Pergunta:
"(...) Dizem que os poetas são os melhores para transpor sentimentos para palavras. Então eu pergunto, o que é, assim, genericamente, o amor?"
Resposta:
Amor é ausência e é presença
Amor é loucura e é razão...
É igualdade, na diferença...
É um ataque no coração.
Amor é algo que não se explica.
Amor é pecado e é perdão.
É verdade que se fortifica,
É mentira, sem comparação.
Amor é bipolar, amor é etc. e tal.
Amor é coisa doida, brisa no litoral.
Amor é isso. E aquilo. Pra que falar mais?
Amor é bíblia, amor é tablet.
Amor é Batman, às vezes, Alfred.
Amor é luta. Mas só quer paz.
(Guilherme Ramos, 30/04/2013, 1h17. Resposta ao questionamento acima. Louco, não? Não o questionamento, mas minha resposta... Rsss...)
Engraçado que nunca a viu dançar. Mas tinha a certeza de que seus
passos seriam os mais incríveis possíveis. A forma como andava, como falava,
como sorria com o corpo inteiro, os cabelos soltos ao vento, os olhos
brilhantes... Enfim, um conto de fadas ambulante.
Seu corpo era firme. Pernas torneadas – segundo ela, de
nascença – cujos exercícios físicos só as valorizaram. Não fazia academia.
Somente a dança lhe bastava. Os ensaios, repetidos minuciosamente dia após dia,
buscavam a perfeição. E o coração da bailarina só batia por seu ofício. Seu
coração só sentia o ritmo da música.
Foi quando o conheceu. Ele, homem de letras, pouco exercício
fazia. Não chegava a ser sedentário, mas também não curtia academia. Preferia
caminhar. Ao lado dela. Correr, só se fosse para os seus braços. Suas risadas, ainda
mais gostosas, formavam um acorde perfeito com as dela, onde a melodia criada
era chamada amor. E viveram felizes...
... Mas não para sempre. Ela, tardiamente, descobriu-se impedida
de amar mais uma vez. Sua maior paixão – a dança – foi a única que não a
decepcionou tempos atrás. E temia por seu coração. E tremia pelo coração do
outro. Não queria machucá-lo. Não queria machucar-se. Novamente. Seu passado
foi triste o bastante, como uma queda no meio de uma apresentação. Uma fratura
exposta, cruel e sem cura. Decidiu afastar-se, fugir dos refletores. E da cena
romântica.
Ele partiu para longe. Para dentro de si. Fugiu das lágrimas
e da dor. Evitou o clichê. Trancou-se. Escreveu. Recolheu-se. Reescreveu. Desconheceu-se.
Escreveu novamente. E ficou bom. O que foi escrito. Ficar bem, ele, bem mesmo, só
com o tempo. Era preciso... revigorar-se.
Não havia raiva, rancor ou amenidades sentimentais trevosas.
Havia amor. E os dois sabiam. Sentiam. Ainda. À distância. E, sendo amor, não se
poderia forçar nada. Se era pra ser, que fosse. Ser não era, foi-se. Foram-se. Tantas
chances, ainda, de serem felizes... Mas ninguém parecia enxergar.
Ela poderia compor seus romances, seus poemas, suas aventuras
fantásticas, suas inspirações, ser sua musa, sua amada, sua amante, sua melhor amiga
e seu eterno instante. Aquele momento, quando não se pensa em mais nada e
apenas uma imagem vem à mente: eles, felizes, lado a lado, num tom – e sobretom
– sorridente.
Ele poderia enlaçá-la, abraçá-la, rodopiá-la ao som da valsa,
do tango ou do ritmo que ela escolhesse. Nem mesmo seria preciso música, pelo
simples fato dela, por si só, ser a mais importante, instigante e excitante
melodia que a sua vida já presenciou. Então, (re)pensou:
- Dança, mais uma vez, comigo?
(Guilherme Ramos, 29/04/2013, 18h.)
[Mais um conto da série... “Sobre Mulheres e Fêmeas”...]
Imagem: Google.
Imagem: Google.
