Crioulo já foi negro, já foi verbo, foi escravo, pejorativo,
Foi orgulho. De seu povo, foi aliado, foi inimigo,
Foi alcunha, foi façanha, foi herói e foi bandido.
Crioulo já foi pão, foi agressão, foi agredido...
Crioulo já foi tanta coisa e ainda é tanta coisa mais...
Foi muito além do que alguém aprendeu na escola.
Na Europa, já foi planta indígena, quilombola e animais.
E foi descendente de europeus da América espanhola.
Crioulo já foi língua. Portuguesa. Em Cabo-Verde, Haiti,
Estado da Luisiana, Guiné-Bissau, Índia, bem longe daqui,
Belize, Filipinas, Ilha de Málaca e Sri Lanka. Sob o céu azul,
Crioulo também foi cavalo. De Gaúcho. Na América do Sul.
Crioulo já foi música, foi poema, foi forma de expressão.
Por causa de Stanislaw Ponte Preta, “crioulo” virou jargão.
É o “Samba do Crioulo Doido”! Há tanto tempo, sensação!
Já foi romance de Adolfo Caminha, museu brasileiro e programa de TV.
Talvez, por isso mesmo, a brava gente brasileira não consegue conhecer.
Mas o rapper brasileiro, no refrão da mídia, esse, sim, todo mundo vê!
Crioulo já foi. Já era. Já é. Crioulo é mais do que se pode explicar.
Mas hoje, crioulo é arte. Nem sacra, nem profana. É arte e pronto.
Aproveitem o espetáculo. Ouçam as canções. E o que elas tem a falar.
Ouçam seus corações. O simples deleite não é enfeite, será... encanto.
(Guilherme Ramos, Maceió, 10 de maio de 2013, 13h58, baseado
numa pesquisa histórica acerca do significado do nome e de suas diversas
utilizações/situações no mundo: termos, apelidos, conceitos etc., além, claro
de licenças poéticas. Em momento algum tive a intenção de banalizar o termo
“crioulo”, muito menos o ser humano. Foi uma honra poder criar um poema pra
essa ocasião.)