sexta-feira, 26 de setembro de 2014 0 comentários

Arriete Vilela entrevista Guilherme Ramos (especial para a Gazeta de Alagoas)

É. Eu sei. O blog ficou meio paradinho de um mês para cá, né? Eu explico: estou numa produção intensa (prosa e poesia) desde o início do ano. Porém, preciso deixá-la inédita para poder concorrer a editais literários Brasil a fora.

É meio injusto com vocês, assíduos leitores e leitoras, mas tentem compreender minha situação: não estava encontrando espaço em editais e concursos literários pela falta de ineditismo. Tudo o que eu criava estava aqui. Postado. E condenado a permanecer apenas aqui.

Decidi me permitir um pouco mais, para divulgar meu trabalho (e o blog também, claro), afinal são 8 anos de poesia, prosa, música... Acho que preciso atingir outras mídias.

Falando nisso, houve uma recente entrevista que dei para Arriete Vilela, especialmente para o Caderno B da Gazeta de Alagoas (sábado, 13/09/2014). Vocês podem acessá-la completamente clicando na figura abaixo (mas, se descerem um pouquinho, tem um "drops" dela...):


 Arriete Vilela entrevista Guilherme Ramos

Boa leitura!!!!

Um abraço,

Guilherme.

Por: ARRIETE VILELA - ESPECIAL PARA A GAZETA

Guilherme de Miranda Ramos, artista intermídia, ator, diretor teatral, escritor/poeta/dramaturgo, compositor e músico prático. Mantém o blog “Prosopoética de um Insone Sonhador” (www.prosopoetica.blogspot.com), que participou em 2010 do 2º Prêmio Blogbooks, categoria Arte e Cultura (parceria editora Singular Digital, Universo do Autor e editora Ediouro) e ficou entre os 25 mais votados no país. 


Seu conteúdo, despretensioso, mescla poemas, músicas, contos, reflexões e tudo mais de inspirador que vier na cabeça. Em 2005, foi um dos selecionados para compor a antologia poética “Diversos”, livro publicado em outubro pela Andross Editora (SP). Mas também é Especialista em Gestão de Organizações Sociais (UFS), Arquiteto e Urbanista (Ufal), além de ter concluído os cursos Atualização em História da Arte (UFPE) e Gestão de Políticas Culturais (Ufal).

Mesmo com o blog, Guilherme Ramos ainda tem muitos textos inéditos (possui um livro de crônicas e outro de ficção brasileira esperando para serem lançados). Transitando entre prosa e poesia, seu dia a dia é frenético. Atualmente escreve um livro de poesias diárias, além de ficções brasileiras, textos teatrais e crônicas avulsas. Há, ainda, projetos/esboços de romances esperando ganhar vida. Mas tudo a seu tempo. 

“A tragédia e a sátira são irmãs e estão sempre de acordo; consideradas ao mesmo tempo recebem o nome de verdade”. Concorda com Dostoievski?

Nietzsche afirmava que “(...) se a verdade não agradar ao homem, ele a troca por uma ilusão da verdade. (...)”. Ou seja: a verdade nada mais é que uma mentira convincente – e conveniente. Dia após dia, selecionamos o que é melhor para nós. E é na catarse da tragédia que nos livramos do que nos incomoda – mesmo sem saber disso. Com a sátira, é a mesma coisa: uma paródia aqui, outra ali, e lá se vão outras tantas frustrações. Aliviados, revigorados, seguimos. Com a nossa vida. Precisamos passar por tragédias, para que encontremos a “redenção” de que necessitamos. Ironicamente ou não, é na sátira que rimos de nós mesmos (e/ou dos outros) para expor as metástases da verdade que ninguém quer para si. Parafraseando o “filho do Homem”, somos caminhos, verdades e vidas...

