segunda-feira, 1 de junho de 2015 4 comentários

Eu quero me apaixonar, mas…


Eu quero me apaixonar. Sério. Mas não quero me apaixonar cegamente.
Porque quero ver você chegar todos os dias em nossa casa. Com um sorriso mais lindo que o nascer do sol. Com um calor (humano) sem igual. Você é única no nosso sistema. Que ele seja solar. Seja interestelar.

Eu quero me apaixonar. Sério. Mas não quero me apaixonar loucamente.
Porque quero ter a razão todas as vezes que acharem que não damos certo. E, com argumentos e ações, provar para todos que nascemos um para o outro. Aliás, nada devíamos provar. Danem-se os outros. Precisamos continuar. Juntos. Por nós mesmos. Pelo que proporcionamos um ao outro.

Eu quero me apaixonar. Sério. Mas não quero me apaixonar como um adolescente.
Porque, apesar da paixão adolescente ser forte, as chances dela acabar não me interessam. Não vou me enganar e querer algo infinito. Mas desejo algo tão longo que até a morte vai cuidar de outros assuntos antes de levá-la. Essa paixão atravessará dias e noites, antes de alvorecer em outro mundo.

Eu quero me apaixonar. Sério. Mas não quero me apaixonar perdidamente.
Porque se for para me perder, quero perder a conta do quanto eu te amo e te desejo a cada dia que passamos juntos. Não era isso o que queríamos? E já que conseguimos, não podemos ter medo. Aliás, tenhamos medo. E usemos o medo como um escudo (para proteção) e não uma muralha intransponível (para contenção). Ele deve ser nosso aliado. As pessoas é que devem ter medo. De nos separar.

Eu quero me apaixonar. Sério. Mas não quero me apaixonar adultamente.
Porque gente grande – também conhecida como adulta – cresceu. Às vezes demais, esquecendo o amor das crianças. Incondicional, infinito e imediato. Não quero ser mais um chato. Que não ama. Ou quando ama, ama com ressalvas. Quero ser meu amor. Próprio. Quero ser seu amor. O próprio. Nunca utópico. Porque não quero utopia. Quero a sua companhia.

Eu quero me apaixonar. Sério. Mas não quero me apaixonar platonicamente.
Porque Platão disse que a perfeição estava no mundo das ideias. E que somos apenas cópias do que seria ideal. Ora! Ideal é o que sentimos agora mesmo. Um pelo outro. E que se dane Platão! Nada conta ele, porque teve muitas ideias boas para a humanidade. Mas nosso mundo somos apenas nós dois. Podemos viver muito bem sem ele. Temos, a nosso favor, Shakespeare, Vinicius, Drummond…

(Depois de um choque de realidade, o texto muda, assim como mudam as estações do ano, a vida, provando que nem tudo é exatamente como queremos que seja…)

Eu quero me apaixonar. Sério. Mas não quero me apaixonar novamente.
(Depois de você, quem são essas outras pessoas?)
Porque o que sinto (por você) ainda é forte. Não quer sair. Não, sem dor. E dor, quando há (ainda) amor, a gente não (apenas) sente. A gente geme, chora e ressente. Como se fosse amputado consciente. Sem anestesia. E pode transformar essa dor em coisa ruim, depois. E isso não quero para você. Para nós dois. Para mim.


(Guilherme Ramos, 31.05.2015, 22h25.)
 
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