Minha vida é um livro de 'falhas' em branco.
Nelas, escrevo o que quiser. No tempo certo.
Nem sempre há inspiração ou tempo santo,
Nem sempre esse livro pode ser aberto...
A história que escrevo vai e vem, sem fim.
Reescrita, não vive presa como um refém.
Acredita: mudo-a todo tempo, não só por mim,
Mas por você, que me lê assim, sempre além.
Sou autor da minha história e você, leitora,
Viveu-morreu dentro de mim, tão sonhadora.
Virou lenda, mito, texto de domínio público.
Minha editora, revisora, ghost writer, crítica,
Não me permitiu uma segunda edição, lícita.
Decidi pelo copy left: download livre e súbito.
(Guilherme Ramos, 30/10/013, 23h24.)
Imagem: Google.
Era pra ser apenas eu, você e o prazer. Prazer de ter alguém
nos momentos de menos auto-suficiência. Prazer carnal (e coisa e tal). Prazer de
ter alguém ao lado, dar boas risadas juntos, beber – quem sabe – uma cerveja, uma
vodka ou mesmo um vinho. Prazer de assistir a um filme, falar do dia de
trabalho, dos filhos. Prazer de viajar, mesmo sem saber direito o caminho ou
para onde ir. Prazer. De sermos nós mesmos. Sem máscaras. Sem mentiras. Sem
joguinhos.
Prazer era um ter o outro. Sem sufoco. Prazer era saber
viver. Sem o outro. Prazer era se ter. Com o outro. Sem o outro. Mas saber:
cada um carregava a pena e o chumbo de compartilhar sentimentos. Prazer era
tocar a pele. Prazer era beijar a boca. Prazer era ficar bem coladinho. Com – ou
sem – roupa. Prazer era uma confusão no juízo. Prazer era nem ter juízo. Prazer
era enviar SMS, e-mail, postagem no Facebook e telefonar. Pra dizer a mesma
coisa. Que se tinha prazer. Em conhecer. Alguém como o outro.
Prazer era perder a noção do tempo. Prazer era voltar no
tempo. Prazer era saber: não se podia perder – mais – tempo. Prazer era estar
cansado de um dia tortuoso e, mesmo assim, guiar o carro até a casa do outro.
Prazer era não ter onde estacionar e, mesmo assim, arriscar uma multa. Prazer
era ter sorte e não ser multado pela contramão de sentimentos recíprocos. Prazer
era inventar essa história “cabeluda” só pra divertir o outro. Prazer era tanta
coisa e quase nada. Prazer era varar a madrugada, escrevendo – por puro prazer –
poesia e música para a pessoa amada.
Prazer era. Mas dizem que deixou de ser. Prazer foi. Não se
pode crer. Basta lembrar – com prazer – o que ainda está por vir. Prazer é
isso: mais do que um monte de coisas, cheiros, momentos, ausências, presenças, conseqüências.
Saudades. Prazer é “parabéns pra você”. Prazer é urso de pelúcia. Prazer é
champanhe barato, nunca aberto, por falta do que fazer. Prazer é vinho tinto, seco,
tomado como se fosse suave, tamanho era o prazer.
Prazer é insistir. Acreditar. Sonhar.
(Re)Começar. (Re)Encontrar. (Re)Viver.
Sem parar.
Eu não paro.
Não pare também.
Não se permita esquecer.
(Guilherme Ramos, 29/10/2013, 1h16. Inspiração na VI Bienal
Internacional do Livro de Alagoas. Agora, acho que já posso dormir... Porque
daqui a pouco... Tem trabalho! Rssssss...)
Imagem: Google.
Pequeno gigante. Era assim que ela me chamava. Também chamava de meu amor, amor, amore, meu bem, minha vida... Chamava de palavras incompreensíveis, palavras impronunciáveis, palavras que não eram palavras, eram gestos linguísticos. A língua que falávamos era ininteligível – para os outros. Mas para nós... Ah! Era doce como hidromel; salutar como um bálsamo e mais poderosa que a pena de Shakespeare: encantava até mesmo sem inspiração. Corria em nossas veias como notas de uma canção. Era a língua mútua do sentimento que partilhávamos. Não era amor. Ainda. Amor se constrói. Juntos. Mas havia de ser.
