Tenho me sentido estranho. Vazio. Como se uma pausa espaço-temporal tivesse me envolvido sem perdão. Onde é a saída de tudo isso? Onde podemos realmente ver o que ‘precisamos’ e não o que ‘queremos’? Se soubéssemos a resposta para tudo isso, talvez a situação fosse até mais complicada. É a ‘imprevisibilidade’ que nos faz humanos. É o ‘eterno não saber’ que nos move dia-a-dia. Mas reclamamos disso. Constantemente. Insistentemente. Não nos contentamos com nada a não ser com nossos desejos não realizados. Quando os realizamos, deixam de ser interessantes e tornam-se apenas simples lembranças. Engraçado como outrora foram tão importantes e agora... são só passado. Bem ou mal passado.
Sabemos de tudo isso. Sabemos de algo mais. Mas o que sabemos? O que queremos saber? O que queremos fazer? Ser feliz é a meta universal, mas... o que é ser feliz? O que é felicidade? Precisamos do que (ou de quem) para tal feito? Precisamos? Ser feliz é uma arte ancestral. Nos primórdios, o homem era feliz porque estava vivo. E se mantinha vivo. Fugir das feras, alimentar-se, abrigar-se, reproduzir-se, perpetuar-se... e ser história. Pré-história. Depois, sublimou a tal felicidade em arte (clássica) e nas conquistas mundo afora. Guerra. Guerras. É da natureza humana essa competitividade. É da natureza humana se destruir. Mas também construir. E foram erigidos muitos impérios. O homem queria crescer. Assim, seria feliz.
Mas quis mais. E mais. Ao ponto da felicidade ser desejada através de “liberdade, igualdade e fraternidade”. Irônico ou não, não foi tão fácil. E mais conflitos surgiram. Mais guerra. Sempre ela. Estaria, então, a felicidade ligada à luta (constante)? Há de se refletir sobre isso. A história mostra que sim.
Era após era, guerra após guerra, buscou-se a felicidade. Olhamos para trás e vemos que ela pode ser traduzida em vida, sexo, família, arte, dinheiro, poder... Mas... e o amor? Nos dias de hoje, parece ser o objetivo mais inacessível. Piegas ou não, clichê ou não, esse sentimento é o mais desejado e o mais incompreendido de todos. E por todos. Podemos explicar guerras, justificar brigas, compreender desentendimentos entre pessoas e/ou nações, porém, somos cegos, surdos e mudos diante de algo tão simples (e tão poderoso). Por quê?
Porque desejamos o amor, mas, depois de tantos desgastes, decepções, desavenças (desde que o mundo é mundo é assim, nas devidas proporções...) deixamos que ele pouco se aproxime. Queremos que o amor nos preencha, mas, honestamente, o que fazemos para deixá-lo ficar? Até permitimos uma pequena aproximação, mas, quando ele está (quase) nos convencendo (às vezes é mais fácil acreditar em fantasmas – sobretudo do passado), fugimos e não permitimos sua existência dentro de nós.
Temos medo. Do desconhecido. E da felicidade também. Afinal, o que será? O que seria? Então, arranjamos desculpas para os conflitos. Por isso, as guerras. Entre nações, entre famílias, entre nós mesmos (‘id’ versus ‘ego’ versus ‘superego’). Tudo porque não aceitamos o ignoto, o novo, inovador, renovador, que renova a dor de ser exatamente como somos.
Não mudamos. Talvez uma ou outra palavra; talvez de um lugar para outro. Mas somos imutáveis na essência. As transformações que atingimos (e nos permitimos) são resultado de milhões e milhões de anos de evolução (?), contradição e controvérsias. Somos um carbono-complexo incapaz de aceitar mudanças radicais. Levamos tempo demais para mudar o ‘comportamento’, mas nossa ‘natureza’ é teimosa. Quando (finalmente) a humanidade estiver próxima de mudá-la, muitos já serão poeira cósmica, cinzas de um bando de orgulhosos, que perderam seu tempo negando e se negando amor, disfarçando isso de auto-preservação (culpando traumas e desilusões anteriores).
No fundo mesmo, o que sentimos é medo de sermos felizes. Com nós mesmos. Por nós mesmos. Sem precisarmos de mais nada (nem ninguém) para isso. Talvez sintamos um choque anafilático em nossa consciência. Um vazio. Como se uma pausa espaço-temporal tivesse nos envolvido sem perdão.
E, assim, as guerras recomeçam...
(Guilherme Ramos, 26/10/2009, 13h20.)
