segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008 1 comentários

EU...

Eu...
... precisei conhecer a solidão, para saber o quanto é bom ter alguém ao meu lado;
... precisei chorar desesperado, para acreditar no poder de um sorriso meu;
... precisei subestimar o poder de um conselho, para entender (algumas vezes, tarde demais) seu significado;
... precisei cometer erros irreparáveis, para dar valor aos mínimos acertos;
... precisei perder o rumo, para saber que nem todo atalho é seguro;
... precisei demonstrar (demais) meus sentimentos, para conhecer o tempo que cada um gosta de dedicar a si mesmo (inclusive eu);
... precisei me envolver com pessoas demais, para compreender o desejo de estar (simplesmente) só;
... precisei provar “sexo” e “transa”, para ter (quase) a certeza de que fiz “amor”;
... precisei desacreditar em meus princípios, para me assumir pensante e que mudo a cada instante;
... precisei desapontar alguns, para provar que não sou perfeito. E, se fosse, seria insuportável (às vezes, já me acho o suficiente... – entenda como quiser)
... precisei ajudar quem não merecia, para, inconscientemente, me ajudar (porque nesses momentos, quem eu “queria”, nada poderia fazer por mim);
... enfim, precisei conviver com “animais racionais”, para entender o significado de “ser humano”.
(Guilherme Ramos, 25/02/2008, 23h10)
sábado, 23 de fevereiro de 2008 0 comentários

Ela me Faz tão Bem

(Lulu Santos)

Ela me encontrou
Eu tava por aí
Num estado emocional tão ruim
Me sentindo muito mal

Perdido, sozinho
Errando de bar em bar
Procurando não achar

Ela demonstrou tanto prazer em estar em minha companhia
Eu experimentei uma sensação que até então não conhecia
De se querer bem, de se querer quem se tem

Ela me faz tão bem
Ela me faz tão bem
Que eu também quero fazer isso por ela

Ela me encontrou
Eu tava por aí
Num estado emocional tão ruim
Me sentindo muito mal

Cansado, perdido, fudido
Errando de bar em bar
Procurando não achar

Ela demonstrou tanto prazer em estar em minha companhia
Eu experimentei uma sensação que até então não conhecia
De se querer bem, de se querer quem se tem

Ela me faz tão bem
Ela me faz tão bem
Que eu também quero fazer isso por ela

Ela me faz tão bem
Ela me faz tão bem
Que eu também quero fazer isso por ela...

* * *

É... Eu estava por aí (mas não tão fudido...). Daí, tham-tam-tham-tam... E não é que o clima melhorou? Rssss... Eu até "voei" (óia...). Cachaça troncha da peste! Rsss...

Valeu!