[continua...]
(Guilherme Ramos, 16/10/13, 1h21.)
Imagem: Google.
Poesia e sangue. É assim que funciona comigo.
Violenta aproximação, sanguinolenta violação,
Suspiros, lágrimas e palavras soltas, meu amigo.
Nessa loucura sem rédeas, pouco resta de coração.
Cérebro? Para que? Se nem mesmo ele tem o porquê?
É tanta incoerência gramatical em nossas intenções,
É tanto erro ortográfico, pornográfico, nas poucas ações,
É tanto por enquanto, portanto, entre eu e você...
Dói. Sangra. Infecciona. Gangrena. Amputa. Enterra.
Não se mutila em vão, o que se fere em nossa guerra.
O vulto do avião anuncia bombas, explosivos de rancor.
É tanta incompreensão, tanto medo do que se quer fazer,
Como se isso fosse ameaçar nossas vidas. O que dizer?
O que se fez? O que se faz? Por que se faz? É apenas amor!
(Guilherme Ramos, 07/10/2013, 23h19.)
Imagem: Google.
Eles estavam se
encontrando há algumas semanas. Nada muito avançado. Mas parecia promissor.
Ela, descolada, simpática, inteligente, bom papo; ele, intelectual,
extrovertido, sonhador, bom partido. Ambos, tinham qualidades e defeitos que
muito bem poderiam se adaptar, caso quisessem um caso particular. E parecia que
isso iria acontecer cedo ou tarde. A “ligação” entre eles parecia perfeita.
Ela tinha um passado
sentimental nebuloso. Falava pouco dele. Para ele. Mas se despia de outros
assuntos sem nenhum pudor, numa quase confissão ou sessão de terapia. Ele era
bom ouvinte. Ela adorava. E a cada instante se aproximava dele como uma
mariposa à luz.
Ele tinha um passado sentimental
instável, repleto de chuvas e trovoadas. Mas avistava uma potencial bonança na
presença dela. Ele – quase – voltava a acreditar no amor-amizade, quando duas
pessoas tornam-se muito amigos, mas um sentimento maior e mais mágico se
apodera da razão de ambos, atingindo seus corações em cheio, numa descarga
elétrica capaz de matar qualquer insensibilidade e permitir o nascer da paixão.
Mas o tempo passa e faz
pirraça, dizem alguns sábios de humor negro. Numa noite qualquer, ele passava
por perto da casa dela e pensou em fazer uma surpresa – como ela já o tinha
feito numa outra manhã. Telefonou. Achou educado, pois sabia que ela tinha
saído com uma amiga e que poderia ainda não ter chegado.
- Alô? – Disse outra voz
feminina do outro lado.
- O-oi! – Estranhou. –
Você é...
- Oi! Não, não! – Um
sorriso simpático interrompeu sua frase. – Ela está me levando pra casa, depois
é que ela vai pra casa.
- Ah! Tá! – E também
riu. – É que estou bem pertinho da casa dela. Vou esperá-la então. A gente
terminou se desencontrando, hoje.
- Tá certo. Eu digo a
ela.
E desligaram. Não havia
se passado 5 segundos, seu celular toca. Era o número dela.
- Oi! – Atendeu ele,
feliz.
Do outro lado, apenas
uma conversa:
-
... E ele disse que ia ficar esperando perto da sua casa.
-
E foi? Ah! Se eu passar e ele estiver com o carro parado na minha porta, eu
passo direto!
Ele engoliu em seco.
-
Quer saber, amiga? Eu acho que não vou pra casa agora não. Vou ficar um pouco
na sua casa.
Ele queria desligar.
-
Amiga... Se você começar a namorar esse cara e deixar de sair...
-
EU? Eu não deixo de fazer isso nunca!... Eu...
Ele desligou. E
respirou fundo. Mil coisas passaram em sua cabeça. Mas não quis continuar.
