domingo, 10 de março de 2013

Por do Sol




Chega a tarde, o calor se ratifica, o vento para. Não há muito o que dizer. Apenas, sentir. É como num dia de chuva, durante o inverno. Mas ao contrário. Bem ao contrário. No inverno, há uma irresistível vontade de permanecer na cama, agarrado. Com alguém ou com o edredom. Mas agarrado. No verão, existe o desejo de estar sob influência de um ventilador ou ar-condicionado. De estar longe de qualquer coisa, pois o “contato” esquenta ainda mais. Seria uma estação anti-social? Alguns acham que no verão, as pessoas se agarram mais, devido, justamente, ao clima caliente. Quando gente precisa de gente. Quando a gente quase se esquece da gente. Mas isso é outro ponto de vista...

Eu me referia ao por do sol, anteriormente. Voltemos então. O crepúsculo é um espetáculo à parte. Hoje, em minha varanda, observei-o, magnífico, enquanto refletia minha vida, meu dia. Maiores reflexões foram as de seus raios solares, imponentes, que pouco se importavam se meus olhos (ou quaisquer outros) sofriam. Lágrimas, tais quais gotas de suor rondavam minha face, provando, talvez, que eu ainda tinha um coração. E ele estava fraco, abatido, triste e enrustido, com medo de ser e fazer o seu melhor: bombear sangue. E, a cada novo empuxo, corriam em minhas veias algo que chamam de vida, de existência, de experiência. Mas o que eu experimentava aqui, o que eu experienciava?

A morte do sol, para nosso olhar. Era uma morte anunciada, prevista, repetida e tão rotineira que há tempos não a notava. Não me importava. E, ao perdê-la, EU me perdia em mortes de pensamentos, em mortes de opiniões e nem me importava. Numa total falta de compromisso com o amanhã, eu apenas me recolhia à minha cama. Era noite e o dia se fora. Logo, eu deveria me entregar aos auspícios da madrugada, dormir sem sonhar e acordar, no dia seguinte, sem ver o (re)nascer do sol. Sim, ele ressurgia, ressuscitava dia após dia e eu, numa total falta de preocupação, sequer notava. Percebia, pois meus olhos e inteligência me informavam que havia novos dias e novas noites, mas seus significados se perdiam como lágrimas no chuveiro...

Então, eu vi. Estrelas estavam ali, o tempo todo. Como olhos, olhares. Críticos, inquisidores, a me perguntar: “o que faz aí, parado?”, “por que não faz nada para mudar?”... E eu fechei a janela. Abri a porta da varanda e me banhei no que poderiam ser os últimos raios de sol (do dia de hoje). E foram. Amanhã, renovados, serão novos raios, novas energias, novas histórias. E eu? O que serei? Mero coadjuvante do mundo ou o melhor que o mundo já viu? Essa resposta (e tantas outras) cabe a mim responder. E viver. E mudar o que viver. Porque como o sol, precisamos de momentos de brilho e momentos de morte anunciada. Esse renascimento, se consciente, fará a diferença. Diferença em novas auroras e novos crepúsculos. Porque, enquanto homem, eu nasço e renasço todos os dias. Queira eu ou não. E, no dia que isso parar de acontecer, é porque eu precisava transcender.

(Guilherme Ramos, 10/03/2013, 18h17. Sem mais comentários...)

Imagem: Google.

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