Eu poderia enlaçá-la, abraçá-la, rodopiá-la ao som da valsa, do tango ou do ritmo que você escolhesse. Nem mesmo seria preciso música, pelo simples fato de você, por si só, ser a mais importante, instigante e excitante melodia que a minha vida já presenciou. Dança (mais uma vez) comigo?
(Guilherme Ramos, 29/04/2013, 11h23. Em homenagem ao Dia Internacional da Dança. Em homenagem... a você. Que dança.)
Não conheço ninguém que morreu de saudade. Houve gente, sim,
que morreu por falta de algo. Ou alguém. Isso ninguém merece. Viver sem
ninguém. Viver sem alguém. Não se merece viver assim, sem. Antes, cem! Para se
sentir os momentos, os lamentos, os intentos... Enfim, os erros e acertos, num
interminável sentir. Porque saudade é isso: reviver o que queríamos ter, ser e até
estar. Novamente. Intensamente. Eternamente. Quando nos permitíamos... sonhar.
(Guilherme Ramos, 23/04/2013, 23h50.)
Não, não dá mais...
E... fim de papo.
Não dá pra continuar
A viver sem contato.
Isso, sim, é errado.
Cansei de viver (na aparência)
E quase morrer por opção.
Cansei de agir (por carência).
Usar: mais cérebro; menos coração.
Registro, aqui, esse recado.
(Guilherme Ramos, 22/04/2013, 15h15.)
Imagem: Google.
Era frígida. Muito frígida.
Completamente frígida. Do tipo que fica olhando o teto, escolhendo a cor ideal,
enquanto o marido está enfiado nela, já dando a “terceira” na mesma noite, pra
ver se ela goza também. Quando ele tomba de lado, exausto, sonolento e suado, ela
se levanta, toma banho (de touca), escova os dentes, põe creme no rosto, nos
braços, nas pernas, desliga a luz do banheiro e, na total escuridão, volta para
a cama. Demora a dormir. Sua mente funciona diferente e quase nunca sonha.
Desde pequena foi assim. Estranha.
Esquisita. Excluída. Não tinha amigos na escola. Não brincava com as crianças
na rua em que morava. Solidão era coisa comum. Seus pais se separaram quando tinha
dois meses. Não se lembra do pai. Lembra da mãe só até uns oito anos. Ela saiu
de casa para comprar leite e nunca mais voltou. Criada pela avó, sentia-se só
mais uma fêmea em processo de engorda, à espera do abate.
Sempre teve dificuldade em sentir
prazer. Talvez nunca tenha sentido. De nenhum tipo. Nem com sorvete de
chocolate, durante o verão. Nem com chocolate quente, em pleno inverno. Frieza.
Isso lhe parecia acolhedor, familiar. Talvez... Não, não. Mesmo assim, não
conseguia Sentir. Nem isso. Nada.
Quase não teve namorados. Na
realidade, só um. E casou com ele. Virgem. Ele a amava. Só bastou isso. Vários
anos juntos. Nenhum filho. Sexo recatado. Luz apagada. Marido quente. Ela,
fria. Nem morna ficava. Houve muito esforço do marido. Para agradá-la. Para
excitá-la. Nenhum sucesso. Chega uma hora que o outro não aguenta. Vai embora.
De mala e cuia. Explica a razão. Ela apenas olha. Ele chora. Ela, não. Ele vai.
E nem saudade ela conseguiu sentir.
Ficou só. Ela e a casa. Não quis
mais sair de lá. Fazia compras pela Internet. Pagava com cartão de crédito. Evitou,
a todo custo, contato humano. Um dia, uma semana, um mês. No escuro. Sem
ninguém. Até baterem em sua porta. Não atendeu. Não era dia de entrega. Bateram
novamente. Insistiram. Muito. Ela decidiu ver quem era.
Tão logo girou a maçaneta, foi
empurrada para trás, bruscamente. À porta estava um homem mascarado, cheio de
más intenções. Ela tentou correr, mas foi agarrada. Tentou gritar, mas teve sua
boca amordaçada. O homem segurou-lhe pelos cabelos, fungou-lhe o pescoço e
lambeu suas orelhas como um animal faminto. Pela primeira vez, ela sentiu algo.
Seria, aquilo... Medo?