“Com a comédia eu consigo procurar pelo profundo”. (Dario Fo)

Quantas vezes, sob o brilho de um sorriso fantasioso, escondemos sombras de uma realidade amarga e indigesta? O riso nada tem a ver com a falta de seriedade de quaisquer assuntos. Ao contrário. Quando não é o “riso pelo riso” (e tenho certeza que Fo não se referiu a isso), a carga de crítica que o acompanha daria para explodir um país – insensível – inteiro. Plauto, Shakespeare, Molière, Gercino Souza, Wolney Leite, Ariano Suassuna, entre tantos outros, fizeram rir como ninguém. Mas, se observarmos as nuances de suas histórias, as ironias disparadas, as dualidades injetadas, ah!, temos um prato cheio de reflexões, não é mesmo? Parodiando Che Guevara, em sua célebre frase “há de se endurecer, mas perder a ternura, jamais”, vou tentar exemplificar como seria um “riso sério”: rir, para se divertir. Mas perder a noção, jamais!

Como Charles Chaplin, você crê “no riso e nas lágrimas como antídotos contra o ódio e o terror”?

Sim, sim, sim. Chaplin foi um visionário em seu tempo. Tudo o que ele queria fazer era seus filmes. Mostrar tudo o que sabia. E sabia muito: escrevia, dirigia, produzia, dançava, atuava, compunha músicas; enfim, um gênio completo que se recusou – inicialmente – a usar som em suas produções. Isso porque não objetivava olhos e ouvidos apenas. Ele desejava o coração do público. As pessoas já se falavam e se ouviam demais. Ele queria que o público “sentisse” o filme; a história. E sentir – em sua época e ainda mais nos dias de hoje – é um ato heróico. Sentimentos podem iniciar grandes romances ou conflitos inimagináveis. Sentimentos fazem o homem amar ou odiar seu semelhante. Quando nos permitimos o riso e a lágrima lembramos, nem que seja por um mísero instante, que somos humanos. Nascemos chorando. Choram por nós quando morremos. No intervalo entre vida e morte, choramos de alegria e de tristeza. Lágrimas são recorrentes em nossas vidas como um dia após uma noite. São inevitáveis. São necessárias. Mesmo quando não as desejamos. Mas quem controla isso? Às vezes, choramos até de tanto rir! Porque, no fundo, no fundo, todo mundo quer ser feliz. E pessoas felizes não querem guerras. Pessoas felizes não têm tempo para sentir ódio. Não há mais medo quando rimos. O riso anestesia a dor e ameniza o sofrimento. Não há mais terror quando rimos. Cabe a cada um de nós utilizar essas ferramentas pessoais para o próprio bem-estar. E já dizia Millôr Fernandes: “Entre o riso e a lágrima há apenas o nariz.”. Então, faça o que quiser, mas faça de tudo para ser feliz!

“Basta ler meia página do livro de certos escritores para perceber que eles estão despontando para o anonimato”? (Stanislaw Ponte Preta)

Tenho dois pontos de vista. Um autor torna-se anônimo/fracassado por dois motivos: 1) O escritor não segue a tendência do mercado literário (ou não se submete ao que uma editora dita/condiciona para publicá-lo e/ou se recusa a mudar seu estilo de escrita porque “esse tipo de literatura não vende”); 2) O escritor escreve mal. É, acontece. Tirando os elementos “sorte” (de cair nas graças de uma grande editora) e “talento” (isso não se discute), um autor pode se matar de escrever e nunca será lido – a não ser por seus amigos e familiares mais próximos. Aliás, se ele morrer, há grandes chances de alguém se interessar mais por seus escritos, do que quando ele estava vivo. Assim é a vida. Difícil. Digna de virar livro. Mas nem sempre é assim. E fim.

“O mais valioso de todos os talentos é aquele de nunca usar duas palavras quando uma basta?” (Thomas Jefferson)

Em literatura, há uma regra de ouro: “menos é mais”. Quanto menos se escrever e mais se disser, melhor. Na vida, não podia ser diferente. Quando muito se fala, maiores serão as chances de se cometer erros. Mas alguns erros são ensaios para o sucesso. A sabedoria está em aprender com eles, erros silenciosos e/ou barulhentos. Aprender com as histórias que vivenciamos. Escrever histórias que precisam ser lidas. Mas devemos escrever um livro que gostaríamos de ler. E poupar o leitor de mediocridades. Pitágoras, filósofo grego, já aconselhava: “Não diga pouco em muitas palavras, mas muito em poucas”. Melhor parar por aqui…

Leia mais em:

(Conto "12 de Junho", completo)

e

(Crônica "Amor-Produto", fragmento)

A crônica completa você encontra aqui:

 
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