quarta-feira, 2 de julho de 2014

Da sensação de fazer o seu melhor e achar que ainda falta algo...


Incompletude. Sensação de vazio, estando-se cheio de algo que se gosta. Um oceano vazio de vida. Um deserto subaquático, uma morte líquida, um vazio cheio. Um nada repleto. Completo. Extremo.

Assim estava um coração à deriva, sem ter razão ou porquê. Assim eu estava, sem estar com você. Mas nada mudou ao encontra-la. Absolutamente. Permaneci vazio, frio e isolado. Mas havia um instante de vida em meio a toda extinção. Havia um sorriso. Havia libido. Havia afeto e sensação.

Deu-se um salto evolutivo. E, da terra estéril, veio a vida repentina. Milhares de anos de mudanças e adaptações em segundos a fio. Tudo por um olhar. A visão de um sorriso. Que era seu. Que se tornou meu. Foi nosso doce mudar.

Fora nosso big bang, onde nenhum criacionismo ou darwinismo poderia nos explicar. Nem explicitar. Somos as únicas espécies racionais capazes de nos entender. Somos só eu e você, para esse mundo povoar. Somos Filhos do Paraíso, sem questionar. Somos pecado e serpente. Somos linha de frente. Somos feitos para amar.

Fomos. Somos. Seremos. Serenos, faremos mais do que se pode imaginar. E fomos. Seguimos. Amamos. Juntos, criamos o que ninguém sabia mais. Mas, mesmo assim, havia a mesma sensação de vazio. Do início. Do início dos tempos. Um vazio existencial. Que precedia o tempo e o espaço.

Havia a sensação de fazer o seu melhor e achar que ainda faltava algo. E assim foi, dia após dia, até o fim dos tempos. Quando havia apenas cinzas no mundo, eu e você olhávamos um para o outro e pensávamos: por que tudo isso aconteceu? Não havia resposta. Certa ou errada. Havia o nada. Que, mais uma vez, nos venceu.

Do nada, fez-se o algo. E, desse algo, uma nova centelha de esperança nos (re)surgiu. Era o que precisávamos para recomeçar. E seguir em frente. Sempre em frente. Como sempre. Assim é a vida, morte após morte, sem cessar. Nunca haverá vazio completo, nem um completo vazio. Haverá vagas, para preenchermos com o que temos de melhor. Ou pior.

Por hora, vou coletando as sementes. Vou plantando as sementes. Vou regando as sementes. Vou espera-las crescer. O que vai nascer, eu não sei, mas tenho a certeza de que fiz minha parte. Assim como você.

Quem sabe, enfim, quando as chamas dos vulcões apagarem, os oceanos secarem, os céus escurecerem, ainda reste o seu olhar, o seu sorriso no horizonte. Uma estrela guia para este navegador de sonhos e pesadelos. Um olhar ao norte. Ao legado da sorte, para em você, mais uma, vez eu aportar.

(Guilherme Ramos, 01/07/2014, 12h25.)

Imagem: Google.

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