Não teve tempo de raciocinar. Amarrada
à cama, teve suas roupas rasgadas. Seu corpo foi possuído como nunca havia
sido. O homem era um faminto. Deveria estar sem sexo há anos. Ela, ela... ela
entendia aquilo. Ela sabia o que era ser privada de algo por toda a vida. Ela
queria aquilo. Ela queria sentir prazer. Aquele homem estava tão faminto... Tão
fogoso... Ela, ela... ela também queria estar!
O homem continuava. Era
insaciável! Que coisa! Que coisa!... Que coisa gostosa! Que macho esplêndido!
Que cacete gostoso! Que porra louca era aquela situação! E o que era aquele
arrepio? O que era aquele arrepio? E os seios duros? Os mamilos armados, apontando
para seu desconhecido violador, implorando para serem apertados, lambidos,
chupados...
- Ahhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!... -
Ela gritou. - Me fode! Me fode! Me foooooooodeeeeeeee!!!!
O homem parou por uns instantes. Ela
se conteve. Ele, puxando-lhe pelos cabelos, colocou-a de quatro e a penetrou. Mordeu
ombros e pescoço. E ela... adorando. Querendo mais. Mais rápido. Mais forte.
Mais. Tapas, mordidas, lambidas... Não sabia explicar o que estava sentido. Apenas
sentia. Como nunca sentiu antes. Como queria sentir sempre. Tremeu, chorou,
riu, gargalhou, ruborizou...
- Gozei.
Ao ouvir aquilo, o homem parou,
vestiu-se e foi embora.
- Você vai... voltar? - Sussurrou,
antes de adormecer, mesmo sabendo que ele não escutaria.
Para sua surpresa, ele voltou na
outra noite. Mascarado. Violento. Insaciável. Como na primeira vez. Vieram outros
dias, semanas, até completar o mês. O sexo ficava cada vez melhor e os
orgasmos, múltiplos - não importando se à meia luz ou com todas as lâmpadas acesas...
- Você vai voltar? - Certa vez
ela falou em alto e bom tom. Para ter certeza de que ele escutaria.
Calado, o homem afastou-se e a observou.
Exausta, nem podia se defender. Ele poderia matá-la naquele momento, que nem
reagiria. Até morreria feliz. Mas ele apenas se vestiu e foi embora. Ela ainda pensou
em impedi-lo, mas... com que forças? Ele foi embora. De mala e cuia. Sem
explicar a razão. Ela apenas olhou. Ele não chorou. Ela, sim. Ele foi. E a
saudade já começou a surgir...
- ATÉ QUANDO VOCÊ VAI VOLTAR? - Gritou.
E gritou alto.
- Até que a morte nos separe. -
Disse seu marido, voltando ao quarto com a máscara nas mãos...
(Guilherme Ramos, 18/04/2013, 02h10.)
[Mais um conto da série... “Sobre
Mulheres e Fêmeas”...]
Imagem: Google.
Já
passava das três... da manhã. O cigarro babado, manchado de batom, o gosto de
cachaça barata, na boca e nas roupas, a terrível sensação de que seria mais uma
noite em claro... Ah! Isso acabava com seu humor.
Lá
estava ela, de um lado para o outro, desde as onze... da noite. E ele não
chegava. Podia ser aceitável para as outras, mas não para ela. Odiava atrasos.
Ela tinha horário a cumprir. Tinhas coisas para fazer. Tinha contas a pagar.
Era independente. Autônoma. Mas dependia de seus parceiros para cumprir a meta
mensal. Do contrário, seria um inferno completo: fazer mais por menos, sem
restrições, apenas para não ficar no prejuízo. Estava cansada disso.
A
pior coisa do mundo não é vender o corpo, pensava. Isso é fácil. E rentável, em
alguns casos. Pior, pior mesmo, é querer basear o processo na idealização, no
desejo dos outros. É loucura. Gosto pelo gosto, há espaço para tudo e todos
(doa em quem doer...): se está muito jovem, é prato cheio para os tarados de
plantão. Se está madura demais, não importa, desde que encontre homens maduros.
Se está muito magra, há os adoradores da bulimia. Se está acima do peso, há os
que gostam de excessos. Se está “bombada”, existem os fissurados nos extremos
da malhação. Se está em forma, nem mais nem menos, você só fez sua obrigação.
