quarta-feira, 14 de março de 2007 1 comentários

Poesia?

Nossa! Hoje é o "Dia Nacional da Poesia"!!! E eu quase ia esquecendo!!! (que vergonha, rsrs...). Obrigado, "Vida", por me lembrar desse dia tão importante pra mim, pra você, para todos os poetas! Fica aqui, uma humilde inspiração (e sem pretenção de ser poesia). Mas passar em branco, hoje, eu não deixaria!


Poesias podem falar
de vida e de morte
de azar e de sorte
ou nem serem poesias.
Como esta aqui,
que divago sozinho,
riscando o vazio
de uma tela em branco.
(outrora um papel)
Sem uma taça de vinho,
à procura de um tom,
nem sempre tão bom,
mas que vale arriscar...
Então, o que é poesia?
O que será; que seria
que toca um coração?
nem cheia, nem vazia
Pode ser nostalgia...
Pode ser...
Ou não ser...
Eu não falo mais não.


(Guilherme Ramos, 14/03/2007, 20h38)
terça-feira, 13 de março de 2007 0 comentários

Sobre Estar Sozinho...

Sawabona!*

Bem, algum tempo já passou desde meu último (e emocionante post). Agora, incrivelmente, meus ares têm tomado rumos estranhos pra mim. Já me perguntei várias vezes o que é e... nenhuma resposta. Não acho ruim não. É neutro. Assim como tenho neutralizado muita coisa que tem me desagradado. Acho que nossa energia deve ser empregada em projetos pró-ativos e que devemos ser, por si só, nossos melhores amigos. E isso, às vezes, é confundido com "solidão". E se fosse? Desde quando "estar só" (por vontade própria) é algum problema?

Pois é... Aí, em mais uma de minhas “surfadas” na Net (e eu só arrisco isso por aqui mesmo) encontrei uma “pérola” maravilhosa. Coincidência ou não, uma amiga minha me mandou o mesmo material por e-mail. Ora! Isso devia ter algum significado. Quem me conhece sabe que sou “ligado” nessas coisas, né? Então, resolvi disponibiliza-lo aqui. É um texto de Flávio Gikovate**, que merece ser lido (e refletido) por todos vocês.

Boa leitura! (e boa reflexão...)


Sobre Estar Sozinho...

(Por Flávio Gikovate)

Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o inicio deste milênio. As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor.

O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.

A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade, que nasceu com o romantismo, está fadada a desaparecer neste início de século. O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos. Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona suas características, para se amalgamar ao projeto masculino. A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de saber fazer o que eu não sei.

Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma idéia prática de sobrevivência, e pouco romântica, por sinal.

A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de necessidade, pelo amor de desejo.

Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente.

Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras. O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração. Não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma. É apenas um companheiro de viagem.

O homem é um animal que vai mudando o mundo, e depois tem de ir se reciclando, para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. O egoísta não tem energia própria; ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral. A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado.

Visa a aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades. E ela só é possível para aqueles que conseguirem trabalhar sua individualidade..

Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva. A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem. Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado. Cada cérebro é único. Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém.

Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto. Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal.

Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não a partir do outro. Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.

O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado. Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo...



(*) "SAWABONA" é um cumprimento usado no sul da África e quer dizer "eu te respeito, eu te valorizo, você é importante pra mim". Em resposta, as pessoas dizem "SHIKOBA", que significa "então eu existo pra você". Infelizmente, desconheço a origem dessa informação. Quem souber me diz, que eu informo aqui!

(**) Flávio Gikovate é médico psicoterapeuta do Instituto de Psicoterapia de São Paulo.
 
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