segunda-feira, 26 de outubro de 2009 7 comentários

Reflexões de Espelho

Tenho me sentido estranho. Vazio. Como se uma pausa espaço-temporal tivesse me envolvido sem perdão. Onde é a saída de tudo isso? Onde podemos realmente ver o que ‘precisamos’ e não o que ‘queremos’? Se soubéssemos a resposta para tudo isso, talvez a situação fosse até mais complicada. É a ‘imprevisibilidade’ que nos faz humanos. É o ‘eterno não saber’ que nos move dia-a-dia. Mas reclamamos disso. Constantemente. Insistentemente. Não nos contentamos com nada a não ser com nossos desejos não realizados. Quando os realizamos, deixam de ser interessantes e tornam-se apenas simples lembranças. Engraçado como outrora foram tão importantes e agora... são só passado. Bem ou mal passado.

Sabemos de tudo isso. Sabemos de algo mais. Mas o que sabemos? O que queremos saber? O que queremos fazer? Ser feliz é a meta universal, mas... o que é ser feliz? O que é felicidade? Precisamos do que (ou de quem) para tal feito? Precisamos? Ser feliz é uma arte ancestral. Nos primórdios, o homem era feliz porque estava vivo. E se mantinha vivo. Fugir das feras, alimentar-se, abrigar-se, reproduzir-se, perpetuar-se... e ser história. Pré-história. Depois, sublimou a tal felicidade em arte (clássica) e nas conquistas mundo afora. Guerra. Guerras. É da natureza humana essa competitividade. É da natureza humana se destruir. Mas também construir. E foram erigidos muitos impérios. O homem queria crescer. Assim, seria feliz.

Mas quis mais. E mais. Ao ponto da felicidade ser desejada através de “liberdade, igualdade e fraternidade”. Irônico ou não, não foi tão fácil. E mais conflitos surgiram. Mais guerra. Sempre ela. Estaria, então, a felicidade ligada à luta (constante)? Há de se refletir sobre isso. A história mostra que sim.

Era após era, guerra após guerra, buscou-se a felicidade. Olhamos para trás e vemos que ela pode ser traduzida em vida, sexo, família, arte, dinheiro, poder... Mas... e o amor? Nos dias de hoje, parece ser o objetivo mais inacessível. Piegas ou não, clichê ou não, esse sentimento é o mais desejado e o mais incompreendido de todos. E por todos. Podemos explicar guerras, justificar brigas, compreender desentendimentos entre pessoas e/ou nações, porém, somos cegos, surdos e mudos diante de algo tão simples (e tão poderoso). Por quê?

Porque desejamos o amor, mas, depois de tantos desgastes, decepções, desavenças (desde que o mundo é mundo é assim, nas devidas proporções...) deixamos que ele pouco se aproxime. Queremos que o amor nos preencha, mas, honestamente, o que fazemos para deixá-lo ficar? Até permitimos uma pequena aproximação, mas, quando ele está (quase) nos convencendo (às vezes é mais fácil acreditar em fantasmas – sobretudo do passado), fugimos e não permitimos sua existência dentro de nós.

Temos medo. Do desconhecido. E da felicidade também. Afinal, o que será? O que seria? Então, arranjamos desculpas para os conflitos. Por isso, as guerras. Entre nações, entre famílias, entre nós mesmos (‘id’ versus ‘ego’ versus ‘superego’). Tudo porque não aceitamos o ignoto, o novo, inovador, renovador, que renova a dor de ser exatamente como somos.

Não mudamos. Talvez uma ou outra palavra; talvez de um lugar para outro. Mas somos imutáveis na essência. As transformações que atingimos (e nos permitimos) são resultado de milhões e milhões de anos de evolução (?), contradição e controvérsias. Somos um carbono-complexo incapaz de aceitar mudanças radicais. Levamos tempo demais para mudar o ‘comportamento’, mas nossa ‘natureza’ é teimosa. Quando (finalmente) a humanidade estiver próxima de mudá-la, muitos já serão poeira cósmica, cinzas de um bando de orgulhosos, que perderam seu tempo negando e se negando amor, disfarçando isso de auto-preservação (culpando traumas e desilusões anteriores).

No fundo mesmo, o que sentimos é medo de sermos felizes. Com nós mesmos. Por nós mesmos. Sem precisarmos de mais nada (nem ninguém) para isso. Talvez sintamos um choque anafilático em nossa consciência. Um vazio. Como se uma pausa espaço-temporal tivesse nos envolvido sem perdão.

E, assim, as guerras recomeçam...

(Guilherme Ramos, 26/10/2009, 13h20.)
sexta-feira, 23 de outubro de 2009 3 comentários

Inspiração...

Às vezes a poesia se alonga...
Às vezes se encurta.
Às vezes acho 'tá bom!'
Às vezes, 'tá não...'
(Mas é minha culpa)
Às vezes ela não vem...
Às vezes vem; abrupta.
Assim, quem sabe, nunca se acabe,
Fique com gosto de 'quero mais'...
Inspiração (ou não) é assim:
"@#$%&*%@$#%&$#@%#&!"(*)
(*) Tradução: "Vapt-Vupt-Zás-Trás!"

(Guilherme Ramos, 23/10/2009, 19h32. O comentário virou post. Obrigado, Guilherme Herculano e Rafael Araújo! Graças ao comentário no post anterior, a 'inspiração' deste aqui veio rápida! Abração!)
quinta-feira, 15 de outubro de 2009 4 comentários

Precisão

O tempo todo
(Todo o tempo)
É só momento.
Instante...
Constante...
Contrastante...
Comum (o bastante)
Pra ninguém perceber
Que no fim (relevante)
O que está vivo
(E só isso é preciso)
Cedo ou tarde...
Vai morrer.

(Guilherme Ramos, 10/10/2009, 17h32... 17h33... 17h34...)
domingo, 4 de outubro de 2009 3 comentários

Cais

Barco, sem cais,
É deriva.
(Às vezes naufrágio...)
Cais, sem barco,
É solidão.
(Por vezes, tão frágil...)
Assim somos.
Eu. Você.

(Guilherme Ramos, 12/09/2009, 7h30.)
 
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