Há os clientes de sempre.
Quando
começou nessa vida (nada fácil, diga-se de passagem), o conselho que lhe deram
foi: “Se quer dar, dê. Por amor ou por dinheiro, mas dê. Cedo ou tarde
alguém vai te comer. Você querendo ou não. Você não vai perder sua virgindade
para os vermes - sejam os de baixo ou os de cima da terra, certo? Ou para um
dedo, um vibrador, uma cenoura, uma banana, um pepino... Ah! Seja, ao menos,
sensata. Procure, antes, um amor fictício, apaixone-se. E dê. Dê muito. Curta a
doação. Depois, dê pra quem quiser. Se puder ganhar uma grana com isso e ainda se
divertir e gozar, massa! Senão, guarde a boa lembrança do primeiro amor. Isso
lhe confortará nas noites ruins. Claro que elas existem. Quando você descobrirá
a diferença entre fazer sexo, transar e fazer amor. Pensa que é a mesma coisa?”
A dúvida permaneceu em sua mente até conhecer um péssimo
cliente. Suado, seboso, sem noção. Sem dúvidas, aquilo foi uma transa. Onde o objetivo,
saciar o desejo, foi apenas dele. Ela, mera coadjuvante, abriu as pernas e
fechou os olhos. Não precisou esperar muito. Felizmente, ele gozou rápido. E pagou
bem. Ao menos, isso.
Aí se lembrou da sua primeira vez. Aquilo foi fazer
amor, cujo objetivo era transar (saciando o desejo de ambos), com
sentimentos recíprocos. Apesar da dor inicial, tudo foi maravilhoso com o
passar do tempo. Quando se conheceram melhor. Quando seus corpos respondiam aos
estímulos sexuais quase que automaticamente. E percebeu que também houve
momentos de pura transa, quando eles queriam apagar o fogo entre as pernas,
enquanto o amor relaxava num baú dourado, dentro de seus corações. Nesse momento,
não havia tanto sentimento, o tesão (dos dois) era só o que importava!
Olhou
o relógio. Já eram quase quatro horas... da manhã. Uma figura surgiu pelo outro
lado da calçada. Sorria, sem jeito. Hesitou aproximar-se. Ela se encostou numa
parede e fez um gesto discreto, chamando-o sensualmente. Ele atravessou a rua e
se aproximou tanto que seus hálitos se confundiam.
-
Cachaça? – Disse ele.
-
Uísque? – Disse ela.
-
Desculpa o atraso. Foi difícil arranjar as flores, a música, os incensos e os
energéticos. O que vai ser hoje?
-
Sexo.
-
Sexo? Tem certeza disso? Pensei que...
-
Tenho. – Interrompeu-o delicadamente, pondo dois dedos sobre seus lábios. – Chega
dessa vida. Hoje eu quero ser mãe.
(Guilherme
Ramos, 17/04/2013, 01h26.)
[Mais um conto da série... "Sobre Mulheres e Fêmeas"...]
Imagem: Google.
[Mais um conto da série... "Sobre Mulheres e Fêmeas"...]
Imagem: Google.
Recebeu
um e-mail. Até aí tudo bem. Todos recebem e-mails. Mas do “ex”?
Como explicar uma coisa dessas? Com mais de sete bilhões de pessoas no mundo,
por que logo ela receberia notícias dele? Já se passaram três anos. Três anos
sem nenhum contato. Nem físico, nem virtual. Sem comentários em redes sociais,
sem SMS, sem telefonemas, sem... contato. Mesmo. Pensava - e desejava - até que
ele tivesse morrido (assim como sua relação).
Imaginou-se
imediatamente num apocalipse zumbi, quando os mortos dominam a terra e comem os
vivos. Não. Não era isso (apesar de muitas pessoas comerem outras, o tempo
todo). Era real. Mas com a mesma carga dramática de um mundo pós-apocalíptico.
Releu
o e-mail. Riu. Enfureceu-se. Chorou. Pensou em apagá-lo. Pensou em
imprimir, só para rasgá-lo. Mas sua consciência ecológica não permitiu. Loucura
desperdiçar uma ex-árvore com palavras tão idiotas. Aquela folha merecia...
prosa, poesia.
