Poderia escrever muito e dizer pouco.
Água salgada, para a sede de um morto.
Soubesse eu, feito um poeta torto,
Comer palavras, beber frases (seria louco?)
Oscular estrofes, lamber rimas (algumas cretinas!)
Até digerir coisas (nem tão) pequeninas:
Escritura, criatura, sepulcro caiado;
Menino, homem, cordeiro imolado.
Num rascunho de Páscoa incomum,
Olvidar o passado é repetir no futuro.
Só o presente, mesmo ausente, em comum,
Será ausente (mesmo presente) e escuro.
Assim, o escrito, não saiu como previ.
Enfim, escrevi, não previ o que sairia.
Realmente servir, serviu, como servi
À conclusão da esfomeada poesia.
(Guilherme Ramos, 04/04/2010, 22h30 e 06/04/2010, 16h25)
Não é algo muito "religioso" (afinal eu mesmo não sou assim) mas, atualmente, um sentimento me angustia: a falta de fé (ou "ciência da fé", se me permitem o trocadilho). Fé não apenas em Deus e/ou seus santos, mas Fé nas pessoas, Fé no que elas fazem a cada dia, para melhorar esse mundo já tão descaracterizado... Fé. Aquela que remove MONTANHAS. Fé em si mesmo, para se poder ter Fé no outro. Enfim... Talvez seja essa a resposta que não se quer ouvir. Fica a crítica, poética crítica, para a interpretação múltipla, como a Arte deve ser. Pelo menos, a minha tenta. Tenho Fé nisso.