E muito.
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008 0 comentários

CARTA

Meu caro poeta,
Por um lado foi bom que me tivesses pedido resposta urgente, senão eu jamais escreveria sobre o assunto desta, pois não possuo o dom discursivo e expositivo, vindo daí a dificuldade que sempre tive de escrever em prosa. A prosa não tem margens, nunca se sabe quando, como e onde parar. O poema, não; descreve uma parábola trancada pelo próprio impulso (ritmo); é que nem um grito. Todo poema é, para mim, uma interjeição ampliada; algo de instintivo, carregado de emoção. Com isso não quero dizer que o poema seja uma descarga emotiva, como o fariam os românticos. Deve, sim, trazer uma carga emocional, uma espécie de radioatividade, cuja duração só o tempo dirá. Por isso há versos de Camões que nos abalam tanto até hoje e há versos de hoje que os pósteros lerão com aquela cara com que lemos os de Filinto Elísio. Aliás, a posteridade é muito comprida: me dá sono. Escrever com o olho na posteridade é tão absurdo como escreveres para os súditos de Ramsés II, ou para o próprio Ramsés, se fores palaciano. Quanto a escrever para os contemporâneos, está muito bem, mas como é que vais saber quem são os teus contemporâneos? A única contemporaneidade que existe é a da contingência política e social, porque estamos mergulhados nela, mas isto compete melhor aos discursivos e expositivos , aos oradores e catedráticos. Que sobra então para a poesia? - perguntarás. E eu te respondo que sobras tu. Achas pouco? Não me refiro à tua pessoa, refiro-me ao teu eu, que transcende os teus limites pessoais, mergulhando no humano. O Profeta diz a todos: "eu vos trago a verdade", enquanto o poeta, mais humildemente, se limita a dizer a cada um: "eu te trago a minha verdade." E o poeta, quanto mais individual, mais universal, pois cada homem, qualquer que seja o condicionamento do meio e e da época, só vem a compreender e amar o que é essencialmente humano. Embora, eu que o diga, seja tão difícil ser assim autêntico. Às vezes assalta-me o terror de que todos os meus poemas sejam apócrifos!
Meu poeta, se estas linhas estão te aborrecendo é porque és poeta mesmo. Modéstia à parte, as disgressões sobre poesia sempre me causaram tédio e perplexidade. A culpa é tua, que me pediste conselho e me colocas na insustentável situação em que me vejo quando essas meninas dos colégios vêm (por inocência ou maldade dos professores) fazer pesquisas com perguntas assim: "O que é poesia? Por que se tornou poeta? Como escrevem os seus poemas?" A poesia é dessas coisas que a gente faz mas não diz.
A poesia é um fato consumado, não se discute; perguntas-me, no entanto, que orientação de trabalho seguir e que poetas deves ler. Eu tinha vontade de ser um grande poeta para te dizer como é que eles fazem. Só te posso dizer o que eu faço. Não sei como vem um poema. Às vezes uma palavra, uma frase ouvida, uma repentina imagem que me ocorre em qualquer parte, nas ocasiões mais insólitas. A esta imagem respondem outras. Por vezes uma rima até ajuda, com o inesperado da sua associação. (Em vez de associações de idéias, associações de imagem; creio ter sido esta a verdadeira conquista da poesia moderna.) Não lhes oponho trancas nem barreiras. Vai tudo para o papel. Guardo o papel, até que um dia o releio, já esquecido de tudo (a falta de memória é uma bênção nestes casos). Vem logo o trabalho de corte, pois noto logo o que estava demais ou o que era falso. Coisas que pareciam tão bonitinhas, mas que eram puro enfeite, coisas que eram puro desenvolvimento lógico (um poema não é um teorema) tudo isso eu deito abaixo, até ficar o essencial, isto é, o poema. Um poema tanto mais belo é quanto mais parecido for com o cavalo. Por não ter nada de mais nem nada de menos é que o cavalo é o mais belo ser da Criação.
Como vês, para isso é preciso uma luta constante. A minha está durando a vida inteira. O desfecho é sempre incerto. Sinto-me capaz de fazer um poema tão bom ou tão ruinzinho como aos 17 anos. Há na Bíblia uma passagem que não sei que sentido lhe darão os teólogos; é quando Jacob entra em luta com um anjo e lhe diz: "Eu não te largarei até que me abençoes". Pois bem, haverá coisa melhor para indicar a luta do poeta com o poema? Não me perguntes, porém, a técnica dessa luta sagrada ou sacrílega. Cada poeta tem de descobrir, lutando, os seus próprios recursos. Só te digo que deves desconfiar dos truques da moda, que, quando muito, podem enganar o público e trazer-te uma efêmera popularidade.
Em todo caso, bem sabes que existe a métrica. Eu tive a vantagem de nascer numa época em que só se podia poetar dentro dos moldes clássicos. Era preciso ajustar as palavras naqueles moldes, obedecer àquelas rimas. Uma bela ginástica, meu poeta, que muitos de hoje acham ingenuamente desnecessária. Mas, da mesma forma que a gente primeiro aprendia nos cadernos de caligrafia para depois, com o tempo, adquirir uma letra própria, espelho grafológico da sua individualidade, eu na verdade te digo que só tem capacidade e moral para criar um ritmo livre quem for capaz de escrever um soneto clássico. Verás com o tempo que cada poema, aliás, impõe sua forma; uns, as canções, já vêm dançando, com as rimas de mãos dadas, outros, os dionisíacos (ou histriônicos, como queiras) até parecem aqualoucos. E um conselho, afinal: não cortes demais (um poema não é um esquema); eu próprio que tanto te recomendei a contenção, às vezes me distendo, me largo num poema que vai lá seguindo com os detritos, como um rio de enchente, e que me faz bem, porque o espreguiçamento é também uma ginástica. Desculpa se tudo isso é uma coisa óbvia; mas para muitos, que tu conheces, ainda não é; mostra-lhes, pois, estas linhas.
Agora, que poetas deves ler? Simplesmente os poetas de que gostares e eles assim te ajudarão a compreender-te, em vez de tu a eles. São os únicos que te convêm, pois cada um só gosta de quem se parece consigo. Já escrevi, e repito: o que chamam de influência poética é apenas confluência. Já li poetas de renome universal e, mais grave ainda, de renome nacional, e que no entanto me deixaram indiferente. De quem a culpa? De ninguém. É que não eram da minha família.
Enfim, meu poeta, trabalhe, trabalhe em seus versos e em você mesmo e apareça-me daqui a vinte anos. Combinado?
Mario Quintana.
(Fonte: http://www.fabiorocha.com.br/mario.htm)
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DESTINO ATROZ