Seus
olhos mereciam poesia. Seus ouvidos precisavam das palavras de Drummond,
Vinícius, Leminski, Abreu, Shakespeare, Sade, Bocage... Hum... Pensar naquilo,
sim, dava tesão. E, como sapiossexual de carteirinha, sabia que essa não era a
real intenção.
Refletiu.
Quem era idiota? Ela ou a carta virtual? Como palavras tão idiotas poderiam
tirar-lhe do sério? Como ela poderia se deixar levar por um e-mail
idiota, vindo de um completo idiota, com a mentalidade idiota, num
comportamento totalmente idiota? Era muita idiotice junta!
Pior
ainda era o teor do e-mail: ciúme. Tem algo mais ultrapassado? Coisa sem
qualquer fundamento, afinal foi mulher e esposa exemplar. Amava o marido,
cuidava da casa, fazia compras domésticas, cuidava dos filhos, trabalhava oito
horas por dia, fazia pós-graduação à noite... Ufa! Nem se quisesse, teria tempo
para atividades extra-conjugais. O irônico é que adorava sua família - que mais
parecia a de um comercial de margarina. Ela sempre foi um exemplo. Como poucos.
Mas, como outros tantos, não deu certo. E se separaram. Por ciúme. Dele. Por
isso o e-mail a incomodava mais que o normal. Ele a fazia relembrar dos
maus momentos. Que há três anos fez questão de esquecer. Que, de fato, nada é
para sempre.
A
primeira vez que foi ciumenta com ele, foi um total absurdo. Ele a questionou
tanto sobre a confiança, a cumplicidade, o comprometimento, a ética, a moral e
os bons costumes, a paz mundial e o excesso de feminismo nas relações que quase
se mataram com frases e xingamentos indescritíveis. Mas foi um momento único. E
nunca mais, ela prometeu, nunca mais sentiria ciúmes. Aliás, demonstraria, pois
deixar de sentir, seria impossível. Ninguém controla totalmente seus
sentimentos. Mas sua postura neutra já ajudaria o bastante para que não
houvesse mais desgastes na relação. Foi o mais adulto que conseguiu chegar,
visto que sua alma-criança era o que mais encantava seus pretendentes. Foi,
justamente, essa postura que fez seu marido apaixonar-se por ela. Não podaria
esse seu jeito jovial por ninguém.
Daí,
sucedeu-se a estranha tragédia: ele, que nunca havia sentido ciúmes por ela,
passou a demonstrar todos os seus sintomas. Ridículo. Cenas desnecessárias,
frases irônicas, olhares desconfiados... Celulares, tablets e
computadores não eram mais tão privativos. Isso foi fragilizando a relação.
Diminuindo a paixão. Destruindo o amor. Não houve mais sentido em continuar
juntos. Era questão de tempo para a separação. E assim foi. Há três anos.
E,
agora, esse e-mail. Com os mesmos argumentos, alguns erros de digitação
(ou seriam de português?) para piorar as coisas. Não entendia o porquê disso
tudo, agora. E nem queria mais pensar nisso.
DELETE.
E,
num clique, pôs fim ao incômodo virtual. Engraçado como “delete” lembrava
“deleite”, que era a sensação sentida nesse momento.
BLOQUEAR CONTATO.
Agora,
sim, para sempre. Livre do incômodo do infeliz, estava mais feliz,
naturalmente.
VOCÊ TEM UM E-MAIL.
Outro?
Ah! Mas, dessa vez, do paquera. Coisa atual. Um cara legal, que ela conhece há
anos, mas que nunca rolou nada. Nem insinuações. Questões pessoais (ambos eram
casados, o que era motivo suficiente). Ele é bacana, inteligente e também
separado - mas sem traumas! Uma ótima opção para um (re)começo. Afinal, ambos
entendem muito bem dos percalços da vida a dois. E querem evitar isso
novamente.
O
e-mail só dizia:
“Bom
dia, minha flor do dia.”
Tudo
muito discreto.
Assim
como um espaço trancado em seu coração, que há três anos, espera ser
(re)aberto...
(Guilherme
Ramos, 15/04/2013, 13h25.)
Imagem: Google.
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