terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Eu Já Amei


Eu já amei. Ah! Se amei! A vida é assim mesmo, um eterno recomeçar. Engana-se quem acha que se morre quando um relacionamento acaba. Morrem os bons momentos, os beijos, o sexo, a companhia, os abraços, o cheiro. Do outro. Mas ficam os seus bons momentos, a sua capacidade de beijar outra pessoa, o seu jeito único de fazer sexo, a sua presença – para ser companhia de outro alguém, os seus abraços, o seu cheiro...

Ficam tantas coisas – que podem ser partilhadas com outra pessoa, que você nem deveria se lembrar do que passou, do que houve, do que lhe entristeceu. Acabou. Admita. Acabou. Mesmo. Mas você permanece. E você é sua melhor companhia. Mesmo. Não há ninguém igual a você. Então, você para de choramingar e segue em frente. Porque, depois, sempre vem mais gente.

E a coisa se repete. E mais uma vez. E mais outra. E outra. Num ciclo previsível até que você acha que já sabe se virar sozinho. Aí, acontece novamente. Mas diferentemente. E como é isso? Ninguém sabe explicar. Não se ensina na escola, na faculdade, no barzinho, no cabaré, em nenhum lugar. Só a vida mesmo sabe como nos mostrar.

Mas a gente precisa saber enxergar isso. É meio estranho, no início. Você se sente um alienígena desgraçado. Quer voltar para casa, para o útero da mãe, para os confins do universo, para o big bang, mas não quer passar por isso novamente. Mas passa. E se entrega. É inevitável. É bom. Aliás, é ótimo!

E as coisas são diferentes. A pessoa cuida de você; você cuida dela. A pessoa se declara; você se declara para ela. Ela viaja, você sente falta dela. Você viaja, ela sente falta sua. Seu aniversário não tem mais graça sem ela; ela nem celebra essa data sem você. Carnaval, São João, Dia das Crianças, Natal, Ano Novo... O que é isso, se não estão juntos? Nada se compara a essa sensação.

E, ao mesmo tempo, tem suas próprias vidas. Individuais. Pessoais. Cada um por si. Cada um na sua. Com sentido. Com um norte definido. Sem dores pelo corpo ou pela alma. São felizes assim. Voltar para casa para ver o outro é um bônus que a vida lhes concede, não uma obrigação enfadonha. É divertido, não tedioso. É mais que bom, é maravilhoso.

É partilhar, não partir. É um futuro que qualquer um deseja, mas tem medo de tentar. E, quando surge a oportunidade, às vezes, estamos ocupados demais lamentando o passado. Quando menos se espera, o passado se faz presente novamente. E só nos resta repeti-lo como tolos.

E começamos pelo mais básico dos básicos. Repetimos, num mantra maligno, digno de fim do mundo:

- Eu já amei. Ah! Se amei!...

(Guilherme Ramos, 03/12/2013, 21h04.)

Imagem: Google.

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