Conhece um sem número de pessoas que escutariam a conversa até a bateria de um
dos celulares descarregar. Mas ele não. Ele já passou por muita coisa. Assim
como ela. Ele não queria se decepcionar mais. Assim como ela. Ele já havia
escutado demais. Não apenas a conversa, mas seu coração. Era hora de usar a
cabeça. Tantas vezes esquecida.
Ela não saberia o que
aconteceu. Ou porque ele sumiu de sua vida. Ele não é mais do tipo que faz
escândalos. Não é vingativo. Mas é humano e pode ser ferido mortalmente. Era
hora de recolher o restante de suas forças e seguir em frente. Porque se isso
aconteceu, é porque algo melhor está por vir. Alguém melhor.
O Destino é um estranho
desconhecido com senso de humor duvidoso. Mas não faz nada por fazer. Se isso era
o que tinha reservado para ele, ele iria receber. De abraços abertos. Sem
raiva. Sem mágoa. Sem rancor. Libertação é libertação. E sempre dói um pouco.
Mas é para o bem. De alguém.
Ele apenas se preocupou
com outros relacionamentos que estão por vir. Os novos flertes, as novas
paixões, os novos casos. A cada nova decepção, menos dele – de seu íntimo – elas
teriam. Talvez ele seja apenas “mais um” na vida delas. Sem nenhuma pretensão
de ser especial.
Assim como ela nem
chegou a ser na vida dele. Por sorte ou azar – isso depende muito do ponto de
vista – de uma ligação de celular.
E, assim, mais um sonho
se desvanece. E a cada nova “ligação” seu coração fica fora da área de
abrangência. Ou temporariamente desligado...
(Guilherme Ramos, 06/10/2013, 23h08.)
Imagem: Google.
Você ama, sabia?
Por mais que você diga que não, você ama.
Ama, sobretudo, se tiver filhos.
Ama, também, se tiver pais.
Ama irmãos, primos, sobrinhos, netos...
Ama.
Mas, um dia, descobre que ama um completo estranho.
Alguém que você nunca viu na sua vida, mas por uma questão ilógica,
surgiu na sua vida.
E você se vê apaixonado. Amando sem nem saber por quê.
Sem nem saber por quem.
É alguém bonito,
É alguém inteligente,
É alguém bom de cama,
É alguém rico,
É alguém que não tem onde cair morto.
Mas é alguém especial.
É alguém que faz você se sentir especial.
É alguém que te completa.
É alguém que te desequilibra (no bom sentido).
É alguém que te faz flutuar com apenas um beijo.
É alguém que faz a poesia ser a coisa mais li(n)da nesse mundo.
É alguém que faz você se sentir alguém.
É alguém que faz você se sentir de alguém.
É.
Alguém.
E ninguém vai fazer você mudar de opinião.
(Guilherme Ramos, 06/10/2013, 00h43.)
Imagem: Google.
E, aí, você escolhe ser artista porque deseja se
utilizar da matéria dos sonhos para ser feliz.
E, aí você decide se apaixonar por alguém que também
deseja a mesma coisa.
E, aí, vocês seguem caminhos diferentes. Iguais,
apenas os sentimentos um pelo outro.
E, aí, você vê o tempo passar e nada mais diferente
acontecer.
E, aí, você descobre que ser artista é sentir muito
mais do que muitos tentam esconder.
E, aí, você se lembra daquela pessoa maravilhosa, que
um dia esteve ao seu lado. Que o destino, funesto, separou vocês.
E, aí, percebe que a vida é sua. Totalmente sua. E
nem mesmo o destino tem nada com isso.
E, aí, você pega sua mochila e corre atrás de seu
amor, porque sabe que seus sonhos de nada adiantam sem ele ao seu lado.
E, aí, você não o encontra. O mundo é grande o
bastante para afastá-los a cada nova rotação e translação.
E, aí, você vive um momento simbólico de luto e a
emoção se aquieta.
E, aí, quando menos espera, a pessoa ressurge do nada
e, num sorriso, faz tudo voltar outra vez. O coração acelera, os olhos brilham,
a poesia ressurge...
E, aí, sua inspiração também retorna, com se nunca
tivesse lhe emprestado nenhuma palavra. E você escreve sem parar.