"Um poeta sofre três vezes: primeiro quando ele os sente, depois quando ele os escreve e, por último, quando declamam os seus versos."
Mario Quintana (Caderno H)
Assim, explico como fico (e me pico) quando insisto em "esculpir palavras"... Ai, ai, ai...
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008 0 comentários

Dois Rios

(Samuel Rosa, Lô Borges, Nando Reis)


O céu está no chão
O céu não cai do alto
É o claro, é a escuridão

O céu que toca o chão
E o céu que vai no alto
Dois lados deram as mãos

Como eu fiz também
Só pra poder conhecer
O que a voz da vida vem dizer

Que os braços sentem
E os olhos vêem
Que os lábios sejam
Dois rios inteiros
Sem direção

O sol é o pé e a mão
O sol é a mãe e o pai
Dissolve a escuridão

O sol se põe se vai
E após se pôr
O sol renasce no Japão

Eu vi também
Só pra poder entender
Na voz a vida ouvi dizer

Que os braços sentem
E os olhos vêem
E os lábios beijam
Dois rios inteiros
Sem direção

E o meu lugar é esse
Ao lado seu, meu corpo inteiro
Dou o meu lugar pois o seu lugar
É o meu amor primeiro
O dia e a noite as quatro estações

Que os braços sentem
E os olhos vêem
E os lábios Sejam
Dois rios inteiros
Sem direção

O céu está no chão
O céu não cai do alto
É o claro, é a escuridão

O céu que toca o chão
E o céu que vai no alto
Dois lados deram as mãos

Como eu fiz também
Só pra poder conhecer
O que a voz da vida vem dizer

Que os braços sentem
E os olhos vêem
E os lábios beijam
Dois rios inteiros
Sem direção

E o meu lugar é esse
Ao lado seu, no corpo inteiro
Dou o meu lugar pois o seu lugar
É o meu amor primeiro
O dia e a noite as quatro estações

Que os braços sentem
E os olhos vêem
Que os lábios sejam
Dois rios inteiros
Sem direção

Que os braços sentem
E os olhos vêem
E os lábios beijam
Dois rios inteiros
Sem direção

É... E depois de um bate-papo, o quem mais poderia pensar? Fazer? Enfim... VIVER! Somos DOIS RIOS inteiros... em direções diferentes.

Que bom!

ODEIO ROTINA!

Rssss......
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008 1 comentários

Aos apaixonados

(Rubem Alves*)

Dedico esta crônica aos apaixonados, mesmo sabendo que servirá para nada. É inútil falar aos apaixonados. Os apaixonados só ouvem poemas e canções. A paixão, experiência insuperável de prazer e alegria, pelo fato mesmo de ser uma experiência insuperável de prazer e alegria, coloca o apaixonado fora dos limites da razão. Todo apaixonado é tolo. Pode ser que ele escute a fala da razão. Escuta mas não acredita. Diz: "O meu caso é diferente!" Tolo mesmo é quem tenta argumentar com os apaixonados.

Começo minha inútil meditação com um verso terrível de T. S. Eliot. Ele está rezando. Ele sabe que somente Deus tem poder para lidar com a loucura da paixão. Ele reza assim: "...e livra-me da dor da paixão não satisfeita, e da dor muito maior da paixão satisfeita".

Todo mundo sabe que a paixão não satisfeita dói. Mas poucos sabem que a paixão só existe se não for satisfeita. A paixão é um desejo de posse que, para existir, não pode se realizar. Como a fome: depois do almoço a fome acaba...

Paixão é fome. Ela só floresce na ausência do objeto amado. Mais precisamente, ela vive da ausência do objeto amado. Não se trata de ausência física, o objeto amado distante, longe. A dor da ausência física tem o nome de saudade. Saudade tem cura. A saudade é curada quando o objeto volta. A dor da paixão é diferente. Não tem cura. A saudade do objeto amado, mesmo quando ele está presente, é o perfume característico da paixão. Cassiano Ricardo sabia disso e escreveu:

"Por que tenho saudade de você, no retrato, ainda que o mais recente?
E por que um simples retrato, mais que você, me comove, se você mesma está presente?"