Sabemos de tudo isso. Sabemos de algo mais. Mas o que sabemos? O que queremos saber? O que queremos fazer? Ser feliz é a meta universal, mas... o que é ser feliz? O que é felicidade? Precisamos do que (ou de quem) para tal feito? Precisamos? Ser feliz é uma arte ancestral. Nos primórdios, o homem era feliz porque estava vivo. E se mantinha vivo. Fugir das feras, alimentar-se, abrigar-se, reproduzir-se, perpetuar-se... e ser história. Pré-história. Depois, sublimou a tal felicidade em arte (clássica) e nas conquistas mundo afora. Guerra. Guerras. É da natureza humana essa competitividade. É da natureza humana se destruir. Mas também construir. E foram erigidos muitos impérios. O homem queria crescer. Assim, seria feliz.
Mas quis mais. E mais. Ao ponto da felicidade ser desejada através de “liberdade, igualdade e fraternidade”. Irônico ou não, não foi tão fácil. E mais conflitos surgiram. Mais guerra. Sempre ela. Estaria, então, a felicidade ligada à luta (constante)? Há de se refletir sobre isso. A história mostra que sim.
Era após era, guerra após guerra, buscou-se a felicidade. Olhamos para trás e vemos que ela pode ser traduzida em vida, sexo, família, arte, dinheiro, poder... Mas... e o amor? Nos dias de hoje, parece ser o objetivo mais inacessível. Piegas ou não, clichê ou não, esse sentimento é o mais desejado e o mais incompreendido de todos. E por todos. Podemos explicar guerras, justificar brigas, compreender desentendimentos entre pessoas e/ou nações, porém, somos cegos, surdos e mudos diante de algo tão simples (e tão poderoso). Por quê?
Porque desejamos o amor, mas, depois de tantos desgastes, decepções, desavenças (desde que o mundo é mundo é assim, nas devidas proporções...) deixamos que ele pouco se aproxime. Queremos que o amor nos preencha, mas, honestamente, o que fazemos para deixá-lo ficar? Até permitimos uma pequena aproximação, mas, quando ele está (quase) nos convencendo (às vezes é mais fácil acreditar em fantasmas – sobretudo do passado), fugimos e não permitimos sua existência dentro de nós.
Temos medo. Do desconhecido. E da felicidade também. Afinal, o que será? O que seria? Então, arranjamos desculpas para os conflitos. Por isso, as guerras. Entre nações, entre famílias, entre nós mesmos (‘id’ versus ‘ego’ versus ‘superego’). Tudo porque não aceitamos o ignoto, o novo, inovador, renovador, que renova a dor de ser exatamente como somos.
Não mudamos. Talvez uma ou outra palavra; talvez de um lugar para outro. Mas somos imutáveis na essência. As transformações que atingimos (e nos permitimos) são resultado de milhões e milhões de anos de evolução (?), contradição e controvérsias. Somos um carbono-complexo incapaz de aceitar mudanças radicais. Levamos tempo demais para mudar o ‘comportamento’, mas nossa ‘natureza’ é teimosa. Quando (finalmente) a humanidade estiver próxima de mudá-la, muitos já serão poeira cósmica, cinzas de um bando de orgulhosos, que perderam seu tempo negando e se negando amor, disfarçando isso de auto-preservação (culpando traumas e desilusões anteriores).
No fundo mesmo, o que sentimos é medo de sermos felizes. Com nós mesmos. Por nós mesmos. Sem precisarmos de mais nada (nem ninguém) para isso. Talvez sintamos um choque anafilático em nossa consciência. Um vazio. Como se uma pausa espaço-temporal tivesse nos envolvido sem perdão.
E, assim, as guerras recomeçam...
(Guilherme Ramos, 26/10/2009, 13h20.)
7 comentários:
Caramba... profundo!
Que desabafo maravilhoso! Desconfio que depois dessa o tal "vazio" - que faz visitas regulares a todos nós - vai resolver tirar seu time de campo!
Achei o texto tão maravilhoso quanto perturbador. E mesmo após lê-lo, continuo desconfiando que o grande "x" da questão está em valorizarmos demais coisas que bem poderiam ser vividas na simplicidade (que por outro lado, apesar de representar o caminho mais fácil, ainda assim nos tira boa parte do tempero que apimenta a vida!)
Adorei!
Apolinário Júnior.
Que texto lindo!!! conseguiu misturar coisas tão distintas e, ao mesmo tempo, tão interligadas. Talvez as guerrras internas sejam as piores.
Bjus***
Que maravilha! Adoro textos introspectivos com um fundo filosofico.
Perfeito!
Todo mundo sabe que a felicidade não dura para sempre, por isso temos medo. Porque o fim dela pode ser mais doloroso que nunca ter sido feliz. Quem pode dizer?
"Passado. Bem ou mal passado."
Brilhante.
melhor vc dançar um tango argentino..
Bonito esse desabafo, Gui. Com o seu jeito de escrever. Muito bom! :)
precisamos viver mais em paz, precisamos descomplicar o que não tem complicação, precisamos nos aceitar sem esporar que nos aceitem, precisamos viver e nos deixar amar
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