quarta-feira, 28 de maio de 2008 5 comentários

Eu, Andarilho

Hoje, andando com meus sonhos, por algum lugar de minha realidade, encontrei um manuscrito bastante desgastado, abandonado por algum transeunte incauto ou, simplesmente, lançado ao destino por algum mensageiro dos ventos. Dizia ele:

Um pouco de mim morreu hoje.


Não quero ser fatalista, até porque sou um entusiasta. Mas, sinceramente, hoje, sou forçado a tomar algumas decisões que vão de encontro aos meus princípios. E isso dói.

Dói, saber que muito do que propomos não será sequer escutado por outrem.

Dói, viver num mundo onde os sonhos são considerados loucuras e, as realizações desses sonhos, utopias ou apenas sorte.

Dói, amar e não ser amado e, mais ainda, não conseguir amar quem nos ama.

Dói, dizer "sim", quando queremos dizer "não" e vice-versa.

Dói, ter liberdade, mas se sentir numa prisão sem grades.

Dói, saber que as pessoas, apesar de terem tudo o que bem querem, não querem bem ao tudo que têm.

Dói. E dói muito. E nunca irá parar a dor.

Pensei se levaria o manuscrito ou se o abandonaria - mais uma vez - à sorte. O vento me roubou a resposta. E lá se foi, para mais alguém encontrar, a mensagem funesta.

Aos meus pés, havia asas. Não de borboletas; não de pássaros. Mas de fadas. E sinto que, ali, também morri um pouco.

(Guilherme Ramos, 28/05/2008, 00h19 - Mas ainda acreditando em fadas...)

terça-feira, 27 de maio de 2008 0 comentários

Rima Tola

Apesar da distância que a vida insiste,
Resiste e persiste em nos impor,
Nossas loucuras não são ameaças;
Tampouco trapaças, sem razão de ser.
Não fico, apenas, do mundo, a mercê,
Tão simples, singelo, sem ter nem pra quê.
Piadas sem graça, insultos de graça,
Podem até me denegrir (Podem ir! Podem vir!)
Mas não vou me negar a possibilidade de rir
De quem ri - ou não ri de mim mesmo?
Sabe lá Deus, se andamos a esmo!
Porque com a vida, aprendi a fazer
O que insistem, comigo, somente esconder.
Fazer o que digo não é, realmente, um perigo;
Mas, pior, é não saber mesmo escolher.
Por isso sonho - mas me imponho:
Que nada (nunca, jamais) deixará de ser
Um artigo medonho, por vezes, enfadonho,
Quanto estar sozinho, sem alguém pra dizer
Qualquer rima tola. Principalmente... você.


(Guilherme Ramos, 27/03/2008, 23h57)
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Beira-Mar

"Viver, amar e aprender". É isso o que se tem de fazer. Mas o horizonte é belo, porém, inatingível. Prefiro estar de mãos dadas à beira-mar. Ah! Mar... E amar...

(Guilherme Ramos, 27/05/2008, 21h28)

Andei relembrando o livro de Leo Buscaglia "Vivendo Amando e Aprendendo" e achei que devia confiar (novamente) em seus parágrafos. Ai, ai... Está tão difícil ser Bom, num mundo de tantos Nem-Tanto...
sábado, 3 de maio de 2008 7 comentários

É tesão? Transe. Está carente? Procure afeto.

“É tesão? Transe. Está carente? Procure afeto.”

Não me lembro onde vi essas palavras, mas sou obrigado a concordar. Acho que a maioria das decepções amorosas começa por aí. E eu não me isento.

Num primeiro momento (mas toda regra tem exceção) homens sentem tesão; mulheres, afeto. Nosso maior erro, presumo, é quando estamos carentes e buscamos, no sexo, o remédio. Ou, ainda: quando sentimos tesão por alguém e nos declaramos apaixonados. Isso gera uma decepção muito grande, pois, sempre se espera uma ligação no dia seguinte, um recadinho no Orkut, uma mensagem no celular... Ah! Quanta ilusão... Normalmente quanto mais esperamos, mais demora a resposta e ela nem sempre vem. E foi só, mais uma vez, um erro.

Ao contrário, quando buscamos sexo casual, sem compromisso, não estamos sendo “galinhas” ou “safados” (isso vale tanto para o homem, quanto para a mulher). Tesão é tesão; sentimento é outra coisa. Não que eu não sinta nada por quem eu esteja transando, mas... há limites para tudo. Às vezes, queremos apenas sexo; às vezes, muito afeto.

