domingo, 27 de abril de 2014 0 comentários

O que Dizem (Sobre Mim)


Disseram que eu estava morto. Mas eu não me sinto morto. Mortos são os que me cercam, envoltos em sua nuvem de descasos.
Disseram que eu parei no tempo. Mas eu não parei no tempo. Eu apenas reservei um momento para observar ao meu redor. Às incoerências que me cercam e me cegam, às vezes me atrasando mais e mais, sem chance de reverter o processo.
Disseram que eu nada tinha a dizer. Mas como falar algo, se os outros nunca param de falar? Fala-se em demasia. Diz-se pouco. Expressa-se demais. Entende-se de menos. Esse mundo desordeiro me assusta. Sou apenas eu. E nada mais.
Disseram que eu sonho demais. Sonhar é necessidade básica. Como respirar. Como comer. Como dormir. Como beber. Água. Sobrevivência sobre vivência. O que mais poderia querer? Eu só quero ser feliz. Nem que seja por um triz.
Disseram que eu nada tinha a dizer. Eu me calei. Para quem mais questionar? Meu silêncio fez-se tão alto que incomodou os incautos. Disse até mais do que eu poderia querer. Disse sem ter dito. Fiz-me ser entendido - o que foi bem melhor.
Disseram-me que eu era um tolo. E sou. Tolo por permitir que me julguem tolo. Julgar-me? Por quê? Para quê? Julgar é um direito dos que sabem o que fazer com as provas. Mas, provavelmente, quem me falou tamanha bobagem nada tinha de sábio. E, tão pouco, o que fazer com fatos.
Disseram-me que eu não era nada. E nada sou. Mas sou mais do que podem imaginar. Sou o que sou. E isso me faz diferente. Único. Exclusivo. Eu mesmo.
Disseram-me. Uma porção de coisas. Mas nada me falaram. Em nada me completaram. Apenas me partiram. Em vários pedaços, por causa do que viviam dizendo. E eu, aqui, frustrado, esqueci que estava vivendo. Isso, sim, é mais importante.
Disseram-me que estavam errados. Pediram desculpas. Eu aceitei. Porque nada do que eu fiz - ou faço - pode me dar a absoluta certeza de que estou certo ou errado. Viver é o grande desafio. Certo ou errado, é preciso viver mais. Melhor. Sempre. O resto é piada. Sem graça, nem cabimento.
Disseram. Disseram. Disseram. E não falaram. Falaram, falaram, falaram. E não foi pouco. Escapei por pouco. É bom ser surdo de opiniões. Alheias. Ter a sua sempre é mais vantajoso do que emprenhar pelos ouvidos. Ser sua própria opinião é o GRANDE segredo. Da vida.
Porque disseram. E repetiram. Que eu estava morto. Mas a vida é minha. E quem sabe dela sou eu. Eu estou vivo. Independentemente do que dizem ou deixam de dizer.
Sim, eu estou bem. E você? Também?

(Guilherme Ramos, 26/04/2014, 2h49.)
Imagem: Google.
sexta-feira, 18 de abril de 2014 1 comentários

Esquece esse Fantasma que te Assombra


Esquece esse fantasma que te assombra.
Pode ser um desejo,
Um objeto,
Uma pessoa,
Uma lembrança,
Ou você mesmo.
Esquece esse fantasma que te assombra.
Porque ele não vai ajudar em nada.
Vai atrapalhar, incomodar,
Fazer entristecer,
Fazer chorar,
Enfim...
Esquece esse fantasma que te assombra.
Porque fantasmas existem.
E nos cercam.
Mas tem a pós-vida deles.
Nada (mais) temos a ver com eles.
Esquece esse fantasma que te assombra.
Fantasmas são a prova cabal
De que existe vida após a morte.
A “nossa” vida.
A “morte” deles.
Dos fantasmas.
Esquece esse fantasma que te assombra.
Se estamos vivos, devemos viver.
Bem.
Mais.
Além.
Amém!
Ah!
E amem.
(Também...)

(Guilherme Ramos, 18/04/2014, 15h14.)

Imagem: Google.
terça-feira, 15 de abril de 2014 0 comentários

Composição


E foi assim:
Ele compôs uma melodia para ela.
Pelo amor que sentia.
Pela falta que ela fazia.
Pelas lembranças que surgiam.
Por ele.
Por ela.
Pelos dois.
Eram acordes maiores.
Um ou outro acidente.
Como foram eles, em momentos atrozes.
Casal difícil.
Tão iguais, de tão diferentes.
Tão tristes, mesmo tão sorridentes.
Mas o amor não se compõe tão simplesmente.
Ele se cria, se concebe, de maneira exigente.
E assim foi:
DÓ. De SI. Do que sentia.
LÁ, nada mais podia fazer.
Sem ela, DOrmir ficou impossível.
REfez MIlhares de vezes sua partitura,
Até que a SOLidão se apossou de seu coração,
FAzendo de sua composição,
Uma mera improvisação.
E sozinho, o solo se fez.
Na escala certa,
No andamento certo,
Num ritmo frenético,
Mas faltou harmonia.
E, num dado momento,
O tom não era mais o mesmo.
O arpegio não convenceu.
A melodia perdeu a expressão.
Ritmo? Nenhum. Foi o fim.
... Fim da relação.
Partido, o coração buscou socorro.
Em outras inspirações.
Mas havia apenas pausas.
Silêncios extremos,
Meras palavras.
O som, o timbre, a essa altura,
Não justificavam a freqüência
Com que ela aparecia e desaparecia.
Em seu coração.
Uma partitura de solidão.
Ela...
Sua única,
Exclusiva,
Verdadeira...
Composição.
Da Capo al fine.


