sábado, 28 de julho de 2012 1 comentários

Laura e o Nº 05

Laura: pura simpatia...

Lembro das horas, minutos e segundos
Anunciando sua chegada triunfal...
Um doce sorriso ingênuo, dos mais profundos,
Repleta de paz, de alegria, sem igual.
Aquela que é “digna de louros”
Respondeu ao chamado Divino:
Única, com o número 05 em seu destino,
Apaixonante, como a arte e o sonho no mundo,
Livre, a pisciana, segue. Da vida, não perde um segundo.

(Guilherme Ramos, de 16/03/2012, 13h15 a 28/07/2012, 00h25. E o nº 5 volta a aparecer. Minha filha caçula, Laura, fez às 5h21, 5 meses. E levei outros 5 meses para terminar esse poema... Ah! Esses mistérios, esses mistérios... Engraçado que escrevi uma crônica sobre seu nascimento em poucos dias. Hum... Será que Laura é PROSA e Hannah, a mais velha, é que é POESIA? Rssss... Bem, não importa: meu amor por ambas é indescritível. E elas são tanto meus melhores romances, quanto minhas melhores poesias...)
domingo, 22 de julho de 2012 2 comentários

Contos que não se contam (parte 5)



5.

– Sssssssssiga em frente... – Aquela frase se repetia. 

Isso não iria acabar bem. Eu tinha certeza. Ou quase certeza. À medida que adentrava aquele cômodo úmido, frio, os odores da morte sumiam. Deram lugar ao quase agradável fedor de mofo, lodo e coisas gosmentas. Mas minha vontade era de continuar. E ficar lá para sempre. Porque sabia que lá era meu lugar. Pessoas como eu não deveriam se misturar aos vivos. Deveriam conviver com os mortos. No além-mundo. A terra era para os que sofrem. 

Então, lembrei de minha missão na casa. E nada poderia me afastar dela. Tomei controle da situação e, antes de entrar no quarto, foquei-me em meu “Santuário Astral”. 

A morte não é apenas um estado físico-espiritual, mas um continente inteiro de descobertas. Seus limites nos parecem horrorosos, assustadores, mas tudo por uma questão de estratégia. Para afastar os curiosos... Afinal, se todos soubessem como era o tal pesquisado “outro lado”, ninguém ficaria na Terra...

Atravessei, enfim, o véu da desconfiança e cheguei ao meu objetivo: Ters Mori, meu verdadeiro lar. Onde minhas forças são inexplicáveis, meus sentidos inimagináveis e meu conhecimento insuperável. Mas meus inimigos... implacáveis.

Eu tinha pouco tempo por lá. Logo apareceriam oponentes e eu estava em minoria. Normalmente são seiscentos e sessenta e seis oponentes por vez. Um desafio proporcional ao nosso poder. Mas não tinha tempo para batalhas. Estava numa missão de limpeza e usar as sombras ao meu favor era uma questão de segurança. Isso teria um preço. Tal “invisibilidade” para as trevas na Terra poderia ser minha ruína. Afinal, há um Mal bem maior onde me encontro. Chama-se “Voragem”. E, como o próprio nome já diz, devora tudo e todos que estiverem à frente. Voragens são como tubarões gigantes num oceano de sangue e mortos. Um banquete eterno. E eu seria a carne mais fresca. Aliás, a única carne, já que o ambiente é naturalmente, povoado por almas.

Enquanto me esgueirava na projeção do que seria a casa, para me aproximar do local onde deveriam estar os corpos do casal e da criança, senti algo se aproximando... Sutil, esperto, mas não tanto quanto eu. Fingi, no entanto, não percebê-lo, para ver o que estava planejando...

E o tudo mais... só foi mais... escuridão. 

(Guilherme Ramos, 22/07/2012, 11h31. Para minha prima Paty, a quinta parte... Antes que ela me mate! Rsss...)
sábado, 21 de julho de 2012 1 comentários

Madrugada


Acho que não me acostumei ainda
com a solidão do meu quarto branco
Tenho certeza que isso já, já, finda
Da melhor maneira, sem nenhum pranto.

Acho que ainda não me acostumei
com a solidão do meu quarto branco...
Não sei se sei o que pensar (direi:)
tanto faz, como tanto fez, ou quanto...

Quanto eu tenho pra dizer...
Quanto eu tenho pra fazer...
Pra que dormir, sozinho, enfim?

Se perco o sono, estou em sua vida,
Recrio o sonho: ação bem resolvida.
Eu e você, assim, do começo ao fim!

(Guilherme Ramos, 21/07/2012, 00h40, após uma frase-desabafo da amiga Angeline Castro... Homenagem pós dia do amigo! Rssssss...)
sexta-feira, 20 de julho de 2012 0 comentários

Apelação


A pele, branca, cerceava sentidos e sentimentos.
Apele! Apele, quântica e indiscriminadamente...
Sem medo da dor que escorre de seus ferimentos,
Sem ser da cor, que morre, aos poucos, na sua mente.