O problema vem, justamente, na responsabilidade desse momento. Não sou santo. Já estive com alguém que queria afeto, companheirismo e eu, apesar de muito carente, estava cheio de tesão. Não consegui administrar as duas coisas. Mas acredito que, mesmo assim, fomos felizes. Em poucos meses, vivemos momentos tão gloriosos que eu não consigo nem explicar direito: “Acordar cedo (apesar das férias), praia, passeio de trem, passeios adolescentes, trilha ecológica, jantar chinês, flores, bombons, torta de chocolate, beijos, barras de chocolate, sorvetes, canelones, macarronadas, chuva (quase uma boate), nomes de filhos, sobrenomes de casados, sonhos, risadas (ah, foram muitas!), Playstation, filmes, táxis, chats, scraps, e-mails, mensagens, fotos, pipocas, pastéis, refrigerantes, caldinhos, caipiruva/caipiroska (pra ela), cerveja/vodka redbull (pra mim), tesões... carências... carências... tesões...” Mas o tempo passou e, como era de se esperar, acabou. Culpa minha? Culpa dela? Não há culpados nessa hora. Apenas vítimas. E cada um sofreu de seu jeito.

Como proceder (sem ser canalha) nesse momento? Respeito. Seja sincero. Não minta. Não engane. Abra o jogo. Tente, ao menos, explicar o que está acontecendo. A outra pessoa merece isso. Ela pode ser, futuramente, sua companheira, esposa, mãe de seus filhos. Quem pode saber?

Prefiro acreditar que no sentimento ninguém faz mal a ninguém. Nós é que nos permitimos a dor e a decepção. Se separarmos bem essas duas necessidades, talvez, possamos nos prevenir e ser (um pouco) mais felizes. Então, seja sensato e reflita:

1) Se o que você e a outra pessoa estiverem sentindo no momento em que se encontrarem for (apenas) tesão, transem – com os devidos cuidados, óbvio! Sem camisinha, nem pensar! – Sejam honestos um com o outro e expliquem que é apenas sexo. Vocês podem se tornar grandes amigos (se é que já não são...).

2) Se você estiver (apenas) carente, fuja do sexo casual. Pode parecer maravilhoso na hora, mas como todo “porre homérico”, dá uma ressaca (moral) miserável no outro dia. Procure afeto, romance, amizade... Abra seu coração, sinta-se, permita-se, envolva-se! – Mas seja honesto com você mesmo: é isso o que você quer realmente? – Quem sabe sua melhor amiga não pode ser... sua melhor namorada?

Mas prestemos atenção! Nada impede que, com o tempo, um relacionamento que comece como sexo casual e amizade não possa se transformar em algo mais maduro. Assim como, duas pessoas que trocam afetos apaixonadamente não possam se separar e, futuramente, serem apenas bons amigos. Tudo é uma questão de tempo; de convivência. Não há “fórmulas mágicas” para um casal dar certo. Mas eu posso “arriscar” algumas sugestões:

  • Nunca mintam um para o outro;
  • Nunca sejam desonestos um com o outro;
  • “Convivam” (conheçam-se) para depois “se relacionarem”,
  • Antes da “fidelidade”, prezem a “lealdade”.
Desejo boa sorte aos “navegantes do sentimento”, aos “comandantes de seus corações”. Mas, ao lembrarem da frase que me inspirou a fazer esse texto, “É tesão? Transe. Está carente? Procure afeto.”, lembre-se também de uma outra, tão importante quanto: “O primeiro e último Amor que devemos sentir, é o amor-próprio.”. Sem ele, gente, nada tem sentido.

(Guilherme Ramos, 03/05/2008, 14h06)
sexta-feira, 2 de maio de 2008 0 comentários

Virtual(Idade)

É...
A virtualidade é uma (quase) maldade.
Renega-nos (por vezes) alguns caprichos bem reais...
O que fazemos, então?
No meu caso, deixo a onda do ciberespaço me levar...
Como uma mensagem numa garrafa,
Sedenta para ser aberta por alguma "náufraga"
Desse oceano de bytes por segundo...
Quem sabe, um dia, não é mesmo?
Quem sabe um dia? ...
Eu me recordo que, certa vez, uma "pessoa muito legal" QUASE entrou em minha vida definitivamente. Devo isso às vias cibernéticas, aos chats (ou bate-papos). E acredito que a tal "velocidade" que nos conhecemos, convivemos e, infelizmente, nos afastamos, tenha, de fato, atrapalhado a nós dois. Não houve a “mágica” do tempo. Houve pressa. Como se o mundo fosse acabar hoje. Talvez soubéssemos que (não o mundo, mas o que compactuávamos) iria acabar. Uma pena mesmo. Hoje, estamos EU e ELA nos evitando.
Aí vem a “saudade”. Nossa! E como vem forte! Arrasta meus pensamentos como um campo gravitacional atraindo e atirando a lua sobre a Terra. Bem, em mim o efeito é (quase) esse.
Sinceramente? O que fizemos foi uma GRANDE MERDA. Devemos mesmo é curtir a virtualidade... Ela pode ser real, se quisermos. Mas precisamos querer muito isso. E aproveita-la não para evitar as pessoas que conhecemos, mas para nos aproximarmos mais e mais delas; para fazermos parte de seu cotidiano, de suas (boas) lembranças... De sua... Saudade?
Saudade. Por que ela? Por que sempre ela? Isso deve ser coisa do Destino (um tremendo sacana e de humor duvidoso...)
Assim, quando o meu celular tocar, meu Orkut mostrar um novo scrap ou meu e-mail der sinal, eu respondo logo:
- Oi! Você está onde mesmo? Tô indo praí!
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Sempre (...) Você

