmo. Profissionalmente, só em 1994, quando tirei minha DRT de ator. Com muito orgulho!

03 – A Villa – Qual era o “universo” teatral alagoano, naquela época?
Guilherme – Ihhhhh... Eu era um adolescente. Não tinha uma visão “apurada” sobre o assunto. Estava começando a fazer teatro. Mas olhando hoje... Bem, a impressão que tenho é de que a “geração teatral de 80/90” em Maceió era mais “prática” que “teórica” (Risos). Acho que isso vai causar polêmica (Mais risos). Eu explico. Das “experiências que tive” não vivenciei o uso direto da teoria teatral – como é tão comum hoje, sobretudo nos grupos mais recentes. Os artistas cênicos da época ensaiavam e, durante o processo, poucos criavam caso com correntes estilísticas, pensadores e/ou pesquisadores teatrais. Havia “mão na massa”. Trabalho duro. Depois, algumas das ações eram esmiuçadas e éramos apresentados a alguma referência – Falava-se, por exemplo: “o fato de você usar uma lembrança triste para chorar, é uma técnica do Stanislavski. Quer saber mais? Leia.” Era assim. Perceba que esse é o “meu” ponto de vista. De alguém que estava começando a conhecer o teatro e suas técnicas – um mero neófito.

04 – A Villa – Quando você decidiu dedicar-se ao teatro, um pouco mais além do palco?
Guilherme – Já no início... Sempre fui atrevido (Risos).

05 – A Villa – A mudança de Ator para Diretor, Escritor, Produtor, e outros “ors”, foi natural e paralela? Ou, se deu por alguma necessidade pessoal ou casual?
Guilherme – Quando menos esperei, estava escrevendo, atuando, dirigindo, fazendo trilhas sonoras, iluminação, cenografia, figurino, material gráfico... Nossa! Acho que era uma deficiência – ou um vício – da minha geração. Não tínhamos muita gente “especializada” nessa ou noutra função e acumulávamos. Hum... Isso perdura até hoje em alguns grupos, certo?

06 – A Villa – O que é o Teatro da Meia-Noite? Como surgiu essa idéia? Como ele está “sobrevivendo” no estado?
Guilherme - Companhia Teatro da Meia-Noite Artistas Associados (CTMNAA). Um nome e tanto. “Juridicamente” é uma sociedade civil, sem fins lucrativos, com fins culturais, que tem por finalidade contribuir para o desenvolvimento da arte e cultura alagoana, mediante o fomento, a promoção, o planejamento e a execução de atividades artísticas, realização de cursos, seminários, palestras, encontros, eventos e intercâmbios. Foi criada em 2001, através de um grupo de amigos que amavam fazer teatro, mas só tinham tempo de se reunir às altas horas da noite. Então, depois de uma sucessão de madrugadas de muito trabalho e pouco sono, surgiu - de repente - um nome tão “sinistro” - mas tão sonoro - quanto o texto que estava sendo escrito: “Companhia Teatro da Meia-Noite”. E por que não? A noite, a madrugada, são as maiores companheiras de um artista. E à meia-noite, tudo pode acontecer... Sobre sobrevivência: o grupo realiza capacitações artísticas no Estado – e fora dele – além de produções/eventos em geral. O teatro empresarial – onde o cliente “encomenda” um determinado espetáculo para seus colaboradores e/ou clientela também ajuda a “pagar as contas” da trupe.

07 – A Villa – Sua obra é bem extensa, fale-nos um pouco de suas peças. Ganhou algum prêmio?
Guilherme – Olhando direitinho, acho que já escrevi mais de sessenta textos – originais e adaptados – entre espetáculos, performances e esquetes. Prêmios? Sim, devido a participações em festivais estudantis e na famosa (e finada) “Mostra de Teatro Alagoano”: cenografia, figurino, iluminação, sonoplastia, atuação (IV Mostra, 1989), direção e espetáculo (ambos na VI Mostra, 1996). Já fui selecionado para compor a antologia poética "Diversos", livro publicado em 2005 pela Andross Editora/SP, mas curiosamente nunca tive um texto teatral premiado. Acho que devo escrever mesmo muito mal! (Gargalhada. Depois de uma pausa, um suspiro saudoso e leve pesar) Prêmios em teatro... Isso faz parte do passado. Eu tive sorte nisso. Hoje, Alagoas carece de premiações desse tipo. Refiro-me aos bons “festivais de teatro” que tanto encantavam nossa terrinha. É irônico ver grupos mais recentes terem premiações em outros estados e nenhum aqui.