(Guilherme Ramos, 20/07/2012, 00h48)
quarta-feira, 11 de julho de 2012 2 comentários

Biodesgraçável



Sua vida era um saco. Plástico. Biodesgraçável. Não que fosse um exemplo de vida ruim. Mas não era boa. Vivia à toa. Ele sabia que tinha muito para mostrar. Só não conseguia. A vida lhe fôra exigente demais. Como se quisesse que evoluísse a todo custo, milhões e milhões de anos por segundo, do modo mais profundo, num processo de criação tal qual diamante: muita pressa/o; alta temperatura. Tudo isso não dava certo, não conseguia fazer um caminho reto. Enfim, era tortura.

E seguindo, foi. E mais além. Não sabia rezar. Só souber dizer “amém”. E fechou os olhos. A queda se deu, não como pluma no vácuo, mas como pedra num penhasco. Seco. Bruto. Intolerante. O seu corpo virou manchete, por ter se esborrachado, virado chiclete no meio da rua... da amargura. Acabou a tortura.

A viagem ao Além foi bem rápida, como nunca imaginada, prevista ou contada. Só lhe restou acreditar que lá, seria melhor. Mas, ao chegar no Limbo, veio um ser (estranho) rindo, para a (má) notícia lhe dar:

- Ah! Então, você é o cara que queria descansar?

- Eternamente! – Afirmou, sem pensar.

- Pois então, fique ciente, de que aqui a coisa é diferente...

- Como assim? – A preocupação era aparente.

De resposta, só recebeu uma gargalhada, daquelas de cortar a madrugada, pra não deixar mais ninguém dormir. O problema era, justamente, esse...

- Aqui, o sono eterno é uma lenda, não há espaço para descanso. Por isso aprenda: fazer-se morrer não vai adiantar de nada. Pode aceitar a madrugada como companheira eterna. Arme-se na caserna e ponha-se a marchar! Siga em frente, com os olhos bem abertos e, com a certeza corrente de que aqui, seu descrente, só vai sofrer e, mais ainda, chorar.

- Por quê?

- Porque aqui não se descansa nem se dorme, só se corre, corre e corre, para, da insônia, escapar. Aqui, você vai descobrir a razão do “passar a noite em branco”, mas não adianta entrar em pranto. Não vai lhe ajudar. Aprenda, de uma vez, que o circo (de horrores) se fez e você vai se apresentar.

E, recolhendo o rabo entre as pernas, o pobre infeliz só pôde fazer o que todos faziam. Deixou de ser mais um da multidão, pra ser apenas um. Na solidão. E assim, foi, para sempre. E mais um dia. Até virar o chefe “de lá”. Para aprender que com a vida não se brinca, mesmo ela sendo (aparentemente) vazia. Que, por pior que ela tenha sido, tinha uma razão específica. Depois de morto, não adianta construir uma basílica. Tudo vai desmoronar.

E foi assim que nasceu o velho bardo sertanejo, de sete peles, sete vidas e sete histórias pra contar (essa é uma delas – fique a vontade para as outras, imaginar!):

- Eita vida maldita! Eita morte verídica, que eu vim aqui aboiar! Pode correr, pode fugir, não adianta seu cabra, porque hoje eu vou te pegar!...

Conselho: se puder, morra em vida, de vez em quando (e renasça), para aprender que o seu maior engano pode ser uma chance de melhorar (e não uma ameaça). Caso contrário, do véu mais estranho e escuro, do alto de seu infinito rebanho absurdo, o diabo biodesgraçável (tal qual você sequer imagina) pode vir te aboiar...

- Ê boi!...

(Guilherme Ramos, de 10/07, 18h15 a 11/07/2012, 13h30, numa inspiração repentina, de escrita automática, sem nenhuma outra explicação para dar... Rssss...)

Imagem: Comunicação Verde. Todos os direitos reservados.
terça-feira, 3 de julho de 2012 0 comentários

Sexo Requentado




Nunca fui um mero exemplo de amante,
Pelas qualidades (quase) ausentes
De firulas amorosas, supérfluas, diante
Dos que fazem do amor, meras armas decadentes.

Tão pouco fui (ou sou) um frígido errante,
Na busca infinita pela parceira ideal.
Até porque isso não existe, mas é constante
Quererem mudar a minha opinião, pessoal:

Corações reticentes, de sexo requentado,
Pouco amor, poluentes, num teor amargurado
De libido traiçoeira, beirando a podridão.

Quase sempre incoerente, visado, mal aproveitado,
O cérebro, incongruente, por vezes desrespeitado,
Só tenta entender os melindres da multidão.

(Guilherme Ramos, 03/07/2012, 18h33, inesperadamente, depois de um "frio" dia no trabalho...)
 
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