Que coisa mais esquisita! Como pode ser isso? Como pode se sentir saudade de algo que está presente? A resposta é simples: a gente sente saudade de uma pessoa presente quando ela está se despedindo. Cecília Meireles, desenhando sua avó morta, a quem ela muito amava, disse: "Tu eras uma ausência que se demorava; uma despedida pronta a cumprir-se." Dirão: "É natural. A avó já era velhinha..." É verdade. Mas o que caracteriza o olhar apaixonado é que ele percebe, no rosto da pessoa amada, essa ausência que se anuncia e essa despedida pronta a cumprir-se. O apaixonado pensa que sua paixão tem a ver com o objeto. Ele não sabe que foi o seu olhar que o tornou encantado. Os poetas são pessoas apaixonadas pela vida. E a sua paixão faz com que ela, a vida, apareça sempre banhada por uma luz crepuscular. Rilke perguntava, sem esperanças de resposta: "Quem foi que assim nos fascinou para que tivéssemos um ar de despedida em tudo que fazemos?" É o olhar da pessoa apaixonada que cria a imagem do objeto da paixão. É sobre Cecília Meireles que o Drummond escreve. Mas sua descrição, eu creio, se aplicaria a todos os objetos da paixão:

"Não me parecia criatura inquestionavelmente real; por mais que aferisse os traços de sua presença entre nós, restava-me a impressão de que ela não estava onde nós a víamos. Distância, exílio e viagem transpareciam no sorriso benevolente... que confirmava a irrealidade do indivíduo."

A dor da paixão não satisfeita é essa: o apaixonado deseja possuir o objeto do seu amor, mas ele escapa sempre. Por isso ele sofre. Movido pela dor, quer possuí-lo. Não sabe que, para que sua paixão continue a existir, é preciso que ele continue escapando sempre. A paixão só ama objetos livres como os pássaros em vôo.

"... e da dor muito maior da paixão satisfeita".

A dor da paixão não satisfeita é iluminada por uma alegria. O apaixonado vive na presença de que um dia ele possuirá o objeto da sua paixão. Mas a "dor muito maior" da paixão satisfeita não tem mais esperanças. O objeto se desfez. Ela vive na tristeza do objeto perdido.

Escrevi uma estória sobre isso. A Menina era apaixonada pelo Pássaro Encantado. Mas ela sofria porque o Pássaro era livre. O Pássaro Encantado era sempre uma ausência que se demorava, uma despedida pronta a cumprir-se. O Pássaro lhe disse que era preciso que fosse assim, para que eles continuassem apaixonados. Ele sabia que a paixão ama pássaros em vôo. Mas a Menina não acreditou. Prendeu-o numa gaiola.

Gaiola? Há as feitas com ferro e cadeados. Mas as mais sutis são feitas com desejos.

Esquisito o que vou dizer: a alma é uma biblioteca. Nela se encontram as estórias que amamos. Romeu e Julieta, Abelardo e Heloísa, O paciente inglês, As pontes de Madison, Amor nos tempos do cólera, A menina e o pássaro encantado. As estórias que amamos revelam a forma do nosso desejo. Delas, escolhemos uma. É a nossa gaiola. Gaiola na mão, saímos pela vida à procura do nosso Pássaro. Quando imaginamos havê-lo encontrado – que felicidade! Ficará feliz em nossa gaiola. Será o amante da nossa estória de amor: eu para você, você para mim... Nós o colocamos lá dentro e pedimos que nos cante canções de amor.

Acontece que o Pássaro também tinha a sua estória. E era outra. Todo Pássaro deseja voar. Ele bate suas asas contra as grades, suas penas perdem as cores e o seu canto se transforma em choro. E, de repente, ele se transforma. Não mais o reconhecemos. É um outro. Essa é a razão por que a dor da paixão satisfeita é muito maior.

Contada assim, a estória parece ter um vilão e uma vítima. A verdade é que os dois são vilões, os dois são vítimas. O desejo da gente é sempre engaiolar o outro e levá-lo pelos caminhos que são nossos. Isso vale para tudo: marido-mulher, pai-filha, mãe-filho, patrão-empregado, professor-aluno... Não admira que Sartre tenha dito que "o inferno é o outro".

Não haverá uma saída. Lembro-me de um pequeno poema de Pearls que sugere a possibilidade de uma relação sem gaiolas:

"Eu sou eu.
Você é você.
Eu não estou neste mundo para atender
às suas expectativas.
E você não está neste mundo para atender
às minhas expectativas.
Eu faço a minha coisa.
Você faz a sua.
E quando nos encontramos,
é muito bom."