Sempre bom falar com você.
Sempre bom.
Falar com você...
Sempre.
Bom...
Falar...
Com você, sempre.
Bom falar!
Com você!
(Guilherme Ramos, 02/05/2008, 00h17)
Uma pequena homenagem para a "pequena Hayko Flor-de-Cerejeira"... Adoroooooo!
quinta-feira, 1 de maio de 2008 1 comentários

Temporada de insônia (alguns dias de (des)GRAÇA)

(Julien Costa*)


Dias molhados de sol, noites pingando estrelas no meu quintal, uma interminável insônia latejando a alma, sonhos e sonos interrompidos pelo estrangulamento dos lençóis, tinta despejada, espojada no papel, caligrafia bêbada, enfadada, métrica convexa, versos côncavos, estrofes vazias de poética, inundadas de críticas por todos os lados, a desordem organizada do caos.

Luz de abajur, de vela, lâmpada do banheiro, refletor, holofotes, quarto âmbar, azul enluarado na vidraça do sorriso guardado, brasa vaga-lume artificial, vermelha fumaça que lembra neblina que quase sempre não permite ver, silêncio... De repente escuridão uterina, nascimento avesso, todas as luzes estão dormindo, os grilos cochicham no telhado, barulho estranho... relógio digital, apenas um bip de hora em hora só para alertar que o tempo passa - e que outros existem - que a terra gira assim como os ponteiros de um relógio - e isso é sinal de que o sol completará mais uma vez sua rotação...

Talvez, quem sabe, se na casa vizinha os outros dormem, sonham, ou fingem dormir e vivem pesadelos acordados?

Será que essa temporada de insônia é algo passageiro, é inquilino em mim? Ou sou eu um passageiro da insônia e meus rascunhos literários são os pagamentos das madrugadas mornas de suor com gosto de lágrimas? E tudo que faço é uma espécie de sonambulismo ao inverso, que se traduz em letras minúsculas, ortografia errada e inquietação?

Queria beber pingos de chuva e diminuir a acidez dos meus lamentos, queria banhar-me de lama, me sujar de sorvete, passear na infância apagada de minha memória, correr pelado na terra dos meninos, refazer uma viagem crônica na busca das “Heloísas” que perdi no chão de terra rachada, gostaria de libertar-me do cárcere da ansiedade, queria ver, pelo menos, por mais uma vez, alguns que se foram e esquecer definitivamente muitos que ainda se fazem presentes (muitas vezes, mais ausentes que os mortos).

Exatamente quando estou sem fé e cheio de angústia, lembro de um trecho de um dos textos do “santo” Bernardo que diz: “Se desejardes viver nesta casa, é necessário deixar fora os corpos que trazeis do mundo; porque só as almas são admitidas nestes lugares e a carne não serve para nada”. E me pergunto como expelir de mim (casa de minha alma) corpos entranhados nas vísceras, sedentos de minha carne, do meu sangue, da minha carência-porto-inseguro? A minha habitação é labirinto e viver sem nossos preás que alimentam o (nosso) narcisismo fantasiado de solidão, seria no mínimo, minimalista a vida; seria seca-vida-seca e os sentimentos seriam sertão e todas as histórias seriam incompletas e não só Deus escreveria em linhas tortas e todo canibalismo caeté seria justificável, pois viemos do pó da poeira do sertão, mas nos tornarmos carne. Já fomos preás e apodreceremos para degustação dos carcarás imaginários (tão reais) à espreita do sono eterno. Então, só por segurança, essa noite não irei dormir novamente...

(JULIEN COSTA, MADRUGADA DE 05 DE ABRIL/2008)

(*) Especialmente inspirado na 2ª temporada do espetáculo "Insônia", produção da Cia Teatro da Meia-Noite/AL. Texto disponível em www.diariodebordel.blogspot.com. Visitem! Meu amigo (e irmão-de-artes) Julien tem muito a mostrar pra vocês! Até a próxima!
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Agora

Agora = unidade de tempo que a gente só percebe quando é tarde demais...

(Guilherme Ramos)
 
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