segunda-feira, 21 de abril de 2008

Beijo Tinto

(Luiz Siqueira de Lima Neto)

Nos lábios do vinho, o beijo.
Na boca da taça o gosto da boca amarga.
Na ponta do escuro, os dedos.
Descobrindo caminhos entre bocas e pêlos.
Nos lábios do vinho o desejo;
A vontade de ter, querer, de poder...
No silencio do olhar,
Vendar para desvendar.
No gole do cigarro,
De acender o vinho.
Alimentando as batidas ininterruptas
De um alado coração machucado,
Dividido, partido entre razões e razões...
No sabor da fumaça o balé do tinto,
A embriaguez moral do amor,
Na volúpia de vontades reprimidas
No fundo dos copos manchados
De vermelho.
Nos lábios do outro o gosto do beijo,
No outro do ninho os efeitos do vinho.

‘Nos verbetes de uma garrafa a vontade de estar longe, de aproximar-se do ser para deixar de não ser, no atraso da paixão, uma canção para embalar a dor e a frustração. Nos lábios do vinho, palavras, disparadas, jogadas contra o nada que te consome, consomem e não te respondem nada (pelo menos não o que você quer ouvir), no último pingo, as lágrimas...’

Poema do meu amigo Luiz Siqueira de Lima Neto e pode ser acessado no blog http://umpoucodoeuquecabedentrodenos.blogspot.com.

1 comentários:

Cristiana Fonseca disse...

Olá Gui
Este poema me fez parar e repousar aqui por alguns bons momentos.
lindo , lindo, lindo
Neste pude imaginar vários traçados de uma obra.
Bjs
Cris

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