08 – A Villa – Alagoas tem público, cativo? O que mudou?
Guilherme – Tem e não tem. Sabemos que há público certo para a comédia. Em todo o país. O brasileiro não tem paciência para o drama, a tragédia; quiçá o alagoano – Mas sempre há exceções, ok? Sou, inclusive, uma delas. Mas hoje, o “riso fácil” atrai mais o público. Não vejo mal nenhum nisso. Contanto que coexistam produções mais “artísticas”. Todos precisam ganhar dinheiro, inclusive, o artista cênico. Não sejamos “radicais”, certo? Mas, normalmente, não assisto a esse tipo de espetáculo. Numa boa.

09- A Villa – Para fazer produção artística no estado é um sufoco, como você dribla isso?
Guilherme – E quem disse que eu driblo? (Risos) Já fiz apresentação teatral para uma platéia vazia! E olha que a entrada era franca! Na maioria das vezes, tento negociar com colégios/escolas e garantir público pagante em certos dias, para compensar a temporada – E o público espontâneo.

10 - A Villa – Num contexto abrangente. O que temos de inovador nos nossos palcos?
Guilherme – Eu vejo as linguagens artísticas cada vez mais interligadas, com conceitos e argumentos convincentes. Teatro, dança, literatura, vídeo, música, artes visuais... Um sem-número de experimentos cada vez mais ousados. Isso mostra – na minha opinião – uma oposição (sem qualquer caráter pejorativo) à “geração teatral 80/90”. Lá, havia muita “prática” e pouca “teoria”. Hoje, os papéis se invertem. Há “teoria” em quase tudo. Só me preocupa o bom uso da “prática”. (Risos) Meu receio é o resultado ser muito “conceitual”, muito “cabeça” e não se atingir o público a quem se destina a proposta. Hum... Às vezes, penso que algumas propostas querem justamente isso! (Risos) Vá entender!

11 - A Villa – Aos poucos outros nomes vão surgindo e se unindo a Pedro Onofre, Homero Cavalcante, Ronaldo de Andrade e Alberto do Carmo. Dessa sua geração, quem vem fazendo um trabalho de formiguinha e quem já está com o nome sedimentado?
Guilherme – O Lael Correia também. Aliás, as gerações pós-Lael (Julien Costa, Nilton Resende, Fátima Farias), pós-Alberto (eu, Lima Neto), pós-Mauro Braga (Paulo Sarmento, José Maciel) entre outros, estão aí, na luta. Cada um do seu jeito. Confio na nova geração, muitos vindos do Curso de Teatro - Licenciatura/UFAL (que chegou a ser extinto na década de 90). A turminha que ainda não é “Balzaquiana” tem muito o que mostrar. E terão tempo. Porque quem tem o nome sedimentado mesmo está saindo ou já saiu do Estado. Vai estudar nos grandes centros. Não está errado, não. O problema é que não volta a Alagoas. E, quando volta, enfrenta dificuldades ideológicas. Não segue com a vida acadêmica. Frustra-se? Talvez. Os demais, assim como eu, continuam a fazer o trabalho de formiguinha (não cito nomes, porque o “formigueiro” é grande!) pra “Villa Caeté” não parar.

12 – A Villa – Teatro é para fazer rir ou chorar; reflexão ou lazer; cultura de base construtiva ou banalidades? Comente.
Guilherme – O teatro pode ser tudo isso. Não depende do ator, do diretor, enfim, do grupo estipular as “regras”. Depende do que o público faz com a informação que lhe é passada. Acredito no teatro como Arte; não como um “salvador” ou “corruptor” de almas. Se usarmos como metáfora as nossas programações de rádio e televisão... Nossa! Dá uma nova entrevista! (Risos)

13 – A Villa – Uma dúvida de espectador: Como você vê a nova Cena Caeté? Não estão abusando de caracterizações, demasiadamente pejorativas, e até de gosto “pra lá de duvidoso” para chamarem a atenção do público?
Guilherme – Sim. Já falei sobre isso nas perguntas 08 e 12. E repito: todos precisam ganhar dinheiro. Boa sorte! Só torço para que a “Cena Caeté” mantenha um mínimo de qualidade artística quando estiver propondo fazer Arte. Projetos tachados de “comerciais” vem e vão. Sou indiferente. Muitos são. Com a Arte deve ser diferente. Deve-se fazer História. Do contrário, o que deixaremos para as futuras gerações?