(Guilherme Ramos, 15/04/2014, 00h56.)
quarta-feira, 9 de abril de 2014 0 comentários

Seria Tão Fácil


Seria tão fácil, ao conhecer você, poder dizer tudo o que senti de imediato. Que nem precisou do mínimo contato, para me entorpecer.

Seria tão fácil, ao conhecer você, ficar ao seu lado, sorrindo com suas palavras engraçadas, frases bem elaboradas. Seria um simples prazer.

Seria tão fácil, ao conhecer você, lembrar que existe vida após o fim de um relacionamento - seja namoro ou casamento. Existe o fim do fim. E se chama recomeço. Sim!

Seria tão fácil, ao conhecer você, poder ser mais do que um ombro amigo, pois com um coração em conflito, com ele próprio, não nos é permitido viver.

Seria tão fácil, ao conhecer você, querer chorar, querer sorrir, querer viver mais uma vez, mais de uma vez, sem pensar em mais nada. Apenas viver, viver, viver, viver...

Seria tão fácil, ao conhecer você, aprender a me conhecer também. E me apresentar para mim, logo após me apresentar para você. 

Seria tão fácil, ao conhecer você, fazer do oxigênio, poesia. Porque a vida, nossa vida, isso mereceria.

Seria tão fácil, ao conhecer você, achar que a rotina é mera questão de retina. E que poderíamos dar a volta por cima. Porque queremos. Podemos. Merecemos.

Seria tão fácil, ao conhecer você, apenas me aproximar com uma carta escrita à mão. E na outra, o coração, aberto, esperando o amor chegar.

Seria tão fácil, ao conhecer você, parar de sonhar. Sozinho. Ter você ao meu lado, num canto secreto, quentinho, de onde o amor nunca se afastaria.

Seria tão fácil, ao conhecer você, escrever, escrever, escrever, escrever... mas nunca reconhecer que nada do que fosse escrito seria suficientemente bonito para lhe descrever.

Seria tão fácil, ao conhecer você, apenas conhecer você. Qualidades e defeitos. Mas, você. Porque assim é que tem que ser.

Seria tão fácil. Seria. Fácil. Como nunca costuma ser.

(Guilherme Ramos, 09/04/2014, 16h24. Inspirado no vídeo e em outras "coisinhas" mais... Rssss...)
domingo, 6 de abril de 2014 0 comentários

Julgamento(s)


Não me julgue apático. 
Ou antipático. 
Ou, ainda, antiprático. 
Mas algumas coisas precisam ser ditas para meu coração poder bater em paz. 
Para a minha mente poder pensar em paz. 
Para o meu corpo (e alma) poder – um dia – descansar em paz:
Não adianta você ser justo. Alguns o julgarão injusto.
Não adianta você ser altruísta. Alguns o julgarão egoísta.
Não adianta você ser romântico. Alguns o julgarão tolo.
Não adianta você ser honesto. Alguns o julgarão idiota.
Não adianta você ser sincero. Alguns o julgarão insensível.
Não adianta você ser feliz. Alguns o julgarão falso.
Não adianta você ser competente. Alguns o julgarão incapaz.
Não adianta você ser responsável. Alguns o julgarão irresponsável.
Não adianta você ser inocente. Alguns o julgarão culpado.
Não adianta você ser um bom homem. Alguns o julgarão igual aos outros.
Então:
Seja justo. Mesmo que o julguem injusto.
Seja altruísta. Mesmo que o julguem egoísta.
Seja romântico. Mesmo que o julguem tolo.
Seja honesto. Mesmo que o julguem idiota.
Seja sincero. Mesmo que o julguem insensível.
Seja feliz. Mesmo que o julguem falso. 
Seja competente. Mesmo que o julguem incapaz.
Seja responsável. Mesmo que o julguem irresponsável.
Seja inocente. Mesmo que o julguem culpado.
Seja um bom homem. Mesmo que o julguem igual aos outros.
Porque:
Ser justo não agradará a todos, mas ajudará quem for inocente.
Ser inocente não agradará a todos, mas ajudará quem for romântico.
Ser romântico não agradará a todos, mas ajudará quem for feliz.
Ser feliz não agradará a todos, mas ajudará quem for um bom homem.
Ser um bom homem não agradará a todos, mas ajudará quem for honesto.
Ser honesto não agradará a todos, mas ajudará quem for sincero.
Ser sincero não agradará a todos, mas ajudará quem for competente.
Ser competente não agradará a todos, mas ajudará quem for responsável.
Ser responsável não agradará a todos, mas ajudará quem for altruísta.
Ser altruísta não agradará a todos, mas ajudará a todos. 
Sendo tudo isso, independentemente de qualquer coisa, você poderá se orgulhar de ser você mesmo.
Especial e único. Como sempre deveria ser. 
Não acredite em tudo o que dizem sobre você. 
Não acredite em tudo o que não dizem sobre você. 
Quem sabe de sua vida é você.
Preocupe-se apenas em ser feliz.
De uma maneira ou de outra, os outros também estão fazendo a mesma coisa.
Mas alguns precisam fazer você desacreditar nisso para, só então, serem felizes.
Esses merecem não o seu desprezo, mas a sua ajuda:
Sendo justo.
Sendo altruísta.
Sendo romântico.
Sendo honesto.
Sendo sincero.
Sendo feliz.
Sendo competente.
Sendo responsável.
Sendo inocente.
Sendo um bom homem.
Não se julgue apático. 
Ou antipático. 
Ou, ainda, antiprático. 
Mas algumas coisas precisavam ser ditas para seu coração poder bater em paz. 
Para a sua mente poder pensar em paz. 
Para o seu corpo (e alma) poder – um dia – descansar em paz.

(Guilherme Ramos, 06/04/2014, 23h44.)
Imagem: Google.
 
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