E, aí, você percebe que está sonhando acordado, no
desejo de que suas aspirações se realizem e que seu amor – ainda ausente – retorne.
E, aí, pode ser que volte. Também pode ser que não.
E, aí, você se dá conta de que amou – de verdade – na
vida.
E, aí, descobre que é preciso amar novamente.
E, aí, você escolhe ser artista porque deseja se
utilizar da matéria dos sonhos para ser feliz.
(...)
E, aí?
(Guilherme Ramos, 06/10/2013, 00h07.)
Imagem: Google.
A verdade é assim: algo que você não acredita. Até ser tarde demais. Quando acreditei, não seria exceção à regra, eu me perdi. De tudo que poderia ter sido. De tudo o que sou. De tudo o que seria. Ah! Se eu soubesse que amar (você) de mais verdade me preencheria...
(Guilherme Ramos, 05/10/2013, 3h47.)
Imagem: Google.
Vazio. Extremo. Externo-interno. Como se nada me preenchesse mais. Nem ideias, nem ideais, nem oxigênio. Sou um corpo morto, andarilho por teimosia. No peito, não há sequer resquícios do que outrora foi um coração. Energia? Talvez no cérebro, mas o suficiente apenas para ativar meus sentidos mais instintivos. Andar. Mover-me. Deslocar-me. E a fome... Ah! A fome. Dessa tenho lembranças constantes. Sede também. Mas sede é uma espécie de fome. Líquida. Vontade de sorver cada gota do desejo que me ficou preso à garganta. Assim como você. Meus sentimentos. Por você. Seus sentimentos. Por mim. Nossos sentimentos mortos-vivos, mais mortos do que vivos, mas ainda presentes. Queiramos ou não.
Meu corpo se desconstrói a cada instante. Minha alma vagueia vadia sobre nós. Penada, largada, qualquer coisa assim. Sem você, tudo perde o sentido. É muito vão, fútil, desnecessário, até. Mas tão sedutor a meu ver... É irresistível. No sangue, há sempre uma lembrança. De você. Do tempo em que estivemos juntos. Como um só. Como não devíamos ter sido. Memórias assolam minha mente, que mente, propondo-me desejos que não deveria mais ter. O que se passa na cabeça de um pária como eu, não se compara à sensação de vazio constante. Quando nada mais importa.
Dor. Não existe. Há uma estranha sensação. Um incômodo constante. Já nem sei explicar. As palavras começam a ficar menos importantes. Mais difíceis. De se unirem e formarem expressões inteiras. Expressar-se? Para que? Para que palavras, quando se vive além da vida? Além da morte? Além. De alguém. E sozinho, sigo. Para onde, não sei. Mas não há luz. Apenas sombras e escuridão. Se é o inferno, ou algo pior, também não sei. Só sei que não há calor. Apenas frio. Profundo. Cortante. Constante. Mas meu corpo pouco se importa. Não há mais vida para se viver. Não há morte. É um eterno andar e seguir. Sem parar. Num caminho sem fim.
Aos poucos, vejo que não estou sozinho. Há outros iguais – se não piores – a mim. Cada um no seu caminho. Solitários, seguem cegos, surdos e mudos, no seu mundo sombrio. Mas porque eu os vejo? Será que eu sou diferente dos demais? Talvez. Talvez ainda reste uma esperança para mim. Talvez não tenha chegado a minha vez. Talvez. Ainda posso voltar? Recuar? Revisitar-me? Ressuscitar-me? Deixar a pós-vida que tanto me acompanha? Não vejo razão para não tentar.
O vazio se preenche. E se deixa levar. São espaços tão cheios de vontade de mudar que não se permitem identificar. Uma estratégica ironia do destino para nos dizer: “ainda estamos vivos...”, apesar de todo o mundo dizer o contrário. Querer o contrário. Então, sejamos também contrários. À situação. Somos o que queremos. Mas... Queremos ser o que somos? Eu, não. Particularmente, estou em fase de regeneração.
(Guilherme Ramos, 30/09/2013, 13h31.)
Imagem: Google.
Assinar:
Postagens (Atom)