14 – A Villa – Você tem “mil” projetos. Quais são os mais urgentes?
Guilherme – Não queria usar a palavra “urgente”. Dá uma idéia de algo que não foi feito no tempo certo, né? (Risos) Até porque, faço tanta coisa ao mesmo tempo que isso poderia se tornar realidade! (Risos) Ah!... Falei que estou “tentando” ser escritor. Há um livro em mente. Na realidade, dois: “Bloguesia” (aos poucos vai ficando pronto, por ser derivado de meu blog – www.filhosdosempre.blogspot.com) e “Samsara – Os Filhos do Sempre” (romance). Este último é que me preocupa! Tantas idéias, tantas pesquisas (desde 1999) e, até agora, só consegui fechar 16 capítulos – que estou re-escrevendo...

15 – A Villa - Seu momento para finalizar a Entre & Vista a Villa?
Guilherme – Primeiro, agradecer a oportunidade de poder me apresentar aos seus seletos leitores:

Apesar da distância que a vida insiste,
Resiste e persiste em nos impor,
Nossas loucuras não são ameaças;
Tampouco trapaças, sem razão de ser.
Não fico, apenas, do mundo, a mercê,
Tão simples, singelo, sem ter nem pra quê.
Piadas sem graça, insultos de graça,
Podem até me denegrir (Podem ir! Podem vir!)
Mas não vou me negar a possibilidade de rir
De quem ri - ou não ri de mim mesmo?
Sabe lá Deus, se andamos a esmo!
Porque com a vida, aprendi a fazer
O que insistem, comigo, somente esconder.
Fazer o que digo não é, realmente, um perigo;
Mas, pior, é não saber mesmo escolher.
Por isso sonho - mas me imponho:
Que nada (nunca, jamais) deixará de ser
Um artigo medonho, por vezes, enfadonho,
Quanto estar sozinho, sem alguém pra dizer
Qualquer rima tola. Principalmente... você.

(“Rima Tola”, Guilherme Ramos)

A você, que me lê... FOI UM PRAZER!
segunda-feira, 17 de novembro de 2008 0 comentários

Literatura

Literatura é ler o mundo. Não só com os olhos mas, acima de tudo, com o coração.

(Guilherme Ramos, 12/11/2008, 7h3o, a caminho de Teotônio Vilela/AL, para a "Pré-Jornada SESC Alagoas de Literatura - 70 Anos de Vidas Secas")
domingo, 16 de novembro de 2008 1 comentários

Gostar de Ler

"Outro dia me perguntaram por que eu gostava tanto de ler. Vejamos. Ler é melhor do que ir ao cinema, viajar ou usar porcarias que tiram o sujeito do sério. Ao ler você produz, dirige e estrela o filme dentro de sua cabeça; viaja sem os inconvenientes da viagem; e penetra em mundos dos quais volta mais humano e mais sábio. Nada expande mais a consciência do que um bom romance ou qualquer livro inteligente. Pensando bem, ler é a segunda melhor coisa do mundo. A primeira é escrever. A que você está pensando é hors-concours."

(Ruy Castro)

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Texto enviado por minha amiga Silvania Silva. Valeu, menina! Ele tem tudo a ver comigo! Quando eu "crescer", quero escrever igual a ele! Rsss... Ah! E concordo quanto à coisa "hors-concours"... Kkkkkk... Bjuxxxxxxx!!!!...
sexta-feira, 14 de novembro de 2008 0 comentários

Começar a Amar

"A gente começa a amar, por simples curiosidade, por ter lido num olhar, certa possibilidade."

(Paul Lefêvre, dramaturgo francês)

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Enviada por Analice Souza (atriz e pessoa FANTÁSTICA). Menina, essa frase é 10! Vou pesquisar mais sobre Lefêvre). Beijos!!!
 
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