(*) Rubem Alves, O amor que acende a lua, 1999. Rubem Alves é mineiro e mora em Campinas/SP. É professor da Unicamp, ex-professor da USP e psicanalista.

E é por isso que eu acredito no AMOR. Paixão? Hum... Só de vez em quando! E olha lá, hein? Isso é mais perigoso que "beber e dirigir"! Ah! Passei a "chave" faz muuuuito tempo!
sábado, 9 de fevereiro de 2008 0 comentários

Because of You

(Kelly Clarkson, David Hodges e Ben Moody)

Eu não cometerei os mesmos erros que você cometeu
Eu não me deixarei causar tanta tristeza ao meu coração
Eu não vou desistir do mesmo jeito que você,
Você sofreu tanto...
Eu aprendi da maneira difícil
A nunca deixar as coisas chegarem tão longe

Por sua causa
Eu nunca me afasto muito da calçada
Por sua causa
Eu aprendi a jogar do lado mais seguro
Para não me machucar
Por sua causa
Eu acho difícil confiar
Não somente em mim, mas em todos a minha volta
Por sua causa
Eu tenho medo

Eu perco meu caminho
Ele não era tão longo antes de você o apontar
Eu não posso chorar
Porque eu sei que, aos seus olhos, isso é fraqueza
Eu sou forçada a fingir um sorriso, uma risada
Cada dia de minha vida
Meu coração não poderia possivelmente se quebrar
Quando, pra começar, não estava nem ao menos inteiro

Eu vi você morrer
Eu ouvi você chorar
Todas as noites, enquanto você dormia
Eu era tão jovem
Você deveria ter pensado melhor antes de se apoiar em mim
Você nunca pensou em ninguém
Você só prestou atenção na sua dor
E agora eu choro
No meio da noite
Pelo mesmo maldito motivo

Por sua causa
Eu nunca me afasto muito da calçada
Por sua causa
Eu aprendi a jogar do lado seguro
Para não me machucar
Por sua causa
Eu dei o melhor de mim para esquecer tudo
Por sua causa
Eu não consigo ter mais ninguém em meu coração
Por sua causa
Eu tenho vergonha de minha vida porque ela é vazia
Por sua causa
Eu tenho medo

Por sua causa...

Pois é: há tempos que gosto dessa música. Mas, hoje, 09/02/2008, me deu uma curiosidade em traduzi-la.
(...)
Putz!
(...)
OK...
(...)
Calma...
(...)
É só uma MÚSICA, certo?
(...)
Ou... Será que...
(...)
Ah! Pensem o que quiserem.
(...)
Because you...
(...)
Rsssssss...
(...)
Or not!
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008 2 comentários

Ainda Não Sei

Não consigo não te olhar
Não te ver; não desejar
Te ver passar
Com esse sorriso
Tão preciso...
(E indeciso)
Pra que viver
Só de sofrer
Viver, vivendo
A me esconder
Ficar assim
É ruim pra mim
É tão restrito
Eu admito
Então suplico:
Esquece o passado
(Já passou)
Também o futuro
(Não chegou)
Se faz "presente"
(E, na minha frente)
Diz que se aproximou.
Bate na porta
Toca a cigarra
Me beija a boca,
E me agarra
Me rasga a roupa...
(É coisa pouca)
E faz de mim o que quiser!
Serei só homem;
Você, mulher.
Nenhum momento
Serei ciumento
Dessas coisas, esqueci.
Quantas vezes me perdi
E me achei
Só em seus braços.
Não me enganei
(Nem torturei)
Um coração.
Só me deixei
Compartilhar...
O quê? Não sei!
(Mais explicar)
Se é amar
(Que confusão!)
Ainda não sei...
Mas... não é paixão.

(Guilherme Ramos, 08/02/2008, 12h06)
sábado, 2 de fevereiro de 2008 0 comentários

Contagem Regressiva

5 sentidos...
4 paredes...
3 gozos (no mínimo...)
2 seres...
1 desejo...
0 dúvidas.
(Pra que mais?)
Enfim,
Um poema decifrado
Entre corpos, suor e gemidos...
(G. Ramos e Tamita B., 25/01/2008, 18h)
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008 0 comentários

Mundo grande

Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.

Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.

Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens,
as diferentes dores dos homens,
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem... sem que ele estale.

Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
tão calma, não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! Vai inundando tudo...
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos – voltarão?

Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de indivíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam.)

Outrora escutei os anjos,
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.

Outrora viajei
países imaginários, fáceis de habitar,
ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio.

Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.

Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
– Ó vida futura! Nós te criaremos.

(Carlos Drummond de Andrade)
 
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