terça-feira, 28 de junho de 2011 5 comentários

Se...

Se sou noite...
... Ou se sou dia...
Se sou vento...
... Ou sou geada...
Se sou tristeza...
... Ou alegria...
Se sou manhã...
... Ou madrugada...

Se sou sangue...
... Ou sou suor...
Se sou corpo...
... Ou se sou alma...
Se sou bom...
... Ou sou melhor...
Se sou ânsia...
... Ou se sou calma...

Se sou mesa...
... Ou se sou cama...
Se sou bicho...
... Ou se sou homem...
Se sou água...
... Ou se sou lama...
Se sou quem bebe...
... Ou sou quem come...

Se sou voz...
... Ou sou visão...
Se sou amigo...
... Ou algo mais...
Se sou amor...
... Ou sou tesão...
Sou o que sou...
... Mudar? Jamais!

(Guilherme Ramos, 01/06/2011, 00h03. Começando as férias...)
quarta-feira, 15 de junho de 2011 1 comentários

5 Anos de Prosopoética!

É... Quem diria? Foi um dias desses que eu lançava ao cyberespaço este blog (06.06.06). Postava pouco. Tinha pouca experiência. Meu amigo (e blogueiro antes de mim) Tainan Costa me cobrou mais "assiduidade" por aqui. Então, comecei de fato (11.06.06). E não parava de escrever... Foi muita coisa: prosa, poesia, reflexões, música, informações diversas... enfim, um sem fim número de inspirações que me enchiam cada vez mais de vontade de postar e postar e postar...

Sei que, há meses, pouco tenho "alimentado" este ser cybernético. Motivos, muitos. Mas é melhor assumir que qualidade, ao invés de quantidade, sempre foi um de meus objetivos por aqui. E espero, de coração, que novas inspirações me visitem e sejam transcritas para vocês em breve.

Porque aqui tem sido um dos poucos escapes da realidade que me permito. E não gostaria de estar sozinho. Preciso de suas visitas, comentários, críticas e tudo o que me for (im)possível.

Parabéns para o blog Prosopoética; parabéns para tod@s vocês que vem me seguindo através dos anos. E que venham mais CINCO primaveras! E mais cinco... e mais cinco... e mais cinco...

Aliás, ADORO esse número! Por isso não poderia deixar (mas quase deixo) passar essa data em branco. Mesmo atrasado, fica registrado! 

TETELESTAI! 
(Fato consumado!)

Guilherme.
(Imagem encontrada pelo Google. Se ofender os direitos autorais de alguém, avisem, que eu retiro imediatamente. Eu, mais do que ninguém, entenderei os motivos. Sejam eles quais forem...)
quinta-feira, 9 de junho de 2011 2 comentários

Como se Chamaria? (Parte 1)

1.

Seis horas da manhã. Hora de acordar? Não... Já estava na rua, no ponto. De ônibus. Num claro sinal de penitência pessoal. Aguardando o açoite do feitor coletivo, o ônibus.

Ônibus lotado é, sem maior exagero, um pedaço do inferno. Um pedaço pequeno, pra tanta gente, diga-se de passagem. E por falar em “passagem”, como você paga tanto, por tão pouco percurso? Ah! Ossos do ofício. Sou obrigado, todos os dias, a visitar o inferno, pois preciso chegar ao trabalho cedo, antes dos outros. Mania antiga. Mas, ainda, atual.

Mas ônibus, também, é uma empresa ambulante. É um dos poucos exemplos de instituição que, ao abrir a porta, você é recepcionado pelo setor de direção. Porém, pode ser cruel: em poucos passos, já é interpelado pelo setor de cobrança.

Passados os dois setores, restava-me, agora, escolher: ficar em pé na “área VIP” (idosos, gestantes e deficientes físicos), até que o setor de cadeiras desocupasse algum milímetro ou tentar atravessar a muralha de pessoas pela frente. Para meu azar, fui o primeiro a subir no coletivo. Daí, a osmose de corpos me comprimia contra a catraca e só puder seguir, impossivelmente, para frente, pisando em pés, cutucando costas, empurrando aqui e ali, para poder me empoleirar numa das alças do corredor central, pelourinho do trabalhador contemporâneo.

Ar-condicionado? Sim, chama-se “janela aberta”. Porém, como era meu dia de sorte, todas precisaram ser fechadas, pois uma forte chuva veio e acabou com a vã esperança de conter o suor que me corria braços, pernas e costas, num horror salobro que estragaria o melhor dos dias. O que não era o caso. Não “era”, pois em meio ao sofrimento dantesco, um sorriso destacou-se como estrela em noite escura...

Não um sorriso qualquer, apesar dos dentes perfeitos, da boca carnuda, ressaltada por batom claro. Some-se isso à maquiagem leve, aos olhos com rímel e ao cabelo bem penteado, intocável. Pelo visto, aquela senhora devia ter subido a bordo logo no início da viagem, pois era impossível para alguém manter-se na linha, com tantas almas apinhando-se.

E uma dessas almas era eu! E era a mim que a luz daquele sorriso se dirigia. Seu olhar amortecia meu cansaço, minha falta de alegria em estar ali. Mas aquela senhora, em carrara esculpida pelas mãos do Divino Artífice, tornava tudo diferente e me fez ver que, para se conseguir algo bom, era preciso vencer obstáculos. E isso era tudo o que eu tinha pela frente...

Tentei aproximar-me, mas a maré de gente contrária aos meus desejos me empurrava para trás, cada vez mais. Mesmo assim, decidi romper com a lógica de que mais de um corpo não poderia ocupar o mesmo lugar no espaço. Foi quando um lampejo de razão veio à minha mente, movida pela emoção: aquela criatura, tão divina, tão maravilhosa, me pareceu familiar. Sim! Eu a conhecia! Mas seu nome me fugia. Deus! Era pouco o tempo! Eu me aproximava. Ela esperava. Mas e ela? Como se chamaria?

(Guilherme Ramos, 31/05/2011, às 11h07, depois de inspiração repentina, ao tomar um ônibus – não tão lotado quanto no conto – durante mais um dia de trabalho...)

 
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